Morreu Martim Gracias, primeiro presidente da Câmara de Portimão após o 25 de Abril

O arquiteto Martim Afonso Pacheco Gracias, que foi o primeiro presidente eleito da Câmara Municipal de Portimão, em 1976, morreu […]

O arquiteto Martim Afonso Pacheco Gracias, que foi o primeiro presidente eleito da Câmara Municipal de Portimão, em 1976, morreu ontem na sua cidade, aos 83 anos. A Câmara de Portimão já decretou três dias de luto municipal.

O corpo vai ficar em câmara ardente a partir das 19h00 de hoje, dia 21 de Fevereiro, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Portimão, de onde o féretro partirá amanhã, dia 22, pelas 14h00, para a Igreja do Colégio, onde decorrerão as cerimónias fúnebres e respetivo cortejo apeado até ao Cemitério de Portimão.

Nascido em Lagos, a 27 de Março de 1934, Martim Gracias foi residir para Portimão em 1962, onde exerceu, desde essa data, as funções de professor do ensino secundário no então Liceu Nacional de Portimão, atual Escola Secundária Poeta Antonio Aleixo, da qual, em 1975, foi eleito presidente do Conselho Diretivo.

Eleito em 1976, nas primeiras eleições livres do Poder Local, como presidente da Câmara Municipal de Portimão, nas listas do PS, permaneceu neste cargo por sucessivas reeleições, até Dezembro de 1993.

Foi fundador da Associação de Municípios Portugueses e da Associação de Municípios do Algarve, onde desempenhou os cargos de presidente da Assembleia Geral e do Conselho de Administração.

Desempenhou ainda os cargos de presidente da Assembleia Municipal de Portimão, entre 1994 e 2001, presidente da Assembleia Distrital de Faro e deputado do Partido Socialista à Assembleia da Republica pelo Algarve na VII Legislatura (1995 a 1999).

Em 1995, foi atribuída ao arquiteto Martim Afonso Pacheco Gracias a medalha de serviços distintos, grau ouro, pela Câmara Municipal de Portimão. No ano passado, em 2016, foi também homenageado na festa que assinalou os 40 anos do Poder Local.

A atual presidente da Câmara de Portimão, Isilda Gomes, que decretou os três dias de luto municipal, expressou também, em despacho, em seu «nome e em nome de toda a Câmara Municipal, o profundo pesar junto da família enlutada».

Martim Gracias foi eleito pela primeira vez em 1976, escassos dois anos após o 25 de Abril, e deparou-se com um concelho onde faltava tudo: habitação social, escolas, estradas, saneamento básico, abastecimento de água e outras infraestruturas básicas.

O trabalho da Câmara de Portimão nos primeiros anos foi dedicado a suprir essas carências.

Martim Gracias, que é apontado como um dos mais influentes autarcas da sua geração, esteve à frente dos destinos de Portimão durante duas décadas e deixou também a sua marca no grande crescimento – tantas vezes desordenado – da construção no concelho, não só na cidade, como na principal estância balnear, a Praia da Rocha.

Mas deixou também as vias que ainda hoje são estruturantes no concelho, como as avenidas V3 e V6, a piscina municipal, o novo mercado municipal (entretanto demolido para dar lugar ao atual), ou «a maior rede de pré-escolar do Algarve», como recorda Isabel Guerreiro, antiga presidente da Junta de Freguesia de Portimão e ex vereadora da Câmara local.

José Gameiro, diretor científico do Museu de Portimão, recorda, por seu lado, que «foi o presidente Martim Gracias que, quando lhe apresentei a ideia de criar um museu me disse: vai para a frente com isso, cria uma comissão». E acabou por ser dessa Comissão Instaladora que, duas décadas mais tarde, surgiria o atual e muito premiado Museu de Portimão.

 

 

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