O Plano de Drenagem da Bacia de Albufeira, que pretende resolver grande parte dos problemas que levam às inundações periódicas e cada vez mais frequentes da baixa da cidade, vai ser apresentado a 2 de Novembro, um dia depois do primeiro aniversário das enxurradas de 2015.
«Temos estado a trabalhar num projeto sério, para resolver o mais possível os efeitos das chuvadas com a dimensão daquela de 1 de Novembro do ano passado», disse o presidente da Câmara de Albufeira aos jornalistas, no fim da apresentação do programa da passagem de ano do concelho.
O autarca adiantou que, entre outros aspetos, o Plano de Drenagem contempla a construção de um «grande túnel novo, a sair entre a zona do Rossio e o Porto de Abrigo». «À partida, só nesta obra, serão 15 milhões de euros de investimento», anunciou.
Carlos Silva e Sousa: «Seguramente o município não vai deixar de fazer essa obra, com ou sem financiamento externo»
E de onde virá esse dinheiro? Há fundos europeus para estes fins? O autarca social-democrata, salientando que este vai ser «o investimento do século em Albufeira», garantiu que «seguramente o município não vai deixar de fazer essa obra, com ou sem financiamento externo». «Esta é uma obra essencial e não sou eu que o considero, são os peritos».
O Plano de Drenagem de Albufeira tem estado a ser elaborado pela equipa de José Saldanha Matos, professor catedrático do Instituto Superior Técnico, com vasta experiência na área, depois de ter trabalhado em planos semelhantes feitos para Barcelona, Paris ou, mais recentemente, Lisboa. A mesma equipa está também envolvida no projeto do novo parque urbano a construir junto à foz da ribeira de Alcantarilha, em Armação de Pêra, de modo a acabar com as cheias nesta vila do vizinho concelho de Silves.
Além de Saldanha Matos, também coordenador do consórcio de empresas Hidra/Engidro e autor do Plano Geral de Drenagem de Lisboa 2016-2030, o Plano, segundo o autarca Carlos Silva e Sousa, conta com a colaboração do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), da Universidade do Algarve, e ainda de técnicos da Agência Portuguesa de Ambiente do próprio município. «O que queremos é reunir o máximo de saber técnico, para minimizar o mais possível os efeitos destas cheias», cada vez mais frequentes.
«No ano passado, apesar de todos os prejuízos [estimados em 25 milhões de euros] tivemos a sorte de não ter morrido ninguém. E se isso tivesse acontecido? Quanto é que vale uma vida humana? É incalculável!», acrescentou o presidente da Câmara de Albufeira, para justificar um investimento «de fundo», que poderá atingir bem mais de 20 milhões de euros no total.
Em Dezembro do ano passado, Carlos Silva e Sousa já tinha adiantado ao Sul Informação que a solução para o problema das cheias em Albufeira passará por várias intervenções, nomeadamente a construção ou reforço de barragens de retenção das águas, a montante da zona mais urbanizada, mas também pela construção de um novo túnel, com maior capacidade e desembocando num local diferente, a uma altura superior, para não ser afetado quer pelas marés, quer pela previsível subida do nível do mar.
No caso das bacias de retenção, o edil tinha explicado que, ao contrário do que acontecia até Novembro do ano passado nas estruturas já existentes, as que serão agora criadas ou reforçadas terão que ter «técnicos permanentes no local», «para abrir ou fechar, para abrir mais ou menos».
Carlos Silva e Sousa: «O que queremos é reunir o máximo de saber técnico, para minimizar o mais possível os efeitos destas cheias»
Quanto ao «novo túnel», ele até poderá vir a ter mais capacidade do que a necessária e, ainda assim, poupar dinheiro a Albufeira. É que a Câmara algarvia poderá vir a estabelecer uma parceria com Lisboa, para que a abertura do túnel de Albufeira use a mesma máquina que será construída para abrir os dois túneis previstos para Lisboa.
É que, explicou então o autarca, «só fazer uma máquina com as medidas apropriadas para construir um túnel destes, custa 15 milhões de euros». Por isso, se as obras em ambas as cidades usarem a mesma máquina, os custos serão repartidos.
Mas os pormenores das intervenções necessárias e os seus custos deverão ser revelados dentro de pouco mais de duas semanas, a 2 de Novembro.
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