A certeza é dada pelo presidente do Olhanense: há investidores que querem assumir a SAD do clube, mas a possibilidade esbarra nas intenções da atual administração, cuja «ideia é não sair», apesar da descida da equipa profissional de futebol ao Campeonato de Portugal.
Em entrevista ao Sul Informação, Isidoro Sousa revelou ter sido contactado por um investidor luso-britânico, que já manifestou interesse em reunir-se com o atual presidente da Sociedade Anónima Desportiva, Luigi Agnolin, para discutir o possível negócio.
No entanto, Eduardo Raposo, responsável pela comunicação da SAD, garantiu ao nosso jornal que Luigi Agnolin «não precisa de intermediários» e que, se há interesse de algum investidor, acha «estranho não ter havido qualquer contacto».
Também no passado, «Isidoro Sousa tentou “empurrar” os atuais investidores» para fora do clube, «mas nunca foram dadas as garantias necessárias», acrescentou a mesma fonte. Aliás, esta situação foi confirmada pelo presidente do emblema algarvio ao Sul Informação. «Já tive alternativas, já apresentei investidores, mas nunca tiveram ideia de vender», revelou.
E se é verdade que foi Isidoro Sousa a colocar os atuais investidores italianos na SAD do Olhanense, numa decisão que, a princípio, lhe «pareceu bem», passados quase quatro anos, e com o clube algarvio em queda desportiva, o dirigente do clube diz que esta é a «altura de dizer basta», com a SAD a ter «de mostrar se tem capacidade ou não para continuar».
«Se não a tiver, há que abrir portas a outros investidores, com quem tenho tido, nos últimos tempos, alguma aproximação», adianta Isidoro Sousa ao nosso jornal.
O presidente do Olhanense, clube que celebra, esta quinta-feira, 105 anos de vida, esclarece que não está a «dizer para irem embora, mas sim para cumprirem e fazerem um projeto».
Isto porque o dirigente garante que seria possível, no futuro, trabalhar com esta SAD. «Devemos perdoar e retomar tudo num prisma de colaboração, mas não sei o que lhes vai na alma», acrescentou.
Isidoro Sousa diz ter mantido contactos com «pessoas que parecem ser capazes e sérias. Se são melhores ou piores não sei, mas este presidente [Agnolin], que considero ser uma pessoa idónea, não vai querer sair mal da situação».
O presidente do Olhanense confessa, porém, que o distanciamento que há entre a presidência e a SAD não é novo. «Desde o primeiro dia, percebi que não fazia parte do projeto. Senti-me afastado», lamenta.
Questionado sobre a razão do seu afastamento das decisões tomadas na SAD, Isidoro Sousa responde que «talvez as pessoas tenham dificuldade em trabalhar com quem está mais por dentro dos assuntos».
É que, para o dirigente, os investidores italianos, quando chegaram ao emblema algarvio, «não conheciam a realidade de Olhão e não tinham os conhecimentos que eu tinha e tenho».
De tal maneira que a descida da II Liga ao Campeonato de Portugal, consumada há duas jornadas, é algo que Isidoro Sousa diz ter previsto «logo no início da época».
«A equipa que estava montada não tinha hipótese. Os jogadores e os treinadores são os menos culpados. Quem montou a equipa ou não tinha capacidade ou não tinha conhecimento para o fazer. Eu, como presidente do clube e conhecedor da realidade, seria a pessoa indicada para pedir opinião. Se calhar pediram a outras pessoas, com outros interesses, e não a mim», explicou.
«Ninguém sofre mais com isto do que eu»
Por agora, e no momento que o clube atravessa, Isidoro garante «que ninguém sofre mais com isto do que eu. Tenho o peso e a responsabilidade de toda uma massa associativa, de uma cidade e de um concelho. Infelizmente, o Olhanense está num momento difícil e a SAD arrasta o clube. Tínhamos 6 mil sócios quando subimos, agora temos 500 e poucos».
É para este número de sócios que o presidente do clube algarvio se recandidata a novo mandato, liderando a única lista concorrente. «Temos de devolver o Olhanense aos sócios e os investidores têm de dizer o que pretendem fazer. A SAD está à margem do clube. Depois de umas reuniões boas, outras menos boas, continuam a ignorar o clube. É um facto», considera.
Uma das soluções urgentes apontada por Isidoro Sousa é chegar «rapidamente aos 1500 sócios», o que será possível «através de uma campanha de angariação». «Nos momentos difíceis, todos nos devemos unir. Eu não sou o salvador. Os salvadores serão os sócios, a direção, os corpos sociais, a autarquia», salienta.
Em termos financeiros, o momento pelo qual o Olhanense passa também não é o melhor. «O clube está viável desde que não haja incumprimento de quem deve. Temos atravessado um momento difícil ao longo dos últimos meses e espero que os incumpridores cumpram».
Com os atuais investidores ou com novos, certo é que o Olhanense «não tem capacidade de recuperar a SAD». «Não podemos comportar a dívida», conclui Isidoro Sousa.
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