
O secretário de Estado da Saúde anunciou hoje várias medidas para que o estado de saúde da Saúde no Algarve comece a apresentar melhorias já a partir do Verão. Em Junho, vão chegar à região 30 médicos de família que serão colocados nos ACES Barlavento e Central e, além disso, foram apresentadas novas soluções para colmatar a falta de clínicos e enfermeiros no Centro Hospitalar do Algarve.
Manuel Delgado está em visita ao Algarve durante esta terça-feira e, na sua passagem por Faro, revelou «soluções excecionais que podem ajudar a resolver o problema [da falta de médicos]».
A possibilidade de os doentes do Centro Hospitalar do Algarve poderem ser tratados em hospitais de Lisboa já era conhecida, mas este protocolo pode ir mais longe. «Outra solução a ser discutida pela administração do CHA é a possibilidade de virem equipas de médicos de Lisboa ao Algarve. Já que não podemos contratar rapidamente as pessoas e não há disponíveis no mercado, há a possibilidade de virem ao Algarve equipas de cirurgiões e anestesistas de Lisboa, em determinados períodos da semana, que consigam, durante dois ou três dias, operar doentes programados que estejam à espera» de tratamento.
Em última instância, Manuel Delgado disse que há também a possibilidade de que «alguns doentes possam ser operados em ambiente privado, desde que tenham disponibilidade e correspondam à qualidade que desejamos».
Se estas são medidas a curto prazo, Manuel Delgado anunciou ainda medidas para que o problema da falta de médicos se resolva de vez: «vamos abrir concursos que criam condições para que médicos que estejam nas áreas metropolitanas possam optar para vir para o Algarve. Não podemos pôr-lhes uma faca ao peito para obrigá-los a vir para aqui, mas vamos tentar criar incentivos que discriminem positivamente essas opções».
Esses incentivos serão monetários e de carreira. «Se um médico optar por vir para o Algarve, pode acontecer que fique a ganhar mais do que em Lisboa no mesmo grau da profissão. Por outro lado, há ainda apoios que os municípios podem dar a nível de habitação, alojamento e depois também pode haver incentivos de carreira: um médico que esteja numa zona carenciada, poderá progredir mais rapidamente na carreira profissional», revelou.
Segundo Manuel Delgado, o «Governo e o Ministério da Saúde, em particular, têm o foco concentrado no Algarve. É uma região do país carenciada nos recursos humanos na Saúde. E é uma porta de entrada de muitos visitantes que anualmente nos procuram. Sabemos que o fluxo turístico este ano baterá os recordes dos anos anteriores e, por estas razões, é uma área de intervenção prioritária».
O secretário de Estado diz que estas medidas tentam «introduzir uma dinâmica positiva na captação de recursos humanos e vão começar a dar frutos já a partir de Junho», com a chegada do 3o novos médicos de família. «Sabemos que é uma carência na região Central e do Barlavento e sabemos que temos que concentrar esses 30 médicos de família nessas duas zonas», disse.
Os constragimentos vividos no Agrupamento dos Centros de Saúde (ACES) do Algarve Central foram, aliás, tema de conversa entre o secretário de Estado e o presidente da Câmara de São Brás de Alportel e presidente do Conselho da Comunidade do ACES Central, Vitor Guerreiro durante a visita do governante ao Centro de Medicina e Reabilitação do Sul.
Em reunião com Manuel Delgado, o autarca entregou em mão um «ofício com relação dos distintos constrangimentos identificados nas diferentes unidades funcionais deste ACES que passam por falta de recursos humanos, falta de equipamentos e consumíveis informáticos, falta de manutenção e reparação nos edifícios, reparação e manutenção de viaturas, entre outros», segundo revela a Câmara de São Brás.
Apesar das novidades que trouxe na visita ao Algarve o membro do Governo realçou, no entanto, que «não se pode resolver os problemas todos num dia, nem de uma vez. Este processo – uma vez que os serviços de saúde se foram degradando por desinvestimento – demora o seu tempo até que seja recuperada a condição anterior. É um processo lento e não queremos que os doentes mais carenciados fiquem à espera eternamente. Digo isto porque há doentes aqui na região que estão quatro anos à espera de uma consulta de especialidade e, de cirurgia, um ano ou dois».
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