Ensemble ]W[ do Festival de Lucerna interpreta Mozart e Beethoven em Sines

A 13ª edição do Terras sem Sombra prossegue com entusiasmo a sua viagem por cidades e vilas do Alentejo, tendo […]

A 13ª edição do Terras sem Sombra prossegue com entusiasmo a sua viagem por cidades e vilas do Alentejo, tendo como próxima etapa Sines. Neste “soma e segue” pelos caminhos do interior e do litoral, são já seis as localidades percorridas.

A terra natal de Vasco da Gama encontra-se sob escrutínio no fim-de-semana de 3 e 4 de Junho e acolhe um programa aliciante, que começa, sábado à tarde, com uma visita ao centro histórico, sob a orientação do historiador de arte José António Falcão e do arquiteto Ricardo Pereira. Património, música e biodiversidade dão assim, mais uma vez, as mãos.

Tendo o mar por horizonte, o percurso inicia-se, às 14h30, na igreja matriz de São Salvador, que forma um conjunto harmonioso com o castelo quatrocentista. O objetivo é conhecer de maneira informal, como alguém que mostra a terra em que vive a um grupo de amigos, a muito antiga história da cidade e os seus valores patrimoniais, mas também descobrir os segredos da sua vida quotidiana, olhar a costa e a serra, o porto e as unidades industriais, conhecer a realidade piscatória, descobrir os segredos da gastronomia e da doçaria, ir além do óbvio.

Alvo principal do périplo, um espaço habitualmente não aberto ao público: a torre de menagem do castelo, onde nasceu e viveu o grande almirante.

Acessível por corredores tortuosos e misteriosas escadarias ao caminho de ronda, este edifício reserva muitas surpresas e rasga perspetivas sobre o panorama atlântico e a urbe.

Outros pontos de visita serão os Penedos da Índia, perto do sítio onde o orgulhoso Gama edificou a sua casa senhorial, obra interrompida por ordem do rei D. Manuel, e a ermida de Nossa Senhora das Salas, foco da devoção do navegador, uma tradição que persiste entre a classe piscatória.

Às 21h30, regressa-se à igreja matriz, debruçada sobre o Atlântico, para a atuação do Ensemble ]W[, um agrupamento de músicos de primeiríssima fila da Orquestra do Festival de Lucerna, na Suíça: Lucas Macías, Vicent Alberola, José Vicente Castelló, Higinio Arrué e Nicholas Rimmer.

O programa, intitulado “As Afinidades Eletivas: Mozart & Beethoven”, é consagrado a duas famosas obras para sopros – oboé, clarinete, trompa, fagote – e piano, verdadeira raridade na história da música: um quinteto de Wolfgang Amadeus Mozart (Quinteto em Mi bemol maior, Op. 16) e outro de Ludwig van Beethoven (Quinteto em Mi bemol maior, KV. 452).

A organização do Festival Terras sem Sombra salienta que «trazer a Sines os solistas de Lucerna, palco do mais importante festival de música clássica da Europa, constitui todo um acontecimento para o Alentejo».

«Disputados pelos principais teatros mundiais, estes intérpretes têm uma agenda muito preenchida, mas a proposta de Juan Ángel Vela del Campo, diretor artístico do Terras sem Sombra, alicerçada numa forte ligação aos domínios da herança arquitetónica e da conservação da natureza, encantou-os. Sines recebe, assim, o privilégio de uma atuação previsivelmente inesquecível e que já está a despertar, pelo caráter inédito, o interesse do público e da crítica internacionais».

 

Redescobrir um oásis da biodiversidade

Esta jornada culmina domingo, a partir das 10h00, nas imediações da Praia de S. Torpes, com uma ação de salvaguarda da biodiversidade, orientada pela Reserva Natural das Lagoas de Santo André e da Sancha.

“A fronteira entre o Atlântico e o Mediterrânico – À descoberta dos monges eremitas da Junqueira” é o tema para uma deslocação à antiga Provença, um mosteiro de Eremitas da Ordem de São Paulo da Serra de Ossa, habitado entre os séculos XV e XVII, a pouca distância do Atlântico, no limite do Parque Natural do Sudoeste Alentejano.

Ainda hoje perduram traços dessa histórica presença, tão próxima como desconhecida, desde a ermida de Nossa Senhora dos Remédios, em ruínas, à fonte santa e às terras outrora cultivadas pelos religiosos.

Nas várzeas fertilizadas pela ribeira da Junqueira, existem habitats muito favoráveis à flora e à fauna.

Aqui, as dunas representam um ambiente de transição por excelência, marcando a fronteira entre as influências marinha e continental. A zona é fértil em sistemas dunares, sobretudo a sul da ribeira da Junqueira, zona com uma ocupação ancestral e, consequentemente, com uma história de modelação do solo em terra arável.

Nas imediações de um dos maiores complexos industriais de Portugal, a central termoelétrica de Sines, iremos à procura dos vestígios do mosteiro de Santa Maria da Junqueira, fundado em 1447. Como viviam e como interagiam os seus monges com o ambiente é o ponto de partida para um percurso de descoberta da biodiversidade local. Pretende-se, no futuro, recuperar e abrir à visitação este aprazível lugar.

De entrada livre, o Festival é organizado pela associação Pedra Angular e prolonga-se até 2 de Julho, realizando-se em Beja a sua última etapa.

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