A partir de amanhã, há um Centro Hospitalar e Universitário no Algarve

O Decreto-Lei que cria o Centro Hospitalar e Universitário do Algarve foi publicado esta quarta-feira, dia 23 de Agosto em […]

Hospital de Faro

O Decreto-Lei que cria o Centro Hospitalar e Universitário do Algarve foi publicado esta quarta-feira, dia 23 de Agosto em Diário da República (DR) e terá efeito a partir de amanhã, 24 de Agosto. Este diploma altera não apenas a designação do até agora Centro Hospitalar do Algarve, mas muda, igualmente, a sua orgânica, criando uma estrutura que além dos hospitais integra o Centro de Medicina Física e Reabilitação do Sul (CMR Sul) e um centro de investigação ligado à Universidade do Algarve.

Como o Sul Informação avançou na passada semana, a publicação do Decreto-Lei aconteceu dias depois do Presidente da República ter homologado o diploma. Na quinta-feira, dia em que foi dada a luz verde por parte de Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve Paulo Morgado antecipava que a publicação em DR acontecesse no início desta semana, o que acabou por se confirmar.

O efeito mais imediato da publicação da lei é a queda do Conselho de Administração do CHA, liderado por Joaquim Ramalho, que garantirá a gestão corrente até à designação dos seus substitutos. Cabe agora ao Conselho de Ministros decidir quem gerirá o novo CHUA, algo que poderá acontecer já esta semana, na reunião dos membros do Governo que decorre na quinta-feira, ou na semana seguinte, sendo mais provável que aconteça a 31 de Agosto, segundo Paulo Morgado.

Apesar de ainda não haver nenhum anúncio oficial dos nomes que vão compor o Conselho de Administração da estrutura agora oficialmente criada, há duas personalidades que estão com “um pé” dentro da administração do CHUA. Ana Paula Gonçalves, antiga presidente do Conselho de Administração do Hospital de Faro, deverá ocupar o cargo de presidente do CA do CHUA, e Hugo Nunes, atual vice-presidente da Câmara de Loulé, perfila-se para ser o número dois da nova estrutura.

Outro efeito que se espera que a criação do CHUA tenha é a da resolução, no curto prazo, dos graves problemas de escassez de recursos humanos que o CMR Sul enfrenta. «Espero que as contratações comecem já em Setembro. Aliás, é mais do que uma expetativa, vou fazer com que as coisas aconteçam, dadas as grandes necessidades desta unidade», afirmou ao nosso jornal o presidente da ARS do Algarve, na passada semana.

Com a inclusão do centro no CHUA, será possível «reforçar as sinergias, garantir uma utilização mais eficiente dos recursos humanos e financeiros disponíveis e obter ganhos de racionalidade e qualidade».

Edifício do Departamento de Ciências Biomédicas da UAlg

A escassez de recursos, nomeadamente de médicos, está longe de ser um problema exclusivo do centro situado em São Brás de Alportel. Também nos hospitais e nos Cuidados de Saúde Primários da região há lacunas e uma crónica incapacidade para atrair clínicos.

A criação de uma nova estrutura, que conta com uma forte componente de investigação e académica, garantida pelo Centro Académico de Investigação e Formação Biomédica do Algarve, ligado à UAlg, é um dos trunfos com que o Governo conta para mudar esta realidade.

Segundo a ARS do Algarve, o diploma publicado procede «à intensificação das atividades do Centro Hospitalar Universitário do Algarve, E.P.E., no âmbito do ensino, investigação, aplicação e transmissão do conhecimento científico com vista à prestação de cuidados de saúde diferenciados e com qualidade junto da comunidade».

Por outro lado, prevê que o Centro Académico pode «propor protocolos a celebrar entre o CHUA, E.P.E., e a Universidade do Algarve, designadamente quanto à contratação de profissionais de saúde que assumam a docência na Universidade do Algarve, que participem em formação pós-graduada, e que assegurem a prestação de cuidados de saúde no CHUA, E.P. E», sendo que «deve igualmente desenvolver políticas de estímulo aos doutoramentos clínicos dos profissionais de saúde do CHUA, E.P.E., e da ARS Algarve, I.P».

Também o aumento da autonomia das diferentes unidades que compõem o CHUA (no caso dos hospitais, são o de Faro e o de Portimão/Lagos) é visto como uma medida passível de sanear o clima de mal-estar que se vive há muito no seio destas unidades de saúde.

Segundo garantiu a ARS algarvia, as quatro unidades que compõem o CHUA «vão trabalhar em conjunto e com grande autonomia», com o objetivo de «aumentar a atratividade do CHUA para que possa receber mais médicos, enfermeiros e outros técnicos de saúde, e ao mesmo tempo reforçar a ligação à Universidade, nomeadamente fortalecer e potencializar o curso de Medicina, para poder oferecer aos profissionais de saúde uma oportunidade de crescer também no plano de investigação e dessa maneira criar uma estrutura hospitalar forte, atrativa e dinâmica».

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