Com trabalho feito no Comando Distrital da PSP, Abreu Matos «não esperava» exoneração

Ricardo Abreu Matos assumiu há 20 meses o Comando Distrital de Faro da Polícia de Segurança Pública (PSP) e, na […]

Ricardo Abreu Matos assumiu há 20 meses o Comando Distrital de Faro da Polícia de Segurança Pública (PSP) e, na passada semana, antes de terminar a sua comissão de três anos, foi exonerado do cargo, pelo diretor nacional, para assumir funções de diretor-adjunto na Escola Prática de Polícia. O ex-comandante distrital diz que «não estava à espera da decisão» e que deixa o Algarve «com pena».

Em entrevista ao Sul Informação, Ricardo Abreu Matos diz que não lhe «compete entender ou não entender a decisão. Compete-me fazer o melhor no local onde, segundo o que foi entendido pela direção nacional, eu faço mais falta».

Abreu Matos, que tem «pena de não ter acabado os três anos de comissão» no Algarve, explica que «o lugar para onde vou, estava vazio e o diretor nacional entendeu que eu fazia mais falta na Escola Prática de Polícia, como diretor-adjunto, do que no Comando de Faro».

Contactada pelo nosso jornal, a Direção Nacional da PSP disse que entendeu que Ricardo Abreu Matos  «era necessário na Escola Prática de Polícia» e «teve de haver exoneração para terminar a comissão de serviço».

Já o ex-comandante, questionado sobre se lhe foram dadas outras justificações para a sua saída do Comando, disse apenas que a razão invocada pela Direção Nacional «é a razão que é pública e é a que eu estou em condições de revelar».

Ricardo Abreu Matos salientou que a mudança de funções «é uma questão de hábito, é uma das semelhanças entre um oficial de polícia e o sacerdócio. Temos de estar prontos para servir onde a hierarquia entende que fazemos mais falta».

Em jeito de avaliação do seu trabalho nos últimos 20 meses, Ricardo Abreu Matos elencou algumas das alterações que conseguiu colocar em prática no Comando Distrital de Faro.

«Em primeiro lugar», destacou, «conseguimos garantir, pelo segundo ano consecutivo, a ampliação do reforço que vem no Verão. Antigamente vinha dois meses, agora vem desde Junho a Setembro, ou seja, duplicámos».

Além disso, «mesmo com os meios que temos aqui – temos um meio de reforço sediado no comando, que é a Unidade Especial de Polícia – conseguimos, com a ajuda e compreensão deles, adaptar os horários de forma a garantir que, todas as noites de sexta para sábado e de sábado para domingo, estivesse uma equipa de serviço na rua, além da equipa que está todos os dias no aeroporto».  Para Abreu Matos, esse foi «outro dos marcos que aqui deixámos e que foi uma mudança muito assinalável».

Foi também reformulado o dispositivo de investigação criminal, que passou a estar em permanência na rua. Agora, «faz o que designamos por investigação criminal de proximidade, faz prevenção, recolhe informações e acorre a todos os crimes que nos sejam denunciados e que tenham acabado de acontecer», explica Abreu Matos.

Cooperação com a polícia espanhola foi uma aposta de Abreu Matos

Ao nível da organização de recursos, foram implementadas alterações. «Todas as esquadras estabeleceram uma ordem de missão para os meios que têm no terreno: as viaturas que acorrem às ocorrências, o pessoal que trabalha na fiscalização e ordenação de trânsito e equipas dos programas Escola Segura e Apoio à Vítima. Conseguimos ter os meios muito mais distribuídos e evitamos que se sobreponham. Clarificámos onde cada meio deve atuar, a que horas», considerou.

Foram também implementadas «paragens de visibilidade obrigatórias para todos os meios, que vão sendo alteradas, conforme as circunstâncias».

Abreu Matos diz que «o que pretendemos foi clarificar um bocadinho, para cada meio, o que é suposto fazer. Antes era muito ao critério de quem entrava de serviço. Agora sabe sempre onde é suposto estar».

Os meios de rádio também foram concentrados «numa central de comando e controlo, onde temos todos os meios georreferenciados, todas as comunicações são dirigidas, e onde é determinado o avanço de um, dois ou mais recursos para cada ocorrência».

Antes, prossegue Ricardo Abreu Matos, «os meios eram acionados pelas esquadras e agora são pelo Comando. Desta forma, temos permanentemente a supervisão do que está a acontecer em todas as cidades do Algarve, onde a PSP trabalha».

Durante a chefia de Abreu de Matos, os polícias também faltaram menos ao trabalho. Segundo o ex-comandante da PSP no Algarve, «conseguimos baixar as faltas em 16% relativamente ao ano de 2015. Considero este resultado muito positivo, porque, na PSP, verificou-se a tendência inversa, ou seja, os dados agravaram-se em 11,25%». No total, de 2015 para 2016, realizaram-se mais 2858 turnos de serviço.

O ex-comandante diz ter implementado também, «em termos administrativos, um maior rigor no controlo do trabalho desenvolvido e dos custos que envolvem a atividade policial e a partilha destes dados por todo o efetivo. É minha convicção que só sabendo o que estamos a fazer, podemos melhorar».

E os números da criminalidade, na área de ação da PSP, mostram que houve melhorias. De 2015  para 2016, a criminalidade geral manteve-se, mas houve uma diminuição de 6% no que diz respeito aos crimes violentos e graves, enquanto as detenções aumentaram 17%.

Apesar destes números, Ricardo Abreu Matos não puxa para si os louros de ter deixado o Comando Distrital da PSP melhor do que o encontrou.

«Não me compete a mim fazer essa avaliação. Gostei muito de trabalhar aqui, acho que trabalhei com uma equipa fantástica e julgo que contribuí para os resultados que apresentámos», concluiu, na sua entrevista ao nosso jornal.

O nome do sucessor de Ricardo Abreu Matos ainda não é conhecido, mas a Direção Nacional da PSP garantiu ao Sul Informação que a decisão será tomada «em breve».

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