Musicália: Marvel Lima ou uma viagem experimental pelas paisagens latinas do Alentejo

São cinco, cresceram e conheceram-se em Beja, decidiram-se pelo nome Marvel Lima por ser a junção de Marvellous com a […]

marvel-lima1São cinco, cresceram e conheceram-se em Beja, decidiram-se pelo nome Marvel Lima por ser a junção de Marvellous com a cor verde-lima (com que decidiram colorir o estúdio) e, recentemente, mudaram-se para Lisboa. Está quebrado o gelo e estão feitas as apresentações.

Foi com “Mi Vida” (pode ouvir abaixo) que o quinteto de Beja se deu a conhecer há dois anos. O tema mostrava uma sonoridade fresca, vinda das quentes terras alentejanas, mas era, na verdade, «um teste para perceber o que poderíamos tocar e dar algum andamento ao projeto. Ainda estávamos a procurar a identidade da banda», revela José Penacho ao Sul Informação|Musicália.

Entre percalços de mudança de bateria e pró-produção do disco, conseguiram gravar o primeiro trabalho homónimo, lançado a 14 de Novembro, com Fever a ser o tema de avanço. Os temas conhecidos deixavam antecipar um álbum pop, mas acabaram por se revelar os dois mais “orelhudos”: «estávamos com medo que o álbum caminhasse num sentido muito pop e não queríamos isso. Sendo o nosso primeiro álbum, estávamos a tentar perceber qual era o nosso caminho».

marvel-lima-capaOs dois anos que demoraram as gravações e as diversas pessoas envolvidas no processo reforçam a ideia transmitida pelo vocalista da banda da não existência de uma coerência musical. «É o nosso primeiro disco e assumimos: foi para descobrir o que é Marvel Lima como banda e como funcionamos na maneira de compor… Este foi basicamente um EP prolongado».

Num registo marcado pela viagem musical, há quem não entenda o caminho escolhido para a estreia «e estão no seu direito. Foi um teste, pode ser que no próximo a coisa seja mais encaminhada».

A carga latina, bem denunciada com o uso de congas, é marcante no som de Marvel Lima. Parte é explicada pela influência da musicalidade espanhola no Alentejo, mas houve uma opção: «desde o início, decidimos que queríamos uma parte rítmica forte, com percussões e bateria».

Mas as diferentes camadas musicais passavam também pelo groove, «que tinha de ser uma parte fundamental no projeto – e penso que conseguimos – e uma parte mais sintetizada, com texturas mais “fora”. Depois, há o rock que trouxemos de outras influências e de outros projetos que tivemos, o que dá uma caldeirada gigante».

O resultado leva a uma viagem, não por sabores, mas por sons, e que lhes permitiam quase «adivinhar o caminho que levaria o vídeo-clip de Fever» devido à sua «carga energética forte».

Recuando no tempo, a distância da capital nunca se revelou um impedimento para se darem a conhecer, até porque «o projeto começou quando estávamos todos em Beja». A internet é uma enorme ajuda e os projetos anteriores permitiram «o contacto com pessoas que achámos que nos poderiam ajudar na divulgação».

marvel-limaSó há um mês a viver em Lisboa, o que ajuda a não ter de fazer tantos quilómetros para dar entrevistas, José Penacho considera que «é uma questão de fazer o plano promocional correto: há que contactar as rádios, conhecer o meio… foi um trabalho de casa que fizemos todos», mas revela que «a Antena3 ter apoiado o disco também foi importante para nós. Foram pequenos passos…».

Falando com músicos de Beja, é incontornável a referência à Galeria do Dessassego, que «teve um papel importante da nossa formação artística e musical». A internet substituiu a televisão e a rádio na capacidade de trazer os conteúdos a casa de cada um, mas «o contacto social é muito importante neste ramo e é importante conhecer pessoas, ser criativo, tentar não seguir o que se faz noutros sítios».

Na componente ao vivo, a apresentação do álbum aconteceu no MusicBox, em Lisboa, no passado dia 21 Novembro, num concerto que se revelou especial: «levámos pessoas que fizeram parte do processo, sopros», tocaram inclusive músicas que não estão no disco, o que leva José Penacho a dizer que «se conseguirmos, vamos fazer um pouco desse concerto nos próximos. Vamos tentar levar convidados e fazer um concerto diferente, sempre que conseguirmos».

Os Marvel Lima continuam a apresentar o álbum de estreia pelo país e apresentam-se, este sábado, no Café Au Lait, no Porto, depois de terem estado ontem, sexta-feira, no Festival Pontiac (editora da banda), em Lisboa.

Entretanto, pode conhecer os temas do grupo no seu Bandcamp.

Pode ver e ouvir “Mi Vida”:

 

Marvel Lima:
José Penacho – guitarra/voz
Diogo Vargas – Teclado
Luís Estanque – Baixo
João Romão – Percussão
Diogo Marques – Bateria

Ouça aqui a entrevista com Marvel Lima:

“Musicália” é uma rubrica, assinada por Pedro Miguel Duarte, que pretende dar a conhecer aos leitores do Sul Informação o que se anda a fazer no mundo da música portuguesa.

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