Aeroporto de Faro: Insatisfação dos passageiros teve aumento «mínimo» apesar das obras

O Aeroporto de Faro está a enfrentar o Verão mais movimentado da sua história com obras a decorrer e há […]

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Zona de controlo de passaportes

O Aeroporto de Faro está a enfrentar o Verão mais movimentado da sua história com obras a decorrer e há relatos de «caos», principalmente na chegada de passageiros, com longas filas no controlo de passaportes e uma zona de chegadas em formato reduzido. No entanto, a direção do Aeroporto garante que a diferença do nível de satisfação de passageiros «é mínima» e que isso até é «surpreendente».

Sobre a questão da demora no controlo de passaportes pelo SEF, que já motivou inclusive uma pergunta ao Governo da deputada do CDS-PP Teresa Caeiro, Alberto Mota Borges, diretor do Aeroporto de Faro, disse ao Sul Informação que «não tem havido aí um problema. A procura no Aeroporto de Faro é bastante sazonal e a estrutura de prestação de serviço do SEF não está dimensionada para Julho e Agosto».

Por isso, acrescentou, «é prática comum o SEF reajustar os recursos humanos do país para uma resposta satisfatória nestes meses. Este ano, devido ao aumento de procura e à aposta forte para tirar partido das circunstâncias por parte de várias entidades, houve aumento significativo de passageiros e o SEF, em vez de antecipar para 15 de Junho o reforço, antecipou para 18 de Maio. Desde essa altura, houve apenas um episódio pontual de atraso na partida».

Mota Borges Aeroporto Faro
Alberto Mota Borges

Alberto Mota Borges diz que este reforço «tem dado uma resposta muito boa no controlo de fronteira» e avança que, nas partidas, o tempo médio para passar o controlo é de 1m54s e 90% dos passageiros demora menos de 3m41s. Este são «indicadores interessantíssimos», para o responsável.

Já nas chegadas, a média para passagem de controlo é, segundo Alberto Mota Borges, de 3m48s, e 90% dos passageiros passam o controlo, em chegada de fila, em 7m49s.

O diretor do aeroporto considera que «a prestação de serviço do SEF tem sido magnífica este ano» e revela que «os tempos de espera, que temos monitorizados, são inferiores aos de anos anteriores. Também inquirimos passageiros na satisfação e temos avaliações bastante boas, melhores até que em outros aeroportos da rede».

Por isso, sobre as informações que vieram a público, Alberto Mota Borges diz que «na nossa perspetiva, essa informação não tem adesão com o que é o standard da prestação de serviços do Aeroporto de Faro. Pode ter havido um evento, não vou negar, mas, no geral, é muito razoável».

Alberto Mota Borges esclareceu ainda que, «no caso concreto de controlo de fronteira, qualquer dificuldade nada tem a ver com as obras, que em nada estão a interferir com a zona de fronteira».

O Sul Informação pediu para fotografar esta área do aeroporto mas, na altura em que foi permitida a recolha de imagens, não havia chegada de voos. Ou seja, não foi possível avaliar a eficácia e rapidez do atendimento.

As obras obrigaram a várias alterações no Aeroporto, nomeadamente na zona de partidas e de chegadas. Os operadores que anteriormente estavam nas chegadas, agora estão no parque de estacionamento nº 2, e é com este cenário que quem chega ao Algarve se depara. Por isso, o responsável considera normal que os níveis de satisfação geral dos passageiros diminuam, tendo em conta as condicionantes.

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Operador turístico no P2

«Houve uma diminuição ligeira do nível de satisfação geral, mas alguns subsistemas e aspetos tiveram melhorias. É normal, o próprio sistema [de avaliação de satisfação] não era válido se os passageiros não conseguissem aferir que há circunstâncias excecionais. Não temos o mesmo nível e sistema disponível na sua totalidade como no ano anterior. Isto só vem provar que o sistema funciona e que os passageiros avaliam menos um ambiente de obra. Mas a diferença é mínima e isso até é surpreendente», diz Mota Borges.

Segundo o responsável, «na partida, temos uma avaliação de 4.31. Nenhum dos outros aeroportos da rede ANA atinge este valor. Na chegada, temos 3.84, sendo que só somos ultrapassados por dois aeroportos neste parâmetro».

Alberto Mota Borges diz que «esta é uma obra muito difícil, que nos obriga a ajustar a nossa realidade de prestação de serviços à procura. Temos de prestar um serviço de qualidade, isso tem que ser feito em qualquer momento. Temos de planear e criar add-ons para dar resposta e temos dado. Entre todos os serviços, desde SEF, PSP, Alfândega, tem havido uma colaboração impressionante e o desempenho está acima das expetativas iniciais», conclui o responsável.

 

 

Situação no aeroporto é como um «autogolo» para o turismo do Algarve

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Eliseu Correia

Uma visão diferente do que se está a passar no Aeroporto de Faro tem o empresário Eliseu Correia, proprietário da EC Travel, a maior empresa de incoming do Algarve. «Caos» é a palavra utilizada para descrever a situação.

«Os passageiros demoram uma eternidade para sair e entrar, há filas enormes. Os clientes têm o hábito de ir com antecedência para apanhar os voos, mas, com o passar do tempo, começam a entrar em pânico, com medo de não entrarem no avião. É caótico», diz o empresário.

Eliseu Correia considera que a situação «é péssima para o turismo. É uma má imagem da região. Tivemos muitas pessoas que vieram este ano para o Algarve, vindos de outros destinos, “empurrados” pela situação internacional, e devíamos aproveitar para recebê-los “ao colo”, mas é o que está à vista de toda a gente. Toda a gente fala da importância do turismo, mas os que mais falam são os que mais prejudicam».

Apesar dos números dados pelo Aeroporto de Faro, Eliseu Correia diz que «está à vista de qualquer pessoa que trabalha no Aeroporto, e acho que isso deve ser difícil [tempos de espera inferiores aos anos anteriores], pelo que vejo, sinto e oiço».

O empresário diz que «deixar que as obras se arrastem para a época alta é não prestar um bom serviço à região. Depois de todas estas pessoas que vieram para cá por “arrastamento”, a última coisa que devíamos fazer era recebê-los assim. Perdemos uma ótima oportunidade de marcarmos pontos».

«É esta a imagem que fica: se isto fosse futebol, era um autogolo!», conclui.

 

 

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