O céu de Abril, o mês da Lua Cheia que determina a data da Páscoa

Depois do equinócio de Primavera do mês passado, os dias começaram a crescer a olhos vistos. No dia 1 de […]

Depois do equinócio de Primavera do mês passado, os dias começaram a crescer a olhos vistos.

No dia 1 de Abril, o Sol nasceu depois da 7h15, e pôs-se por volta das 20h00, mas, no final deste mês, já irá nascer por volta das 6h30 e pôr-se cerca das 20h30. Ou seja, só em Abril ganhamos 1h15 de luz do dia (mas também perdemos 1h15 de noite para observar o céu).

Ainda assim, há muito céu para observar nas noites de Abril. E logo hoje, dia 3, a Lua alcançará o quarto crescente.

No dia 7, o planeta Júpiter atinge a oposição, ou seja, no Sistema Solar, o Sol, a Terra e Júpiter estarão alinhados.

Durante a primeira semana de Abril, será possível ver, ao anoitecer e bem baixo no horizonte, o mais pequeno planeta do Sistema Solar – Mercúrio. Mas como este nunca se afasta muito do Sol, no céu, a cada dia irá aproximar-se mais da nossa estrela, deixando completamente de ser visível lá para dia 10.

O planeta Marte estará também em rota descendente. No dia 1, esteve 25 graus acima do horizonte, a Oeste, logo ao anoitecer, mas ao longo deste mês irá aproximar-se 10 graus da nossa estrela.

Este movimento de Marte no céu resulta do facto de a órbita da Terra em torno do Sol a estar a afastar cada vez mais de Marte (que orbita mais lentamente à volta do Sol). Este afastamento culmina em Outubro, altura em que os dois planetas estarão em lados opostos da nossa estrela.

Também no dia 10, o planeta Júpiter, que aparece a Este como uma espécie de “super-estrela” logo ao anoitecer, receberá a visita da Lua, que passará a apenas 1 grau de distância.

 

Júpiter, Terra e Sol (com diâmetros exagerados) alinhados, no dia 7 de Abril de 2017.
Imagem produzida pelo software de simulação do Universo SkyExplorer V3 (RSA Cosmos), usado nas sessões imersivas do Planetário do Porto – Centro Ciência Viva.
(Imagem: Ricardo Cardoso Reis /Planetário do Porto – Centro Ciência Viva)

Dia 11, será o dia da lua cheia. E esta é a lua cheia que determina a Páscoa, já que, regra geral, a Páscoa celebra-se no primeiro domingo depois da primeira lua cheia, depois do início da Primavera.

Dia 17, a Lua passará a 4 graus do planeta Saturno, com ambos as nascerem pouco depois da uma da manhã. Dia 19, a Lua atingirá o quarto minguante.

Dia 22, será o dia do máximo da chuva de meteoros das Líridas e, como a Lua estará em minguante, as condições de observação este ano são boas.

Esta chuva tem um pico variável, que este ano está previsto acontecer entre as 4 da manhã e o meio-dia. No pico, estão previstos até 18 meteoros por hora (mas pode ter surtos que chegam aos 90 meteoros por hora, pelo que vale a pena ficar atento).

26 de Abril é dia de lua nova. Dois dias depois, um fino crescente da Lua passará a 8 graus do planeta Marte.

Mas, mais brilhante e bem mais próxima do nosso satélite ,estará a estrela Aldebaran, a mais brilhante da constelação do Touro. Quando anoitecer, a estrela estará a cerca de meio grau da Lua. Na realidade, a Lua irá ocultar a estrela, mas a ocultação ocorre pouco antes do pôr-do-Sol, não sendo visível.

Boas observações!

 

O céu virado a Oeste, ao anoitecer do dia 28 de Abril de 2017.
A Lua está quase colada à estrela Aldebaran e Marte, menos brilhante que a estrela, aparece à direita dos dois, a meio caminho entre a Lua e o enxame de estrelas das Plêiades.
(Imagem: Ricardo Cardoso Reis/Stellarium)

 

Autor: Ricardo Cardoso Reis (Planetário do Porto e Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço)
Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva

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