«Carolina Teixeira» é o novo navio palangreiro lançado ao mar no Algarve para pescar no Atlântico Norte

Só à terceira vez, e com o armador a ajudar a madrinha, a garrafa de espumante se esmagou em mil […]

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A garrafa de espumante a partir-se no caso do «Carolina Teixeira»

Só à terceira vez, e com o armador a ajudar a madrinha, a garrafa de espumante se esmagou em mil pedaços contra o casco do «Carolina Teixeira», batizando assim o novo navio palangreiro lançado ao mar no Algarve, que representa um investimento de 1,3 milhões de euros da algarvia Pescarade Sociedade de Pesca do Arade SA.

A cerimónia de batismo deste que é o terceiro navio dedicado à pesca do atum e do espadarte pertencente à empresa do armador algarvio António Teixeira e aos seus filhos André e João teve lugar no porto de pesca de Portimão, no sábado. Presentes estiveram o secretário de Estado das Pescas, a presidente e o vice presidente da Câmara portimonense, a vereadora da Câmara de Lagoa, o diretor regional de Agricultura e Pescas do Algarve, além de representantes de outras entidades oficiais e bancárias, fornecedores, clientes e muitos, muitos amigos.

Em declarações ao Sul Informação, o armador António Teixeira recordou ter começado a sua empresa de pesca, que hoje tem três navios a percorrer os mares do Pacífico, do Atlântico Sul e do Atlântico Norte, «com uma lancha, a Claudinha», de pesca local, matriculada em Ferragudo. «A Pescarade é um projeto que comecei com a minha mulher já há muitos anos», que entretanto deu «muitos dissabores, mas também muitas alegrias».

Este terceiro navio palangreiro, revelou, é um «sonho realizado» de uma empresa que resulta «de muito trabalho e muito esforço, pensado entre mim e a minha mulher».

O novo navio de pesca chama-se «Carolina Teixeira» precisamente «em homenagem às duas mulheres da minha vida, uma que já faleceu, outra que nasceu, a minha mulher e a minha neta», acrescentou o armador, emocionado, durante o almoço que se seguiu.

O navio, que resulta da remodelação completa e modernização de uma embarcação de pesca já existente e matriculada em Vigo, na Galiza (Espanha), com o apoio de fundos europeus, ao abrigo do programa Mar2020 para a inovação, tem uma autonomia de três meses e capacidade para 120 toneladas de pescado, ultracongelado mal é capturado nos seus porões frigoríficos. A tripulação é composta por 14 homens, na sua maioria de nacionalidade indonésia.

 

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António Teixeira (em mangas de camisa), com José Apolinário (secretário de Estado das Pescas), Fernando Severino (diretor regional de Agricultura e Pescas) e o vice-presidente da Câmara de Portimão (Castelão Rodrigues), na visita ao navio

 

Enquanto o «Alma Lusa», o maior navio da Pescarade (e do país) para a pesca do palangre (com anzóis), anda pelas águas dos oceanos Pacífico e Índico e o «Príncipe das Marés» navega no Atlântico Sul, o «Carolina Teixeira» irá pescar nas zonas da Madeira, dos Açores e um pouco mais acima, mas já em águas internacionais do Atlântico Norte.

Os 14 tripulantes, que já partiram para a primeira faina com a nova bandeira, vão estar agora três meses no mar (ou até encherem os porões frigoríficos), pescando com anzóis que têm bóias com GPS. Os aparelhos, iscados com cavala, são lançados ao mar durante a tarde, ao longo de uma zona com cerca de 50 a 70 milhas, e recolhidos no dia seguinte. O pescado – atum, espadarte e até tubarão – é arranjado de imediato e ultracongelado no próprio navio.

A Pescarade, que produz atum e espadarte «100% para exportação para a Europa», capturava até agora «1000 a 1200 toneladas por ano». «Com este novo navio, passamos para as 1500 toneladas/ano», disse António Teixeira ao Sul Informação.

O «Carolina Teixeira» está equipado com o mais moderno equipamento eletrónico de navegação e de pesca, mas conta com outras ajudas de peso: na sala de comando, estão em evidência as imagens de Nossa Senhora de Fátima, da Nossa Senhora da Conceição e do Sagrado Coração de Jesus.

«Temos de ter fé para ultrapassar os momentos difíceis», explicou António Teixeira. Aliás, o novo barco foi devidamente benzido pelo Padre Miguel, de Ferragudo, que, a pedido do armador, lançou água benta não só no exterior da embarcação, como na sala de comando e nos motores e porões frigoríficos.

Nestas coisas do mar, a tecnologia é muito importante, mas não se pode esquecer a força de vontade dos homens e a sua fé…

 

Fotos: Elisabete Rodrigues|Sul Informação

 

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