Depois da demolição, poço muda de sítio na nova rotunda de Boliqueime

O poço de Boliqueime está a ser tapado e as suas pedras vão ser reaproveitadas e montadas a uns metros […]

Fonte de boliqueime (7)O poço de Boliqueime está a ser tapado e as suas pedras vão ser reaproveitadas e montadas a uns metros de distância do local primitivo, no interior da nova rotunda em construção, no âmbito das obras de requalificação da EN125.

A informação sobre o destino do poço ou fonte de Boliqueime, cuja demolição, em Janeiro passado, causou grande polémica, foi dada ao Sul Informação por Vítor Aleixo, presidente da Câmara Municipal de Loulé.

O autarca reafirmou, porém, que não concorda com a solução colocada no terreno pela subconcessionária da EN125, o consórcio Rotas do Algarve Litoral (RAL).

«Sei que vão reaproveitar as pedras e fazer um novo bocal do poço, a uns metros de distância do original, colocando uma placa a dizer que ali existiu aquela fonte. O objetivo é que, pelo menos, fique a memória desse equipamento que durante muitos anos serviu a população e até deu nome ao lugar», explicou Vítor Aleixo.

O edil sublinha que a Câmara de Loulé «nunca esteve de acordo com esta solução». E recorda que, no ano passado, a RAL convocou uma reunião onde participaram técnicos da autarquia louletana, da Direção Regional de Cultura do Algarve e o presidente da Junta de Freguesia de Boliqueime. «Ninguém concordou com a solução apresentada pela RAL para a rotunda de Boliqueime, nessa reunião».

No entanto, passado pouco tempo, o presidente da Junta de Freguesia de Boliqueime mudou de opinião e promoveu mesmo um abaixo assinado a favor do projeto da rotunda que passava pela destruição da antiga fonte e poço, que considerou um «mamarracho», invocando o facto de a solução apresentada criar mais estacionamento para os estabelecimentos comerciais situados junto à estrada.

O que resta do poço e fonte está agora vedado
O que resta do poço e fonte está agora vedado

«A RAL, passando a contar com o apoio da Junta de Freguesia, avançou com a obra como muito bem quis», mesmo contra a opinião das outras entidades. «Sou intransigentemente contra este projeto atual da rotunda e considero que a RAL está a gerir esta questão com os pés e sem qualquer respeito pela memória do lugar», concluiu Vítor Aleixo.

Na sequência da polémica causada pela demolição da antiga fonte/poço de Boliqueime, ainda em Fevereiro, o Sul Informação contactou com a empresa Infraestruturas de Portugal (IP), que remeteu para a subconcessionária a responsabilidade pelo processo, negando ter dado qualquer autorização para a obra, tal como ela está a avançar no terreno.

A resposta da IP a uma série de questões então colocadas pelo nosso jornal salientava que «o projeto de execução da EN125 aprovado pela IP para a subconcessão Algarve Litoral prevê a construção de uma Rotunda na Fonte de Boliqueime, não sendo neste projeto afetada a fonte com a construção da mesma».

A subconcessionária Rotas do Algarve Litoral chegou a informar a IP que «se encontrava a estudar uma alteração à geometria da Rotunda da Fonte de Boliqueime», uma«alteração à solução inicial», que «resultou de diversas solicitações locais para otimização das acessibilidades e redução do impacto no comércio local».

No entanto, sublinhou ainda a IP na resposta enviada ao nosso jornal, «de acordo com as obrigações contratualmente alocadas a esta subconcessionária, esta deve promover uma auscultação junto de várias entidades (CM de Loulé, Junta Freguesia de Boliqueime, DRC Algarve…), a sua aprovação». Pelo que revelou o presidente da Câmara de Loulé ao Sul Informação, apenas a Junta de Freguesia de Boliqueime concordou com a demolição, tendo os restantes organismos sido contra. Mas isso, pelos vistos, não impediu a RAL de avançar.

«Até esta data (9 de Fevereiro], a IP ainda não aprovou alteração à geometria da Rotunda da Fonte de Boliqueime inicial», garantia aquela empresa. O Sul Informação já tentou saber se a alteração foi, entretanto, aprovada, mas até agora não há resposta.

O nosso jornal pediu também esclarecimentos, a 12 de Fevereiro passado, ao consórcio Rotas do Algarve Litoral, mas, em mês e meio, nunca recebeu qualquer resposta.

Fotos: Nuno Costa e Elisabete Rodrigues | Sul Informação

Comentários

pub