Uma “Trindade” de vampiros revela-se em Faro

A curta-metragem algarvia “Trindade” vai ser exibida em ante-estreia, esta sexta-feira, dia 26, às 21h30, no Instituto Português do Desporto e […]

A curta-metragem algarvia “Trindade” vai ser exibida em ante-estreia, esta sexta-feira, dia 26, às 21h30, no Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), em Faro. O filme foi integralmente rodado na capital algarvia.

«Tem pitadas de drama, tem definitivamente comédia, misturado num invólucro de fantasia, porque os protagonistas são três vampiros e o próprio hotel é um hotel para seres sobrenaturais», explica Diogo Simão, realizador da curta, em entrevista ao Sul Informação.

O filme conta a história de três vampiros, sentados à lareira do Hotel Trindade. «Um deles conhece os outros dois e vão-se tentando descobrir uns aos outros através de um jogo de palavras, uma conversa. As verdades que eles acabam por admitir alteram a história da humanidade como nós a conhecemos», acrescenta o realizador.

O nome “Trindade” refere-se aos três protagonistas, mas também tem uma conotação religiosa que «envolve o filme inteiro e não pode ser descurada de maneira nenhuma».

Diogo Simão e os co-produtores Adriano Ferreira e Mariana Ramos construíram primeiro as personagens, que serviram de inspiração para o filme. «A partir daí, desenvolvemos muito levemente o que as personagens acabaram por se tornar, juntámo-nos, vimos como elas se podiam encaixar umas nas outras e, a partir daí, eu construí o guião», conta Diogo Simão.

O realizador Diogo Simão também interpretou um dos papéis no filme.

A inspiração também veio de outros filmes, como o “Só os Amantes Sobrevivem” de Jim Jarmusch, que «deambula muito na questão dos vampiros, não tanto como monstros, mas como seres imortais que colocam questões interessantes».

Diogo Simão tentou evitar os estereótipos e clichés dos filmes de vampiros: «isso é muito romântico, muito Drácula, mas não eram as questões de que eu queria ir à procura».

«Foram colocadas camadas de filmes umas por cima das outras», prossegue, dando o exemplo de “O Grande Lebowski”, cujo elemento de comédia «um pouco para o stoner» marca igualmente o “Trindade”, com uma «vibe mais cool, mais tranquila, enquanto há questões existencialistas a ser colocadas».

O realizador confessa que há também «algum ADN do Tarantino», embora não tenha sido de propósito. «Recentemente comprei o “The Hateful Eight” em DVD e comecei a ver e a rever aquilo e achei ridícula a forma como é totalmente o “Trindade”. Tinha visto o filme apenas uma vez antes de fazer esta curta, e agora, vendo depois, acho que ela tem muito ADN do “The Hateful Eight”».

À semelhança da película de Tarantino, o “Trindade” passa-se todo no mesmo espaço. Neste caso, o lugar escolhido foi o emblemático Club Farense, que «foi completamente indispensável» à curta-metragem. «Entra-se lá dentro e sente-se que é um sítio grande, um sítio com poder, um sítio que, só por si, tem uma aura. Seja a partir das colunas da entrada, da lareira que nos aconchega, do brasão, dos sofás… Desde o princípio, quando começámos a fazer a repérage, o Club Farense revelou-se a escolha ideal».

Mas as condições do espaço obrigaram a «aprimorar mais a luz e a ambiência, para conseguirmos criar esse ambiente e para que o público se sinta dentro da sala». Para tal, Jorge Mestre Simão, gaffer, diz que foi feita uma pesquisa cromática, que também incluiu Ricardo Vargues, diretor de fotografia, para tornar o filme «mais soturno, mais quente, uma vez que estão todos à volta de uma lareira, e com uma temática que trata de vampiros, quer-se uma coisa escura».

A banda sonora foi composta por João Sousa, um músico algarvio «espetacular, que demonstrou muito bem que sabia pegar em qualquer instrumento e usá-lo à maneira dele», elogia Diogo Simão. Durante a pré-produção, «ele conseguiu ir buscar vários elementos, entre várias conversas que nós tivemos, e conseguiu criar uma ambiência espetacular para o filme. O mais espetacular de tudo, é que ele tem apenas 18 anos». Diogo Simão colocaria a banda sonora do “Trindade” «lado a lado com qualquer banda sonora» que tem ouvido nos últimos anos no cinema português.

Depois desta apresentação no IPDJ, fica a faltar a estreia oficial que irá acontecer quando a película conseguir entrar no circuito dos festivais.

Para mais informações, pode consultar a página de Facebook do filme aqui.

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