Nem a pé se pode circular na Ponte Velha de Silves

A Câmara Municipal de Silves decidiu fechar «provisoriamente» a circulação na Ponte Velha de Silves, por razões de segurança. A […]

ponte velha de silvesA Câmara Municipal de Silves decidiu fechar «provisoriamente» a circulação na Ponte Velha de Silves, por razões de segurança. A interdição estende-se à «circulação de pessoas e veículos, marítimos e terrestres, tanto no tabuleiro, como na parte inferior da ponte», no rio Arade.

A autarquia diz, em comunicado, que, «perante o teor do relatório do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (2008), do Estudo de Diagnóstico realizado por empresa especializada (2015) e do Auto de Vistoria datado de Abril de 2016, foi deliberado em reunião de Câmara, por unanimidade, o encerramento provisório» daquela estrutura, onde já não circulavam automóveis, mas apenas pessoas a pé ou de bicicleta.

A Ponte Velha de Silves evidencia um «processo avançado de degradação, ameaçando risco iminente de colapso», pelo que a medida tomada pela autarquia se impõe como «precaução e salvaguarda de eventuais acidentes».

Silves_ponte_2A Câmara Municipal de Silves acrescenta que adjudicou a elaboração de um projeto de execução técnica que já foi finalizado e entregue e que conduzirá à realização da empreitada de “Conservação e Restauro da Ponte Velha de Silves”.

Em simultâneo, a autarquia prepara o lançamento de concurso público para a execução da empreitada de “Remodelação das redes de água e saneamento”, com passagem pela Ponte Nova de Silves, que libertará a Ponte Velha das condutas.

«O executivo permanente tem insistido junto da Direção Regional de Cultura do Algarve no sentido de se garantir financiamento para a execução da empreitada de “Conservação e Restauro da Ponte Velha de Silves”, visto que, de momento, somente a elaboração do projeto técnico, tem comparticipação comunitária garantida», conclui a Câmara Municipal, em comunicado.

Contactada pelo Sul Informação, a diretora regional de Cultura salientou que a ponte é «inteiramente propriedade municipal, estando registada como tal». No entanto, o organismo que dirige está já a colaborar com a Câmara de Silves no sentido de «ajudar a identificar as fontes de financiamento possíveis para a obra», estando ainda aberto a prestar «apoio técnico», acrescentou Alexandra Gonçalves. Nesse sentido, esta semana até deverá haver uma reunião entre Câmara Municipal e Direção Regional de Cultura, precisamente para tratar da ponte.

A Ponte Velha de Silves está em vias de classificação como Monumento de Interesse Público (MIP), num processo iniciado pela Direção Regional de Cultura, uma vez que o imóvel não possuía qualquer tipo de classificação patrimonial.

Trata-se de ponte que apresenta cinco arcos de volta perfeita, intervalados por imponentes talha-mares que suportam o tabuleiro com guardas laterais e mirante central. É construída com blocos aparelhados de arenito, apresentando atualmente uma extensão de 76 metros por 5,5 metros de largura.

A ponte situa-se a sul da cidade, ligando as margens norte e sul do rio Arade, tendo agora apenas função para travessia pedonal, que entretanto foi hoje interditada.

As fontes históricas, o tipo arquitetónico e as siglas de canteiro existentes nos blocos utilizados na edificação da ponte remetem a sua construção para meados do século XIV, sendo relevante o valor histórico do monumento enquanto via de comunicação para uma das mais antigas e representativas cidades do Sul de Portugal, que data de há pelo menos cinco séculos, acompanhando importantes momentos da evolução histórica e cultural da cidade, com relevância nacional.

São, ainda, conhecidas diversas referências documentais antigas à ponte, ao longo da história. A mais recuada é de 1439, altura em que é solicitado apoio do Rei para a reconstrução da ponte que havia caído, ficando assim consubstanciada a sua maior antiguidade.

O interesse cultural do monumento engloba as vertentes arquitetónica, histórica e arqueológica, sendo elemento significativo do ponto de vista científico. É também uma edificação relevante do ponto de vista paisagístico, contendo valor de memória, antiguidade e singularidade.

 

Atualizada às 13h03, acrescentando a informação prestada pela diretora regional de Cultura

 

Comentários

pub