Algarve deixou de ter falta de trabalho e passou a ter falta de trabalhadores

O Algarve está cheio de turistas e os hoteleiros e restaurantes desesperam por cozinheiros, empregadas de andares ou empregados de […]

ha vagas empregoO Algarve está cheio de turistas e os hoteleiros e restaurantes desesperam por cozinheiros, empregadas de andares ou empregados de mesa.

Estas são algumas das áreas onde escasseia o número de profissionais disponíveis na região e tanto as empresas de trabalho temporário, como o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), não conseguem dar resposta às necessidades.

A taxa de desemprego na região, que se cifra em 8,1% e é agora a mais baixa do país, também ajuda a perceber que, por estes dias, há mais falta de trabalhadores do que de trabalho.

João Soares, diretor do D. José Beach Hotel, em Quarteira, e delegado no Algarve da Associação de Hotelaria de Portugal, assume ao Sul Informação que «há muitas dificuldades em arranjar pessoal e as empresas de trabalho temporário são a nossa única hipótese, sendo que os profissionais acabam por não ser tão bons. É difícil para nós conseguirmos criar uma equipa estável, há muita dificuldade no recrutamento».

A dificuldade de criar uma equipa estável existe, segundo João Soares, devido à sazonalidade da região. «Nós mantemos muita gente durante o ano inteiro, mas, mais perto do Verão, surgem ofertas de trabalho de negócios sazonais, mais bem pagas, e o staff vai atrás».

Apesar de haver falta de profissionais para todas as áreas, «a cozinha é aquela para a qual é mais difícil contratar».

Para João Soares, «não há pessoal, porque toda a gente pede o mesmo tipo de profissionais» e, no caso do hotel que dirige, recorrer a desempregados inscritos no IEFP está fora de questão: «se alguém está desempregado em plena época alta, com a falta de profissionais que há, é porque algo está mal».

ricardo marianoJá Ricardo Mariano, proprietário da empresa de trabalho temporário algarvia Timing, não tem mãos a medir por esta altura: «principalmente em Julho e Agosto, há mais vagas para ocupar do que trabalhadores disponíveis». Ainda no final da semana passada, a empresa anunciou que tinha mais de 100 posições para ocupar.

Segundo o empresário, «neste momento, há dias em que não recebo nenhuma candidatura, enquanto, no Inverno, recebo, em média, 60». Ou seja, mais uma prova da sazonalidade que afeta a região.

Em relação às profissões onde existe maior carência de trabalhadores, Ricardo Mariano destaca três: «cozinheiros, empregados de mesa e empregadas de limpeza. Estas destacam-se de todas as outras. Os cozinheiros pela especificidade e as restantes, principalmente no caso das empregadas de andares, pelo volume, uma vez que, para um aldeamento que tem, por exemplo, três pessoas na receção e duas na manutenção, precisa de 15 empregadas de limpeza».

Para colmatar a falta de gente, a única solução é compensar com horas extra: «há hotéis com 20 e poucos cozinheiros, mas, na realidade, eram necessários 40. Para atingir o volume de trabalho necessário, só cortando folgas e fazendo horas extra. Isto quer dizer que, se tivéssemos mais 15 cozinheiros, iríamos colocá-los e não havia a necessidade de fazer estes ajustamentos».

Num ano em que o número de turistas continua a bater recordes, segundo Ricardo Mariano, «se a região não recebesse milhares de pessoas para trabalhar, vindas de outras zonas do país, não tínhamos a menor hipótese de servir quem nos visita. Estamos completamente dependentes da migração de pessoas».

Madalena Feu
Madalena Feu

A dificuldade de encontrar trabalhadores para as vagas que existem também é sentida pelo IEFP. Segundo Madalena Feu, delegada regional deste Instituto, «temos essa noção de que existe falta de trabalhadores. O número de desempregados em Junho baixou na ordem das duas décimas e há concelhos onde há ofertas de emprego sem que haja pessoas para ocupá-las».

Madalena Feu diz que esta situação acontece nas zonas onde há mais hotelaria, como, por exemplo, Albufeira.

Por isso, a responsável assume que será necessário reforçar o número de formações nas áreas ligadas ao turismo. «Nós já temos formações nestas áreas, nomeadamente na cozinha, e há também a Escola de Hotelaria e Turismo, mas haverá a necessidade de mais, em particular nestas áreas mais necessitadas, que são também as áreas de excelência da região», conclui a responsável regional pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional.

 

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