Na Fóia, é o amor pelo ciclismo que fala mais Alto

Caravanas na berma da estrada, carros com bicicletas atreladas, farnel nas lancheiras e sorrisos no rosto. A Volta ao Algarve […]

Caravanas na berma da estrada, carros com bicicletas atreladas, farnel nas lancheiras e sorrisos no rosto. A Volta ao Algarve em Bicicleta correu, ontem, dia 16 de Fevereiro, uma das suas etapas mais míticas: a chegada ao Alto da Fóia, onde centenas de pessoas estiveram a assistir a um final que é sempre emocionante. O ambiente foi de festa, com os fãs da modalidade a montar arraiais bem cedo para ver os corredores. Todos movidos por um valor mais alto: o ciclismo.

Quase à beira da meta, já nos últimos metros da íngreme subida, Jorge Dias, Ludgero Fernandes, Luís Valério, Paulo Barrelas e Jorge Sousa, que pertencem a um grupo – o Furões Extreme BTT – esperam que cheguem os “artistas” da etapa.

Apesar de serem de Albufeira, chegaram à Fóia algumas horas antes do fim da tirada, vindos… de Silves e, claro, de bicicleta. «Já é tradição acompanharmos sempre a Volta ao Algarve», conta Ludgero ao Sul Informação. De tal modo que «até tiramos férias», acrescenta, sorridente, Luís Valério.

Pela estrada que dará lá acima, ao ponto mais alto do Algarve (a 902 metros de altitude), já vão passando alguns ciclistas, amadores, colegas de jornada deste grupo albufeirense. Para todos, há uma palavra de incentivo de Lugdero. «Força! Está quase!», vai dizendo.

No carro, que tem, no tejadilho, as bicicletas que trouxeram estes amigos até ao Alto da Fóia, não falta nada: há cerveja, medronho, sandes, pizza, laranjas… e até música, saída de uma coluna portátil, que dá azo a alguns passos de dança.

Nem o facto de esperar tantas horas para ver os ciclistas a passar apenas por uns minutinhos belisca o contentamento do grupo. «Andamos atrás da Volta porque gostamos mesmo disto. Já na quarta-feira estivemos na 1ª etapa e, se falharmos alguma, é a de Almodôvar», conta Luís Valério ao nosso jornal.

Uns metros abaixo do grupo de Albufeira, está um carro francês, de bicicleta atrelada, e com roupas no interior. Gerard Clement espera, sentado no banco da frente, pela passagem dos ciclistas. Natural de Dijon, esta é a primeira vez que assiste a uma edição da Algarvia, mas não é por isso que se mostra menos fascinado. «Tudo é lindo no Algarve», diz, enquanto olha para as montanhas que circundam a Fóia.

Foi em Dezembro que Gerard chegou à região e desde aí ainda não voltou a França. «A hospitalidade dos portugueses é muito boa. Os franceses não são nada assim. Quando estive em Tavira, por exemplo, não conhecia bem o caminho que devia tomar, de bicicleta, mas houve logo uma pessoa que me ajudou. Se fosse em França, ninguém ajudaria», conta ao Sul Informação.

Quanto à corrida, este francês considera que a Volta ao Algarve «tem muita qualidade, porque há corredores excelentes». O gosto de Gerard por ciclismo é tanto que «todos os anos faço questão de acompanhar as etapas de montanha do Tour de France», diz. Orgulhoso, o francês até exibe, de sorriso no rosto, um saco, que tem no carro, da última edição daquela que é uma das principais corridas de ciclismo à escala mundial.

Já para Paul Devenyns, as razões que o levam a estar ali, junto à berma da estrada que dará acesso à meta final, são bem diferentes. Este belga rumou ao Algarve para apoiar o sobrinho… que é corredor da Quick-Step: o também belga Dries Devenyns. «Tinha de vir para lhe dar força e bater palmas», diz ao Sul Informação. Mais acima, na meta, estão, também os pais de Dries… «para um abraço final», conta Paul, entre risos.

Esta é a terceira vez que o belga vem à região e sempre com o mesmo propósito: acompanhar a Volta ao Algarve. E, tal como Gerard, diz estar «encantado». «Na Bélgica, por esta altura, está a nevar e temperaturas negativas. No Algarve, está um tempo lindo de Primavera», explica.

No final, e apesar de Dries ter ficado em 51º lugar na tirada, até foi um colega de equipa do belga a ser coroado “rei” da Fóia: Daniel Martin.

Já com a corrida terminada, é tempo para que, quem acompanhava a etapa junto à estrada, subir e ver a tradicional entrega de flores ao vencedor e das várias camisolas aos seus detentores.

Rui André, presidente da Câmara de Monchique, também ali está e vai distribuindo cumprimentos. «Esta é a etapa mais mítica e bonita da Volta ao Algarve. Monchique tem um enquadramento natural único», diz, orgulhoso, ao Sul Informação. Para o edil, esta foi «a cereja no topo do bolo», uma vez que é objetivo do Município «apostar no turismo», seja de natureza, desportivo ou de aventura.

A subida para o Alto da Fóia fica, em poucos minutos, mais despida. As pessoas já lá não estão, nem os carros e caravanas. Afinal de contas, daí a poucas horas muitos dos aficionados vão rumar a Sagres para, esta sexta-feira,  acompanhar mais uma etapa, a do (quase) sempre decisivo contrarrelógio.

Para o ano, aquele que é o ponto mais alto do Algarve haverá de receber, mais uma vez, a festa do ciclismo.

 

Veja mais fotos da etapa e a da festa na Fóia:

Fotos: Pedro Lemos | Sul Informação

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