Olhão: Derrocadas na zona histórica continuam, autarquia tenta evitá-las subindo IMI

Na quinta-feira de madrugada, caiu a fachada lateral de um edifício da Rua 18 de Junho, na zona histórica de […]

nova-derrocada-em-predio-da-zona-historica-de-olhao_3Na quinta-feira de madrugada, caiu a fachada lateral de um edifício da Rua 18 de Junho, na zona histórica de Olhão. Esta segunda-feira, uma estrutura do primeiro piso de um prédio devoluto situado na rua Gonçalo Velho, ali bem perto, desabou parcialmente e obrigou os bombeiros de Olhão a acabar de a derrubar, para evitar males maiores.

nova-derrocada-em-predio-da-zona-historica-de-olhao_1O tema das derrocadas em prédios antigos, propriedade de privados e que estão há muitos anos ao abandono, está na ordem do dia, em Olhão.

As recentes situações, a juntar-se a outras pequenas derrocadas pontuais que já tinham acontecido antes, levam os moradores e comerciantes do troço final da 18 de Junho (antes da interceção com a Avenida da República) e das ruas adjacentes a exigir mais ação à Câmara de Olhão, nomeadamente a tomada de posse administrativa dos edifícios em risco, para assegurar o processo de recuperação.

Contactado pelo Sul Informação, o presidente da Câmara de Olhão António Pina garantiu que a autarquia não está a assistir indiferente ao degradar de parte do edificado da zona histórica e que já tomou medidas, nomeadamente o «triplicar do IMI para casas devolutas, desde há dois anos».

«Temos feito um levantamento exaustivo das situações e enviado as notificações aos proprietários», garantiu o edil.

Esta ferramenta, que pesa no bolso dos proprietários dos imóveis degradados, não é, ainda assim, garantia de que os prédios são recuperados. «Há outra alternativa, a tomada de posse administrativa dos edifícios pela Câmara Municipal, para sua posterior recuperação, medida que não está ao nosso alcance, pois não temos condições financeiras para isso», defendeu António Pina.

Ainda assim, admite que, em casos extremos, «ou os proprietários avançam para a demolição, ou somos nós a fazê-lo». É o caso do prédio que ruiu parcialmente na 18 de Junho, que terá de vir abaixo. «Já estive reunido com um dos proprietários – são vários -, que se comprometeu a dar entrada com o projeto de demolição do edifício esta semana», revelou o presidente da Câmara de Olhão. A obra em si deverá ser levada a cabo «na semana seguinte».

fachada-de-predio-caiu-olhao_1Até lá, o troço final da Rua 18 de Junho vai continuar fechado ao trânsito, para desagrado dos comerciantes locais.

«Esta situação veio afetar-nos as vendas, porque as pessoas não conseguem passar por aqui e temos tido pouca gente a entrar na loja. Também há quem tenha receio e passe só do outro lado da rua», segundo Soraia Reis, que desde há dois meses dinamiza com a irmã um negócio de venda de roupa para criança nesta artéria.

«Estamos no mês de Dezembro, que é muito forte em termos de comércio e em que as pessoas fizeram um esforço adicional para mandar vir mais material, e com a rua encerrada isto é um grande transtorno. Até porque a rua vive muito da passagem e com o trânsito cortado são menos as pessoas que por aqui circulam», reforçou Carla Pacheco, que desde há quatro anos tem uma loja de animais no mesmo quarteirão, por cima da qual vive.

«Enquanto moradora, também tenho algum receio. Tenho três filhos pequenos e, se algum dia for a passar com eles na rua e caírem pedras, pode causar-lhes ferimentos graves», acrescentou.

António Pina diz estar consciente do problema dos comerciantes, mas considera que se enquadra «nas dificuldades inerentes» do processo. «Prefiro ter a rua fechada do que arriscar que o prédio desabe sobre alguém», ilustrou. Assim, a rua «só volta a abrir ao trânsito quando a demolição for feita», disse.

Neste momento, «não há outros prédios referenciados como estando em risco iminente de derrocada», mas a Câmara tem vindo «a notificar vários proprietários para que procedam a obras de conservação», segundo o edil olhanense.

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