Faculdade de Economia da UAlg aposta na internacionalização e vai buscar alunos à China

Não se espera que cheguem aviões cheios de estudantes chineses, nem é essa a intenção, mas os frutos do protocolo […]

Comitiva Chengdu China na Faculdade de Economia_ Rui Nunes e Xiang ZhangNão se espera que cheguem aviões cheios de estudantes chineses, nem é essa a intenção, mas os frutos do protocolo que a Faculdade de Economia da Universidade do Algarve assinou com a School of Economics da Southwestern University of Finance and Economics de Chengdu, na China, nomeadamente a vinda de alunos de mestrado chineses para a região, começar-se-ão a sentir já a partir do próximo ano letivo.

O acolhimento de estudantes vindos da populosa cidade de Chengdu, que conta com perto de cinco milhões de habitantes e é a capital da província de Sichuan, onde habitam mais de 100 milhões de pessoas, é apenas uma parte deste acordo, firmado há cerca de uma semana, no seguimento da visita de uma delegação proveniente daquela universidade chinesa ao Algarve.

Mais do que promover o intercâmbio de estudantes (eventualmente, os alunos da UAlg também poderão optar por estudar na China), este ato representa uma aposta forte da unidade orgânica da universidade algarvia na direção de uma efetiva internacionalização.

«Esperamos que este protocolo abra diversas portas, no âmbito do nosso objetivo, amplamente divulgado por nós, de conseguir a internacionalização. A internacionalização tem várias dimensões. Uma delas tem, obviamente, a ver com a oferta formativa e com tornar os nossos cursos mais atrativos para o público internacional. Mas também tem a ver com formação de redes de investigação e também com a extensão: porque não juntar recursos para oferecer serviços que sejam úteis, quer para a nossa comunidade local, quer para a China? O futuro dirá até onde poderemos ir», resumiu o diretor da FE Rui Nunes, numa conversa com o Sul Informação.

«Este foi apenas um primeiro passo, que consiste na vinda de estudantes deles para cá, não tanto ao contrário. Mas poderá, no futuro, evoluir para programas de formação conjunta e partilha de projetos de investigação. Ficou bastante clara a vontade da parte deles em ir mais além», acrescentou Jorge Andraz, sub-diretor desta unidade orgânica da UAlg.

A visita da delegação vinda de Chengdu serviu, acima de tudo, para conhecer um potencial (e agora efetivo) parceiro. Nos dias em que os representantes da escola da universidade chinesa estiveram no Algarve, foi possível perceber que «existe uma complementaridade, mesmo na forma como ambos abordamos a componente letiva», que pode ser uma vantagem, na hora de atrair estudantes daquele país.

Comitiva Chengdu China na Faculdade de Economia_Assinatura protocolo

Na génese deste acordo, está o mestrado em Financial Economics que a FE se prepara para lançar. Este curso de 2º ciclo será lecionado em língua inglesa, para que possa atrair estudantes internacionais, e é visto com grande interesse pelos parceiros chineses da faculdade algarvia.

Mas, depois de verem o que por cá se faz e a oferta existente, houve da parte da Southwestern University of Finance and Economics de Chengdu um pedido de alargamento do acordo, também para a área do Turismo, uma linha que vai ser aprofundada brevemente, uma vez que os dirigentes e responsáveis pelos mestrados da Faculdade de Economia já estão convidados a deslocar-se à China.

Jorge Andraz e Luís Coelho, também professor da Faculdade de Economia da UAlg, acompanharam de perto a delegação chinesa que esteve no Algarve. Contacto que lhes permitiu perceber em concreto quais são as aspirações dos seus congéneres chineses, ao celebrar este acordo.

«A delegação chinesa que aqui esteve presente deixou bem claro que o objetivo máximo que eles perseguem, no que toca à vinda de estudantes para Portugal, é o de proporcionar uma experiência europeia aos seus alunos e, eventualmente, uma passagem pelo mundo empresarial. E porquê? Porque, segundo aquilo que nos transmitiram, a ideia da generalidade destes alunos é regressar à China, para trabalhar», explicou Luís Coelho.

Em causa, está a grande competitividade que existe no mercado de trabalho, na China, o que permite que uma experiência na Europa seja «um elemento diferenciador nos seus currículos».

Este objetivo foi, de resto, transmitido ao Sul Informação por  Xiang Zhang, que liderou a delegação chinesa que visitou a UAlg. «Os nossos alunos têm interesse em conseguir um estágio aqui, não para se inserirem no mercado de trabalho local, mas para terem uma experiência profissional na Europa. Esta componente é muito importante para nós», disse.

Comitiva Chengdu China na Faculdade de Economia_ Luis Coelho e Xiang Zhang

«Penso que a Universidade do Algarve tem um excelente curso de Financial Economics, bem estruturado e com professores com muita qualidade. Julgo que, em breve, poderá começar o intercâmbio de alunos e acho que haverá muitos estudantes nossos que quererão vir para cá, pois Faro é um local muito agradável. A ideia é que tenham oportunidade de estudar, fazer um estágio e experimentar o que é viver aqui», acrescentou.

Quando se fala em alunos da School of Economics, está-se a falar de um universo de mais de 3 mil estudantes, só nesta unidade orgânica, uma das 27 existentes na Universidade de Chengdu. Para se perceber a dimensão, todos os anos entram 600 novos alunos, nos cursos oferecidos por esta escola.

Da parte dos responsáveis pela Faculdade de Economia, há todo o interesse em acolher estes alunos, embora não haja pressa nem vontade em abrir as portas a um contingente muito grande de chineses. «Temos de ser prudentes, porque também temos de testar se as coisas funcionam bem. Não podemos abrir logo muitas vagas para estudantes chineses, pois temos de responder a vários níveis, não apenas no da oferta formativa, mas também do ponto de vista social», explicou Rui Nunes.

«A criação destas condições não está apenas nas nossas mãos. Temos de envolver outros recursos da Universidade e, até da região. Há aqui um trabalho minucioso, que terá de ser feito com ponderação», acrescentou. No primeiro ano, a perspetiva é que haja um contingente «a rondar os dez alunos» chineses, naquilo que será «uma experiência-piloto».

Mais tarde, se tudo correr bem, poder-se-á alargar o protocolo, incluindo outras escolas desta universidade. «Há já contactos para alargar este protocolo à escola que se dedica ao Turismo. Fico feliz que, poucos dias depois de terem estado cá, tenham confirmado o interesse em colaborar também nesta área», ilustrou Luís Coelho.

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