Exílio e refugiados são o tema de mais um Festival Literário Internacional de Querença

São escritores, mas também têm em comum o facto de, a dada altura, terem sido obrigados a sair do seu […]

São escritores, mas também têm em comum o facto de, a dada altura, terem sido obrigados a sair do seu país e a viver como exilados. Autores que sabem bem o que é ser um refugiado vão encontrar-se em Querença, que volta a acolher o seu Festival Literário Internacional (FLIQ) entre os dias 12 e 14 de Maio, e a mostrar que o interior da região também pode ser palco de iniciativas culturais de relevo.

Ao longo de três dias, a aldeia serrana do concelho de Loulé acolhe mais de 30 convidados, entre escritores de várias nacionalidades, académicos e especialistas em literatura, para participar em conferências e em iniciativas culturais. Acima de tudo, pretende-se que se façam, em Querença, reflexões «glocais», que é o mesmo que dizer reflexões globais e locais.

«O tema que vai estar em cima da mesa ao longo dos três dias é o exílio e os refugiados. Queremos criar um espaço de reflexão e mostrar como a literatura pode ajudar a responder aos desafios com que a sociedade se debate hoje em dia», explicou ao Sul Informação a diretora do FLIQ Patrícia de Jesus Palma, da Fundação Manuel Viegas Guerreiro, entidade que promove o evento.

Dessa forma, pretende-se «celebrar a dimensão colaborativa da literatura, ou seja, a de criar um lugar comum de entendimento».

Como aconteceu na primeira edição, realizada em 2016, o Festival Literário Internacional de Querença volta a ter um convidado especial. Desta vez, a escolha recaiu sobre Teresa Rita Lopes, autora natural de Faro que se viu obrigada a sair do nosso país por razões políticas e a exilar-se em Paris durante duas décadas.

«A Teresa Rita Lopes está muito ligada à nossa forma de entender o festival, que passa por reflexões globais, mas também locais. E ela tem-no feito através da sua obra e da sua vida», considerou Patrícia Palma.

«O festival tem a ambição de reorganizar as relações geoculturais no Algarve e mostrar que as atividades culturais relevantes também podem acontecer no interior, sem deixar de estar em rede com o resto do mundo», acrescentou a diretora do FLIQ.

A escritora que será homenageada tem uma íntima ligação à obra de Fernando Pessoa, que estudou profundamente, ao ponto de se tornar uma das maiores autoridades a nível mundial no universo pessoano.

A ela, juntar-se-ão outros escritores portugueses que tiveram de viver no exílio, nomeadamente durante o Estado Novo, mas também autores que fizeram o caminho inverso, partindo dos seus países de origem para encontrar um porto seguro em Portugal, como Daud Al Anasy, que fugiu à morte em Mossul, no Iraque, ou Mohammed Alanisi, que viu o seu Irão natal retirar-lhe a nacionalidade e vive há um ano no Algarve.

Neste festival, o público terá a oportunidade de participar nas reflexões feitas, em tempo real, pelos muitos intervenientes convidados, mas também de experimentar cultura.

Do programa, fazem parte, além das conferência, uma Feira do Livro, exposições, mostras de percursos literários, tertúlias, música e teatro.«Nós não nos queremos substituir a quem trabalha o livro, a leitura e a sua promoção. Daí a Feira do livro, para a qual convidámos editoras, mas também livreiros e alfarrabistas. Também teremos ateliês dirigidos ao público infanto-juvenil», segundo Patrícia Palma.

A gastronomia não foi esquecida, com os visitantes a poder experimentar o menu Manuel Viegas Guerreiro, que homenageia o patrono da fundação que realiza o festival, no dia 12, ao jantar.

Ou seja, haverá razões de sobra (e diversificadas) para subir a Serra do Caldeirão e juntar-se à festa da literatura que Querença irá acolher.

 

Programa completo:

Comentários

pub