Fronteira do Pomarão sem trânsito há meses devido a desabamento de terras em Espanha

A estrada que dá acesso à Ponte Internacional do Baixo Guadiana (ponte do Chança) está encerrada ao trânsito desde 5 […]

A estrada que dá acesso à Ponte Internacional do Baixo Guadiana (ponte do Chança) está encerrada ao trânsito desde 5 de Dezembro, devido a um desabamento de terras no lado espanhol da fronteira.

Uma situação que está a ser fortemente contestada pelas forças vivas da localidade de Pomarão (Mértola) e do município espanhol de El Granado (Huelva), que já criaram uma plataforma para exigir às autoridades do país vizinho celeridade na reabertura da estrada, uma vez que, dizem, a situação está a ter fortes efeitos negativos, não só a nível económico, mas também social.

No sábado, dia 11 de Março, mais de uma centena de pequenos empresários e populares das duas localidades fronteiriças juntaram-se em protesto perto do local do desabamento, a escassas centenas de metros da ponte que foi aberta em 2009.

Esta obra custou cerca de 2 milhões de euros e foi paga em conjunto pela Câmara de Mértola e pela Diputación Provincial de Huelva, que entraram com  25 por cento do valor, tendo os restantes 75 por cento sido pagos pela União Europeia.

Para o presidente da Câmara de Mértola Jorge Rosa, a situação «já era para estar resolvida», tendo em conta que o desabamento de terras «aconteceu há quase quatro meses».

«Dá ideia que há alguma inércia, alguma desatenção, do lado espanhol. A situação já podia estar resolvida, até porque eles têm Governos Regionais, o que lhes permite agir com mais celeridade», considerou o edil mertolense, em declarações ao Sul Informação.

Prova disso, diz, é que, na mesma altura em que se deu o aluimento no lado espanhol, «aconteceu o mesmo do lado português, embora não fosse tanta terra». «Em poucos dias, a Câmara de Mértola limpou a estrada e restabeleceu a circulação rodoviária. Isso não foi falado porque se resolveu depressa», assegurou.

Jorge Rosa tem estado em contacto com o município vizinho de El Granado e com o Governo Regional em Huelva, que lhe têm transmitido «alguma informação, mas pouco substancial». «Disseram-me que estavam a ser feitos estudos para aferir a estabilidade da rocha, junto à estrada. Tanto quanto sei, o resultado do estudo já foi entregue e não haverá riscos de derrocada. Dizem-me que uma empresa começará os trabalhos de limpeza em Abril», contou.

Já a plataforma hispano-portuguesa dos afetados pelo encerramento da Ponte Internacional do Chança, que convocou o protesto da semana passada, avançou que a Diputación Provincial de Huelva terá dito, em Janeiro, que o corte se manteria, pelo menos, até ao final do Verão, dependendo do resultado de estudos geotécnicos, «que deveriam estar prontos dentro de seis semanas».

Por outro lado, a obra também dependerá «da disponibilização de fundos governamentais para fazer face a catástrofes ambientais».

«Mas, passados três meses, a situação não só não mudou, como se agravou, já que o viaduto é de vital importância para o fluxo comercial transfronteiriço e para o desenvolvimento, tanto do Andévalo [comarca histórica da Andaluzia onde se situa El Granado], como do Baixo Alentejo», ilustrou a plataforma, na convocatória para o protesto da passada semana.

«Esta passagem reduziu em 180 quilómetros a distância que antes era preciso percorrer pela estrada, entre as duas povoações. Por causa deste corte, muitas pessoas estão a viver uma situação de precariedade que se havia esbatido com a abertura da ponte, em 2009», asseguram. Além da vertente económica, o corte de estrada tem repercussões «a nível social e cultural».

O presidente da Câmara de Mértola confirma que a situação está a ter consequências graves, já que «tem havido uma quebra de movimento e no consumo no comércio local, do lado esquerdo do Rio», tendo em conta que eram muitos os que atravessavam a fronteira, para vir a Portugal.

«Os espanhóis também sentem bastante, já que havia muita gente de cá que atravessava a fronteira, à procura de produtos que compensa mais comprar lá, como o gás ou o combustível. Está a afetar as trocas comerciais», ilustrou.

O protesto de dia 11 de Março serviu para «exigir uma solução imediata para este grave problema», já que os membros da plataforma não compreendem «como é que um viaduto de tamanha importância pode estar tanto tempo sujeito a uma situação desta natureza, sem que haja uma resposta clara das autoridades».

Sentimento semelhante tem Jorge Rosa, que tem trabalhado em diversas frentes, para tentar acelerar o processo. Além dos contactos com as autoridades espanholas, o edil mertolense já se reuniu com o secretário de Estado das Infraestruturas Guilherme d’Oliveira Martins e pediu-lhe que intercedesse junto do seu homólogo espanhol. «Tanto quanto eu saiba, esse contacto ainda não foi feito, apesar da reunião ter acontecido há cerca de um mês», disse.

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