No ar não se ouve o “triiiim” caraterístico das campainhas da escola, mas o sentimento que paira também é de expetativa. O Campus das Gambelas acolhe até ao final da semana as inscrições dos novos alunos da Universidade do Algarve (UAlg). Há quem venha de perto, de longe, quem venha acompanhado e quem venha sozinho enfrentar esta nova etapa.
No espaço entre a Faculdade de Ciências e Tecnologias (FCT) e a Faculdade de Ciências Humanas e Sociais (FCHS), as tendas estão, literalmente, montadas. É que, este ano, as inscrições dos novos alunos da UAlg tem uma grande novidade: a primeira edição do «Campus Life».
Há tendas a promover a Universidade, como a do CRIA, e um espaço para o gabinete de desporto da Associação Académica, Mas há também as que promovem a cidade, como a tenda do Município de Faro. O objetivo é tornar mais fácil a adaptação dos alunos a uma nova realidade. Para tal, são organizados grupos de alunos que vão conhecendo os cantos à casa: fazem as inscrições, visitam o «Campus Life» e ouvem uma palestra de boas vindas.
Depois de ter feito a sua inscrição, no edifício da FCHS, Omar Reis encaminha-se para o «Campus Life» para «ver o que é isto». Natural de Bissau, mas a viver em Albufeira, esta é a sua segunda inscrição na UAlg, desta vez em Economia. «No ano passado, fiz a minha inscrição online e não vim cá, por isso não sei se está melhor do que antes, mas estou a gostar muito da primeira impressão», confessa. «Vou percorrer as tendas para conhecer tudo!», acrescenta, convictamente.
Com efeito, esta iniciativa tem como objetivo trazer os novos alunos ao espaço da Universidade. Ainda assim, quem quiser pode fazer a inscrição através da Internet. No total, são cerca de 200 os alunos que têm feito, todos os dias, as inscrições na Universidade, seja na vertente presencial, seja na vertente online.
De um lado, a rádio; do outro o apoio a quem precisa.
A tenda da Rádio Universitária do Algarve (RUA FM) é a mais animada do «Campus Life». Além das emissões em direto que tem feito, há uma coluna sempre a passar música. «Não quisemos faltar a esta iniciativa. Temos três grandes objetivos: animar os novos alunos, dar-nos a conhecer e tentar recrutar novas pessoas para a RUA», explica Sónia Rosa, da rádio.
A lista de interessados em colaborar com a RUA FM não é muito longa, mas «já temos alguns», diz. «Há muitos que são tímidos», conclui Sónia, entre risos.
Se de um lado há animação, do outro lado reina a calma. A tenda da RUA FM está frente a frente com a tenda do Gabinete de Apoio ao Estudante com Necessidades Educativas Especiais. «Ainda somos pouco conhecidos, mas o que queremos é acabar com o estigma de que alunos com necessidades educativas especiais não conseguem ser bem sucedidos», explica Andreia Graça, que é paraplégica.
Estes alunos tanto podem ter alguma deficiência mental, como motora. «Muitas vezes, as pessoas associam a questão das necessidades educativas especiais apenas a deficiências mentais, mas também as há motoras e até temporárias, como partir uma perna», acrescenta.
O apoio dado por este Gabinete prende-se com duas áreas: a avaliação e a mobilidade. «Entramos em contacto com o diretor do curso e são dadas algumas condições especiais ao aluno no que toca à avaliação. Já na mobilidade tentamos arranjar a melhor maneira do aluno se deslocar».
No segundo dia de inscrições nas Gambelas, Andreia Graça revela que já foram alguns os alunos que se inscreveram no gabinete. «E esperamos que venham ainda mais!», conclui.
A hora de voar do ninho
Além dos alunos, em todo o espaço que acolhe o «Campus Life» veem-se também muitos pais. Alguns fazem questão de conhecer a nova casa dos filhos, já outros preferem ficar sentados e vê-los a voar do ninho.
Um pouco afastados do centro da ação, Anabela Fernando e Fernando Pacheco vão olhando com curiosidade para tanto movimento. Naturais de Almodôvar, vieram acompanhar o filho, Igor Pacheco, na sua entrada na Universidade, no curso de Enfermagem.
«Estamos surpreendidos com tanto movimento. Temos a certeza de que vamos deixar o nosso filho em boas mãos», diz o casal. «Chegámos aqui logo de manhã e há mais de duas horas que não o vemos, logo é bom sinal», concluem, entre risos.
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