Polis da Ria Formosa dá casa e nova vida a família de ilhéus

O sorriso na cara de Carlos Fernandes parece ter chegado para ficar e nem mesmo quando o antigo habitante do […]

casal-fernandes-recebe-casa_polis_1O sorriso na cara de Carlos Fernandes parece ter chegado para ficar e nem mesmo quando o antigo habitante do ilhote do Coco, na Ria Formosa, fala das muitas dificuldades que viveu ao longo de anos desaparece totalmente.

E não é para menos: a família Fernandes tinha acabado de receber em mãos a chave da sua nova casa, no Bairro do Fundo de Fomento da Habitação (vulgo dos Índios), em Olhão, na sequência do processo de realojamento que foi dinamizado pela Sociedade Polis Ria Formosa.

«Nem consigo descrever a minha felicidade. Viemos para aqui e é uma nova vida, aquilo que passou, passou. Foi muito sofrimento e nem sequer quero pensar nisso. Muitas vezes tive de acartar com o carrinho de bebé às costas e com as minhas filhas através da lama, passando por cima viveiros… mas agora isso vai acabar», desabafou.

A casa de habitação social foi entregue a este agregado familiar, composto por dois adultos e três crianças, na passada quarta-feira, naquele que foi o último ato oficial de Sebastião Teixeira enquanto presidente da Polis Ria Formosa. O ex-responsável máximo pela Sociedade pediu a sua demissão há cerca de um mês, na sequência de divergências com o Governo em relação ao processo de demolições nas Ilhas-Barreira, nomeadamente na Culatra.

Carlos Fernandes e Cláudia, a sua esposa, estiveram sempre na linha da frente dos protestos. Mas, no seu caso, a reivindicação era por melhores condições de vida, já que o dia-a-dia no ilhote do Coco, frente à cidade de Olhão, era bem difícil.

«Na ilha estamos isolados, são dois quilómetros até chegar a terra. Quando a maré vaza, não temos possibilidade de sair. Quando os meninos faltam à escola, temos a comissão de proteção de menores em cima. Não há água, não há luz. Isto veio resolver os nossos problemas», assegurou Carlos Fernandes.

No seu caso, vivia no ilhote dos Cocos há cerca de 15 anos. «Mas a minha mulher sempre viveu lá, foi para a ilha com três dias de nascida», contou. Essa casa, apesar da falta de condições, era a única coisa que tinham, pelo que durante muito tempo viveram na angústia de ficar sem teto.

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«Sempre tivemos esse receio. Só depois de ter a chave na mão é que a gente acredita. Agora acredito, não há maneira de mentir», disse, a rir, enquanto apertava na mão a chave que tinha acabado de receber.

Mais do que uma casa condigna, este realojamento abre outras possibilidades aos diferentes elementos da família Fernandes. Os pais podem agora procurar trabalho, já que o isolamento do ilhote levava a que, muitas vezes, não conseguissem cumprir compromissos, devido à impossibilidade de chegar a Olhão. Para as crianças, passa a estar assegurada a ida diária à escola e o acesso a um conjunto de infraestruturas de que não conseguiam usufruir antes.

Sebastião Teixeira, que entregou a chave a Carlos, foi muito criticado, enquanto presidente da Sociedade Polis Ria Formosa, devido ao processo de demolições, no qual a antiga casa do casal beneficiado se incluiu. Mas, o seu último ato oficial acabou por ser a entrega de uma casa, algo que, ainda assim, o ex-responsável pelo programa não considera irónico.

«Não acho que seja irónico. Nós sempre dissemos que nunca iremos  demolir primeiras habitações sem assegurar o alojamento e penso que continuará a ser essa a política da Sociedade Polis. Mas esse assegurar do realojamento não é um processo fácil nem rápido, requer a colaboração de diferentes entidades, e nem sempre houve a desejada», referiu Sebastião Teixeira.

A casa que foi entregue na passada semana «teve de ser recuperada pelo Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), instalados os contadores de água e luz, etc.». Resolvido o caso da família Fernandes, falta realojar outros dois habitantes do ilhote do Coco. «Para a semana, teremos a solução para mais um, que será realojado no Bairro dos Pescadores. Este é um processo que continua a andar e não vai parar», assegurou o já ex-presidente da Polis Ria Formosa.

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