O Brexit da União Europeia pode levar a um Brexit do Algarve?

Daqui a três dias, os britânicos vão às urnas para decidir sobre a permanência (ou não) do Reino Unido na […]

brexit-1462470592ZSADaqui a três dias, os britânicos vão às urnas para decidir sobre a permanência (ou não) do Reino Unido na União Europeia. As sondagens dizem que o Brexit (a saída) pode vir a ser uma realidade e, no Algarve, fazem-se “contas à vida” para perceber – e contrariar – as consequências que podem advir da saída da UE do maior “cliente” estrangeiro da economia e do turismo da região.

Ana Mendes Godinho com Desidério Silva
Ana Mendes Godinho com Desidério Silva

Para a secretária de Estado do Turismo, os laços que ligam a região ao Reino Unido serão mais fortes do que o eventual Brexit.

Ao Sul Informação, Ana Mendes Godinho disse que, «apesar de alguma instabilidade que tem havido nos últimos meses, devido ao eventual resultado desse referendo, a verdade é que o mercado do Reino Unido continua a crescer muitíssimo para Portugal. Isto significa que, mesmo com a incerteza que se está a viver, isso não está a inibir os ingleses de vir para Portugal».

A governante admite que «ninguém sabe muito bem o que pode vir a acontecer e há alguma incerteza sobre as consequências», mas está confiante nos laços históricos que ligam o Algarve à Grã-Bretanha. «O Reino Unido tem uma grande fidelidade ao nosso destino e a ligação é tão forte a esse mercado, que estou em crer que continuaremos com essa ligação forte».

Jorge Botelho
Jorge Botelho

Posição semelhante tem Jorge Botelho, presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), que acredita que «o mercado inglês vai continuar, porque os ingleses vão continuar a passar férias».

Para o autarca, o segredo para continuar a atrair os britânicos ao Algarve, face à esperada desvalorização da Libra em relação ao Euro, em caso de Brexit, passa por «sermos muito competitivos para atrair o mercado inglês».

A competitividade do destino Algarve vai passar pelas mãos dos empresários e, para Vítor Neto, presidente do NERA – Associação Empresarial da Região do Algarve, o principal problema para a região advém da «força cambial da Libra porque, se perder valor em relação ao Euro, passa a ser mais caro para os ingleses visitarem o Algarve e isso é prejudicial».

Por isso, em declarações ao nosso jornal, Vítor Neto defende que o Algarve deve encontrar formas para continuar a ser competitivo, numa situação «em que os ingleses têm menor poder de compra e menor capacidade cambial».

Para fazê-lo, será necessário, segundo o representante dos empresários algarvios, «melhorar a promoção do destino no Reino Unido, aprofundar o conhecimento do mercado inglês, procurar novos setores e criar um maior dinamismo da nossa intervenção no mercado inglês».

Vitor Neto, presidente do NERA em é secretário da Assembleia Geral da ANT
Vítor Neto

Para Vítor Neto, o maior erro que pode ser cometido é encarar a «batalha dura e difícil com pessimismo doentio, que leva à inação e à resignação». Por isso, «os empresários têm de saber agir e adequar a oferta, os preços, flexibilizar, abrir mercados e captar novos clientes».

Além dos turistas que chegam à região e que investem o seu dinheiro no Algarve, há também muitos ingleses que aqui se fizeram empresários.

Para Vítor Neto, isso «joga a nosso favor. Devemos procurar reforçar a nossa ligação, com diálogo e interação, para que não se sintam isolados, ou marginalizados, ou até com dúvidas em relação ao seu próprio país».

Com dúvidas em relação às possíveis consequências que o Brexit pode trazer para o Algarve está Desidério Silva, presidente da Região de Turismo do Algarve. O responsável admite que «há preocupação com a alteração que se pode vir a verificar, que traz um problema inerente: que é a desvalorização da Libra face ao Euro», que Desidério Silva considera como uma certeza em caso de Brexit.

«Ao Algarve, interessa o poder da Libra e é isso que está em causa: o poder de compra». Por isso, Desidério Silva diz que «o ideal era que o Reino Unido não saísse da União Europeia».

Resta saber se os britânicos fazem, na quinta-feira, nas urnas, a vontade a Desidério Silva e… ao Algarve.

 

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