Novo Lar de Martim Longo chegou para «dar vida» aos idosos que acolhe

«Já que alongamos anos à vida, há que dar vida aos anos», defendeu Albino Martins, responsável pelo Centro Paroquial de […]

«Já que alongamos anos à vida, há que dar vida aos anos», defendeu Albino Martins, responsável pelo Centro Paroquial de Martim Longo, entidade que irá gerir o novo Lar de Idosos Nossa Senhora da Conceição desta aldeia do concelho de Alcoutim. Esta novo equipamento social  foi oficialmente inaugurado esta quarta-feira, dia 1 de Fevereiro, numa das zonas do país com a população mais envelhecida.

Para chegar aqui, foram precisos muitos anos, um investimento avultado na construção da infraestrutura, feito exclusivamente pela Câmara de Alcoutim, a vontade de dois executivos municipais de duas cores políticas distintas e uma longa negociação com o Instituto da Segurança Social, que permitirá que 29 das 37 camas do lar sejam comparticipadas e, como tal, acessíveis para quem tem rendimentos mais baixos.

O ministro do Trabalho, da Segurança Social e da Solidariedade Vieira da Silva, que tutela este instituto, foi, de resto, o convidado de honra da inauguração do Lar, num reconhecimento do papel do Estado neste processo.

A cerimónia acabou por ser um autêntico acontecimento, na pacata Martim Longo, juntando boa parte da população da aldeia. E não é para menos: além de ser um sonho antigo, «com mais de 20 anos», dos habitantes locais, esta é, também, uma valência muito necessária, apesar de haver já várias respostas sociais dirigidas aos idosos, garantidas pela mesma entidade que ficará agora responsável pelo Lar.

O Centro Paroquial de Martim Longo dinamiza um Centro de Dia e dá apoio domiciliário, nesta aldeia alcouteneja. Também tem experiência na gestão de lares de idosos, já que é a responsável por uma estrutura desta natureza em Cachopo, no concelho vizinho de Tavira.

Apesar daquilo que já existe, era necessário um espaço onde os idosos em condições mais sensíveis, devido à perda de autonomia e ao seu estado de saúde, pudessem ser acolhidos. Tendo isto em conta, a Câmara de Alcoutim decidiu avançar para a construção do Lar e investir os cerca de 1,3 milhões de euros que a obra custou – infraestrutura, acessibilidades e arranjos urbanísticos -, mesmo tendo de arcar com a despesa sozinha, uma vez que não havia possibilidade de recorrer a qualquer apoio do Estado ou da União Europeia.

A primeira pedra foi lançada na reta final do último mandato de Francisco Amaral (PSD) enquanto presidente da Câmara de Alcoutim, em Agosto de 2013, e executada, na sua larga maioria, no atual mandato, em que a autarquia é dirigida pelo socialista Osvaldo Gonçalves.

Neste caso, como fez questão de frisar o presidente da Câmara de Alcoutim, o que importava realmente era criar uma resposta social há muito necessária. E foi essa a mensagem central do discurso de Osvaldo Gonçalves, durante o qual fez questão de lembrar o papel do seu antecessor, hoje presidente da Câmara de Castro Marim, que também esteve na cerimónia.

Na sequência deste esforço financeiro da autarquia, foi construída a infraestrutura, que, apesar de só agora ser oficialmente inaugurada, já funciona desde Dezembro. A verba investida permitiu construir um lar moderno, com quartos de diversas tipologias (individuais e com mais camas), casas de banho pensadas para pessoas com mobilidade reduzida, várias áreas comuns e um amplo pátio interior.

Os idosos que aqui forem acolhidos também terão acompanhamento ao nível da saúde e várias atividades pensadas para ocuparem o seu tempo com qualidade.

«Este é um investimento importante e uma realização que foi possível através da congregação de esforços. Com este investimento de 1,3 milhões de euros, além de reforçarmos esta resposta social, que é uma necessidade que nós temos, também criamos diretamente 22 postos de trabalho e, esperamos nós, mais alguns indiretos», segundo Osvaldo Gonçalves.

O edil alcoutenejo salientou, ainda, a «vasta experiência» do parceiro com quem a Câmara protocolou a gestão do lar. «Estão próximos de comemorar 30 anos de existência, ao longo dos quais têm desenvolvido trabalho ao nível do apoio domiciliário e do centro de dia», disse.

«Este belíssimo equipamento só existe porque se juntaram diversas vontades, nomeadamente a de uma instituição que já exercia a sua atividade aqui em Martim Longo, a vontade do município de Alcoutim, que arcou com a responsabilidade financeira da obra, o que é extremamente importante, e a Segurança Social, que dá um apoio ao funcionamento sem o qual não seria possível garantir o acesso a todos os utentes, nomeadamente os mais carenciados», resumiu, por seu lado, o ministro Vieira da Silva.

Apesar de se mostrar satisfeito por poder contar com um equipamento que permite complementar a resposta que já era dada pela instituição que dirige, Albino Martins, do Centro Paroquial de Martim Longo, avisou, à margem da sessão, que não será fácil garantir a sustentabilidade do espaço, tendo em conta o número de camas existentes.

«Não obstante estarmos a encarar esta nova valência com entusiasmo e esperança de que tudo corra bem, este tipo de equipamentos com 30, 35 camas – este tem 37 camas -, são sempre muito difíceis de gerir financeiramente. Vamos lutar com todas as armas que temos e a capacidade que nos vem de uma experiência acumulada, mas será muito difícil», considerou.

«Se tivéssemos sido ouvidos desde a primeira hora e não tivéssemos entrado no processo já tardiamente, o nosso aconselhamento seria nunca fazer com menos 45 camas», disse.

Ainda assim, o Centro Paroquial de Martim Longo tem conseguido garantir o bom funcionamento do Lar que tem em Cachopo, que «só tem 30 camas».

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