AHP: Prospeção de petróleo na costa alentejana e algarvia traz «danos para a imagem» de Portugal

A AHP – Associação de Hotelaria de Portugal contesta, em comunicado, a concessão de licença de perfuração de petróleo e […]

zonas de prospeção de hidrocarbonetos no AlgarveA AHP – Associação de Hotelaria de Portugal contesta, em comunicado, a concessão de licença de perfuração de petróleo e gás a realizar na bacia do Alentejo, que considera ter «forte impacto não só na costa alentejana, como naquele que é reconhecidamente o maior destino turístico nacional, o Algarve».

A AHP revela que «dada a gravidade da situação», emitiu «parecer no curtíssimo prazo concedido no âmbito da consulta pública para atribuição de licença de sondagem de pesquisa no deep offshore da bacia do Alentejo». A associação de hoteleiros nacionais já tem igualmente «reuniões agendadas tanto com o Secretário de Estado da Energia, como com a Secretária de Estado do Turismo, e irá também solicitar uma audiência com a máxima urgência junto do Ministro da Economia».

No seu comunicado, a AHP recorda a «forte aposta que tem vindo a ser realizada na promoção internacional do destino assente na sustentabilidade, de destino para famílias, de Sol e Mar, a par de segmentos de turismo de natureza e de desporto», bem como os esforços em encontrar «alternativas à sazonalidade, trabalhando fora da época alta com outros mercados emissores e esses exigentes segmentos».

Todos estes esforços, considera João Soares, representante da região do Algarve na AHP, podem agora ser postos em causa se for autorizada a prospeção de hidrocarbonetos na chamada bacia do Alentejo, 46 quilómetros a oeste de Aljezur, pelo consórcio ENI/Galp.

A AHP invoca ainda os «grandes investimentos» que os promotores estão a fazer na promoção e afirmação do Algarve e Alentejo como turismo de natureza, de que são bom exemplo inúmeros projetos, como o cicloturismo, o trekking, o surf ou birdwatching, entre outros.

«A tornar-se uma realidade, a simples prospeção e pesquisa de petróleo trará danos para a imagem do País, comprometendo estes esforços e investimentos públicos e privados», sublinha a AHP.

«No mesmo território, não podem coabitar turismo sustentável e exploração petrolífera. Por isso, é preciso definir prioridades para o país: a aposta no turismo sustentável, que vive da excelência dos nossos recursos naturais e que justifica medidas especiais de proteção como a criação de Parques Naturais, como é o caso do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, não é compatível com a prospeção e exploração de petróleo e gás. Ou seja, do ponto de vista económico, existem razões para travar tal exploração/prospeção porquanto a mesma inviabiliza uma outra atividade de enorme importância para Portugal, como é, reconhecidamente, o Turismo», salienta Raul Martins, presidente da AHP.

Mais, a AHP desconhece a existência de estudos de impacto ambiental, que «permitam avaliar as consequências que a exploração de petróleo e gás podem acarretar para a fauna da região e para a atividade piscatória – base essencial da gastronomia portuguesa—e de outros que avaliem as consequências, para a região, de uma catástrofe ambiental resultante de um eventual acidente, não só em termos de prejuízos diretos e imediatos, como também dos irreparáveis danos causados à imagem de Portugal».

Sendo o Turismo uma das principais atividades económicas do Algarve, «mais estranho se torna a forma pouco profunda, não participada e ausente de explicações como todo este processo tem vindo a ser gerido», considera ainda a associação de hoteleiros nacionais.

O presidente da AHP acrescenta: «a simples associação da marca “Portugal” e “Algarve” a uma indústria poluidora como a exploração de petróleo será muito negativa para o Turismo, levando à quebra de muitos milhões de euros de receitas que o Estado vem arrecadando em impostos à custa deste setor, a par do desemprego, despovoamento e consequente abandono da região».

«Estas consequências foram medidas e ponderadas? Se sim não foram seguramente partilhadas com o Turismo nem tornadas públicas», questiona o responsável.

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