Editora «Sul, Sol e Sal» esquece o lucro para melhor valorizar o que é algarvio

É um negócio, mas o seu principal objetivo não é o lucro, garante Manuel Brito, o fundador da editora «Sul, […]

Manuel Brito Sul Sol e Sal_1É um negócio, mas o seu principal objetivo não é o lucro, garante Manuel Brito, o fundador da editora «Sul, Sol e Sal». O que é realmente importante, diz, é que as obras relevantes para o Algarve sejam lançadas, independentemente do seu potencial comercial, para que a região não esqueça alguns dos seus marcos literários do passado e, por outro lado, pense no seu futuro.

«O nosso objetivo é editar obras que valorizem a cultura e o património algarvio e façam com que a visão exterior ao Algarve saia reforçada e deixe de ser tão negativa como eu acho que ela é, depois de ter vivido mais de 35 anos em Lisboa», revelou Manuel Brito em conversa com o Sul Informação.

Desde que foi fundada, há cerca de um ano, a jovem editora já lançou várias obras, nomeadamente «Evolução Urbana de Olhão», de Sandra Romba, «Francisco Fernandes Lopes: historiador de Olhão», de Andreia Fidalgo, o livro infantil «Farol um golfinho em apuros», de Sofia Quaresma, e, mais recentemente, uma reedição da obra de António Rosa Mendes «Olhão fez-se a si próprio».

«Até agora, lançámos livros que consideramos interessantes e que chamam a atenção para aspetos da cultura e património do Algarve que achamos que deve ser dados a conhecer, não só aos algarvios que ainda não os conhecem, como a quem nos visita», explicou o editor olhanense. E os livros já lançados foram apenas um aguçar de apetite para o que ai vem, tendo em conta os planos da «Sul, Sol e Sal».

«Lançámos agora dois projetos de maior dimensão, que consideramos fundamentais para o Algarve. Um é uma coleção que chamaremos de “Algarviana”, numa referência à obra de Mário Lyster Franco, onde reeditaremos os títulos essenciais para compreender o Algarve. Será uma retrospetiva histórica, que começa na crónica da reconquista do Algarve e vai até livros mais recentes», anunciou.

Para a escolha das obras que farão parte da coleção «Algarviana», que terá «10 a 12 livros», a editora contará «com o apoio científico do professor Joaquim Romero de Magalhães e da Universidade do Algarve».

Outro grande projeto da «Sul, Sol e Sal» é uma coleção de livros sobre a região que serão encomendados a pensadores de diversas áreas. «Esta é aquela que nós achamos que será a coleção fantástica (risos), que o Algarve merece. Vamos chamá-la “Repensar o Algarve” e convidaremos várias pessoas a escrever sobre o futuro da região, nas várias vertentes. No fundo, queremos ter aqui quase um programa daquilo que o Algarve deveria ser», explicou Manuel Brito.

Aqui, serão chamadas à participação personalidades de dimensão nacional, não necessariamente algarvios. O desafio foi lançado a diversas pessoas e o repto foi já aceite pelo antigo ministro Guilherme d’ Oliveira Martins. Também convidados foram, por exemplo, António Rebelo de Sousa, professor de Economia e irmão do Presidente da República, e Lídia Jorge, entre outros.

Manuel Brito Sul Sol e Sal_2«Esta é uma coleção que demorará o seu tempo a sair cá para fora, já que estamos a pedir às pessoas que escrevam um livro de raiz e que façam uma reflexão profunda sobre o Algarve», acrescentou. As áreas a abordar vão desde a economia ao ambiente, passando pela cultura, agricultura e desenvolvimento rural.

Nascido em Olhão, o agora empresário viveu grande parte da sua vida em Lisboa, onde fez carreira na área da auditoria financeira. Recentemente, decidiu voltar às origens, como explicou Manuel Brito.

«Nesta fase da minha vida, achei que devia retornar ao Algarve e retribuir aquilo tudo que aqui aprendi e vivi. Os projetos que tenho não obedecem a critérios financeiros de rentabilidade. Vivo do que já trabalhei e com o conforto que considero adequado. O que eu procuro são projetos que sirvam e valorizem o Algarve. Ou seja, não procuro atividades que me possam tornar mais rico, mas sim que possam dar exemplos aos mais jovens daquilo que é uma economia nova e sustentável», garantiu.

Daí ter investido na «Sul, Sol e Sal», mas também na Sun Concept, empresa de construção naval olhanense que constrói embarcações alimentadas por energia solar, cem por cento elétricas.

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