Quinta do Mel, um oásis campestre no meio de resorts e hotéis de luxo em Albufeira

Um casal de sexagenários holandeses, de calções e t-shirt, com a toalha de praia ao lado, toma o seu chá […]

DSC_1381 (Custom)Um casal de sexagenários holandeses, de calções e t-shirt, com a toalha de praia ao lado, toma o seu chá no alpendre, enquanto, no terreno em frente, a escassos metros, uma mulher de chapéu largo para a proteger do sol forte cuida da plantação de ervas aromáticas.

O cenário é o de uma manhã destes começos de Outubro, na Quinta do Mel, uma unidade de Agroturismo em Albufeira, que é um verdadeiro oásis campestre, situado não no interior do concelho, mas a apenas a um quilómetro da praia e paredes meias com hotéis de cinco estrelas e resorts cheios de prédios.

A Quinta do Mel foi um dos locais visitados na semana passada, durante a fam trip para jornalistas, agentes de viagens e técnicos de autarquias e organismos públicos que lidam com o turismo, promovida pela Região de Turismo do Algarve e destinada a dar a conhecer os segredos do concelho de Albufeira.

O anfitrião Luís Silva, proprietário da Quinta do Mel, explicou que esta pequena unidade hoteleira de dez quartos, «que fica a um quilómetro e meio da praia, mas nem parece», resulta da vontade de «pegar em três atividades e conjugá-las num conjunto mais forte: produção agrícola, casa de chá aberta ao público e hospedagem».

A Quinta do Mel, como o próprio nome indica, começou por ser, em 2000, apenas um local de produção de mel, onde Luís Silva se dedicava à sua paixão pela apicultura. «Até essa altura, havia aqui umas casas velhas, mas a quinta servia para produzir mel e algumas culturas agrícolas».

Em 2004, Luís convenceu a família a investir nas tais «casas velhas». E três anos depois surgiu esta unidade de Agro Turismo, que oferece alojamento num espaço bonito e muito bem cuidado, com uma grande piscina encaixada no relvado, mas tem também uma casa de chá, com loja onde se vende, sobretudo, os produtos da Quinta do Mel e da outra unidade agrícola da família, a Quinta do Freixo, no interior do vizinho concelho de Loulé. «O mel, de rosmaninho e de laranjeira, hoje vem todo da Quinta do Freixo», contou.

 

Quinta do Mel - Luís Silva

Na vertente de alojamento, Luís Silva explica a mais valia do serviço que oferece aos seus hóspedes: «porque temos a casa de chá, podemos servir um pequeno almoço com os nossos produtos e sem hora para acabar». Depois, «as pessoas raramente se vão embora sem comprar qualquer coisa na nossa loja».

E o mais interessante é que, apesar de encaixada na selva dos resorts e hotéis mais ou menos de luxo, a Quinta do Mel debruça-se sobre a várzea de Quarteira, com Vilamoura e o mar no horizonte. No total, a propriedade tem 43 hectares, na sua maior parte dedicados à produção agrícola, toda certificada como biológica.

E o que se produz ali? No terreno logo ao lado da casa de chá e da unidade de alojamento, há canteiros de ervas aromáticas, que são vendidas ou servidas em fresco, por exemplo nos chás, ou antes, nas infusões, mas são igualmente colhidas, secas e embaladas para venda.

Também se cultiva legumes, «que são todos para consumir aqui: tomate, cebola, batata, beringela, curgete». É que a Quinta do Mel serve jantares (durante o dia o espaço funciona apenas como casa de chá), classificados como gourmet tradicional, com pratos como Galo à Monchique, Massinha de Peixe ou Moussaka (é necessária reserva para os jantares, abertos aos hóspedes e aos passantes).

Uma parte do terreno, que se situa na fértil várzea de Quarteira, ao longo da ribeira com o mesmo nome, é dedicada às culturas arvenses, ou seja, aos cereais, sobretudo cevada e aveia, destinados a alimentar o rebanho de ovelhas da Quinta do Freixo.

 

Junto ao Hotel Alfamar, quase à beira do Atlântico, está a produção de morango, com venda direta ao público («basta ir lá ter na época do morango»). Porque se trata de morango de produção biológica, «vendemos a três vezes o preço normal dos supermercados. As pessoas às vezes reclamam, mas, depois de provarem, já não querem outra coisa».

E esse morango de produção própria também pode ser consumido na casa de chá, aberta aos hóspedes, mas também ao público em geral. Uma das ementas oferecidas chama-se precisamente «Crazy about strawberries» (Doidos por morangos), e inclui um verdadeiro festim de sabores à volta deste fruto vermelho.

 

Quinta do Mel

E dos campos e pomares da família também resultam as compotas que acompanham os scones ou que se vendem na loja em frasquinhos, com destaque para os doces de abóbora e de tomate.

«O que pretendemos é que os nossos hóspedes não saiam daqui sem ter provado a maior parte do que produzimos. É esse jogo que eu tento criar aqui».

E o jogo parece estar a dar bons resultados. Em termos hoteleiros, a Quinta do Mel tem «uma ocupação que vai muito para além da época normal, estendendo-se entre Abril e fins de Outubro», revela Luís Silva. Os clientes são «95% de estrangeiros», com holandeses, belgas e alemães em primeiro lugar, e agora «também com muitos franceses». Os preços não sofrem grande «amplitude entre a época alta e a época baixa», até porque o serviço oferecido é, basicamente, o mesmo, ao longo de todo o ano.

Por isso, há já os clientes que voltam ano após ano e que recomendam a Quinta do Mel aos amigos. E um dos segredos desse sucesso é o facto de «o staff ser sempre idêntico, ao longo do ano e dos anos, para manter um espírito e um serviço». É que, explica o proprietário, «quando temos mais hóspedes, o pessoal trabalha os hóspedes, quando não temos, trabalha na produção. Costumo dizer que não tenho aqui profissionais deste setor ou daquele. Tenho boas pessoas, com capacidade de se adaptar, e que são disponíveis, pessoas que podem fazer a comida, mas também preparar um quarto ou tratar das ervinhas».

Como oferta complementar para os seus hóspedes, todas as semanas Luís Silva promove uma visita a pé à produção agrícola, convidando-os para participarem. «Mostramos as ervas, o processo de secagem», enumera.

E, para completar este verdadeiro serviço completo oferecido pela Quinta do Mel, neste caso voltada tanto para os seus hóspedes, como para o público em geral, às quartas-feiras há fado, com jantar.

«O objetivo é conjugar estas facetas da Quinta do Mel de forma a que umas tirem partido das outras, criando um produto mais forte». Ao que tudo indica, a aposta está ganha.

 

Clique aqui para ver a localização da Quinta do Mel, situada junto à Aldeia das Açoteias, ao Hotel Alfamar e à Praia da Falésia

 

Fotos: Elisabete Rodrigues|Sul Informação

 

 

Comentários

pub