Um juvenil de águia-imperial-ibérica é hoje, dia 15 de Novembro, devolvido à natureza, na Zona de Proteção Especial do Vale do Guadiana, próximo do local onde nasceu, em Mértola, após ter recuperado as penas e feito o treino para caçar.
Esta devolução à natureza será acompanhada de perto por uma equipa de técnicos da Liga para a Proteção da Natureza (LPN) e Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), que irão seguir os voos do juvenil de modo a assegurar o sucesso desta operação.
«Para tal, far-se-á também uso da tecnologia de seguimento remoto, que inclui emissores GSM e emissores VHF, que irá complementar o seguimento por observação direta», informa a LPN.
Esta cria foi detetada em Julho deste ano, quando tinha cerca de 70 dias, durante uma monitorização a ninhos de águia-imperial-ibérica, estando já na fase final de desenvolvimento, com um problema de queda de penas, que a impedia de fazer os primeiros voos para poder abandonar o ninho.
A avaliação feita no local identificou a necessidade de uma intervenção rápida que obrigou à remoção da cria do ninho e ao seu transporte para o Centro de Recuperação de Animais Silvestres de Lisboa (LxCRAS, gerido pela Câmara Municipal de Lisboa), onde se encontrava uma equipa veterinária preparada para realizar o diagnóstico e iniciar o seu tratamento. Esta jovem águia já tem, agora, seis meses de idade.
Este juvenil é uma das apenas 18 crias desta espécie que nasceram em 2016 em Portugal (das quais 13 voaram com sucesso) e «irá contribuir para reforçar a pequena população portuguesa desta espécie tão ameaçada», refere a LPN.
Com esta iniciativa, a conservação da águia-imperial-ibérica em Portugal recebe mais um «importante contributo positivo».
A ação decorre no âmbito do Projeto LIFE Imperial, que envolve um consórcio de instituições empenhadas na conservação da espécie.
A águia-imperial-ibérica ocorre apenas na Península Ibérica e é uma das espécies de aves mais ameaçadas no mundo (existem apenas cerca de 500 casais), com o estatuto de Criticamente em Perigo em Portugal e Vulnerável a nível mundial.
Em 2016, nidificaram 15 casais desta espécie em Portugal, nas Zonas de Proteção Especial de Tejo Internacional, Erges e Ponsul, de Veiros, de Mourão/Moura/Barrancos, de Castro Verde, do Vale do Guadiana e suas envolventes.
Agora nidifica apenas na Península Ibérica. A espécie sofreu um grande declínio que culminou com o desaparecimento da população reprodutora em Portugal, entre finais da década de 1970 e inícios da década de 1980.
Apenas em 2003 se voltou a confirmar um casal nidificante e, desde então, têm vindo a colonizar, de forma lenta, o território nacional, apresentando o estatuto de conservação de «Criticamente em Perigo».
Em 2016, a população nacional foi de 15 casais, divididos pelas regiões da Beira Baixa, Alto Alentejo e Baixo Alentejo. Para saber mais clique aqui.
Este Projeto LIFE Imperial é coordenado pela LPN e conta com sete beneficiários associados nacionais e espanhóis, sendo financiado a 75% por fundos comunitários do Programa LIFE da União Europeia.
O LIFE Imperial tem por objetivo assegurar o aumento da população de Águia-imperial em Portugal, e, em consequência, da população global ibérica, através da redução das ameaças que afetam o eficaz estabelecimento de casais em Portugal, orientando a sua atuação de modo a garantir que o retorno natural da espécie a Portugal possa ser consolidado de forma sustentável e duradoura.
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