Mais passageiros, mais dormidas e mais lucros marcam “época baixa” de 2017

A luta contra a sazonalidade no Algarve arrasta-se há muitos anos e os hotéis e restaurantes costumam sair a perder, […]

A luta contra a sazonalidade no Algarve arrasta-se há muitos anos e os hotéis e restaurantes costumam sair a perder, sendo obrigados, muitas vezes, a fechar portas nos meses de Inverno. Em 2017, esta tendência atenuou-se. Até Maio, houve um aumento de 20% no número de passageiros no Aeroporto de Faro, que se traduziu em mais turistas nas ruas, mais dormidas e mais lucros.

Alberto Mota Borges, diretor do Aeroporto de Faro, adiantou ao Sul Informação que, até Maio, «houve um aumento significativo de 19,7% de passageiros, se comparado com o período homólogo do ano anterior».

Em 2016, foram lançadas várias rotas do Aeroporto para operações na chamada época baixa e, segundo Alberto Mota Borges, «a procura está a corresponder», existindo «perspetivas de aumento da oferta na próxima temporada de Inverno».

Só em Maio, foram processados 970 mil passageiros, «o que representa um aumento de 16,9%, se considerarmos a temporada homóloga do ano anterior, o que representa uma excelente performance», acrescenta o responsável.

Estes números refletiram-se nas dormidas. Segundo dados da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), em Maio, a ocupação média por quarto das unidades hoteleiras algarvias cresceu 4,4%, em relação ao mesmo mês de 2016, fixando-se nos 73%.

E não foram só as dormidas que cresceram, também o volume de vendas aumentou 14%.

Até ao quinto mês do ano, a taxa de ocupação por quarto dos hotéis e empreendimentos turísticos do Algarve teve um aumento homólogo de 5,7 por cento.

Aeroporto de Faro

O mês de Janeiro, ao nível das dormidas, foi o melhor desde 2001, com a taxa de ocupação a atingir 37,5% e um crescimento homólogo de 9,6%. O mês de Fevereiro foi o melhor dos últimos dez anos, com um crescimento de 5,8% em termos de dormidas e de 14% em volume de vendas. Abril também teve um aumento de 6% de taxa de ocupação. Março contrariou a tendência de crescimento homólogo, devido ao facto de a Páscoa, este ano, ter sido em Abril. Ainda assim, a descida foi apenas de 1,4%.

Ana Mendes Godinho, secretária de Estado do Turismo, em declarações ao Sul Informação, adiantou que «estamos a crescer cerca de 11% em número de hóspedes, em relação a 2016, que foi o nosso ano recorde. Tivemos um crescimento de receitas de 20% e isso demonstra que estamos a crescer mais em receita do que em número de pessoas e é essa aposta».

Segundo a governante, «há uma enorme aposta no Algarve para garantir acessibilidades aéreas com operações regulares todo o ano e isso está a trazer frutos. O nosso foco está no crescimento fora da época alta».

 

Desidério Silva, presidente da Região de Turismo do Algarve, considera que «o nosso maior desafio sempre foi a procura entre Outubro e Maio e a dinâmica está a melhorar nos produtos que temos promovido e que são diferenciadores, como o cycling & walking, ou a gastronomia. Temos de ser capazes de rentabilizar e atrair turistas todo o ano, porque temos oferta de qualidade. Também não podemos esquecer o golfe, que traz pessoas especialmente nesse período».

 

Ana Mendes Godinho e Desidério Silva

Segundo o responsável, «temos tido uma procura em crescendo, de todos os mercados, e isso são boas notícias para o Algarve», conclui.

A procura do Algarve chega às empresas e Vítor Neto, presidente da Associação Empresarial da Região do Algarve (NERA), diz que sente «isso como empresário». Para o ex-secretário de Estado do Turismo, os resultados apresentados pela região são mais relevantes, porque «não tem sido refletido no resto do país. A opinião pública não tem conhecimento disso. A região de Portugal que mais cresceu em número de turistas foi o Algarve. As outras regiões também cresceram, mas o Algarve cresceu mais».

Vítor Neto diz que este «é um sinal importante na Economia, que uma região como o Algarve, em que o Turismo tem a força que tem, crescer em cima disso, é muito bom», conclui.

As políticas de combate à sazonalidade parecem estar a funcionar, mas há também fatores externos de instabilidade em destinos concorrentes que influenciam os resultados turísticos do Algarve, em época baixa.

Não se sabe o que mais pesa, mas uma coisa é certa: nos primeiros seis meses de 2017, o Algarve ficou mais perto de ser 365.

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