Autarca de Monchique preocupado com meios velhos e insuficientes do INEM no Algarve

As ambulâncias dos bombeiros, nomeadamente as que lhes são atribuídas pelo INEM e estão dotadas de melhor equipamento e de […]

INEM_3As ambulâncias dos bombeiros, nomeadamente as que lhes são atribuídas pelo INEM e estão dotadas de melhor equipamento e de equipas especializadas, estão a ser utilizadas para fazer transporte de doentes entre hospitais, por solicitação do Centro Hospitalar do Algarve (CHA). A situação não é nova, começou com a anterior administração do CHA, mas tende a agravar-se.

Esta foi uma das questões levantadas por Rui André, presidente da Câmara Municipal de Monchique e também da Assembleia Geral da Federação dos Bombeiros do Algarve, durante a reunião de ontem da AMAL, a Comunidade Intermunicipal do Algarve.

O autarca social-democrata está preocupado com a falta de meios do INEM no Algarve e com o envelhecimento dos que existem, considerando mesmo que esta é uma «grande preocupação que deve mobilizar o Algarve e os algarvios».

Para o edil de Monchique, a região e algumas das Corporações de Bombeiros onde estão instaladas as viaturas e serviços do INEM «não podem olhar para o futuro próximo com tranquilidade, quando apresentam uma escassez dos meios humanos e recursos técnicos que denotam alguma debilidade da resposta que devem apresentar às muitas solicitações que recebem».

Em declarações ao Sul Informação, Rui André explicou que, «na maior parte dos concelhos, os recursos são parcos e chegam apenas para uma solicitação, o que fica comprometido a cada vez que “há uma saída”, ficando desprevenida uma eventual segunda resposta».

Para mais, «a situação tende a agravar-se pelas constantes solicitações por parte do CHA (Centro Hospitalar do Algarve) às Corporações dos Bombeiros de Serviços de Transporte Inter-hospitalar», serviços esses que aumentaram «ultimamente, devido à não existência de algumas especialidade num ou noutro hospital do CHA».

Vítor Rio Alves, comandante dos Bombeiros de Lagoa, explicou ao nosso jornal que os hospitais, como «andam a poupar em tudo e não têm eles próprios meios, pedem ao INEM viaturas para transportar doentes de um lado para o outro». E se uma ambulância dos bombeiros faz um serviço de emergência até, por exemplo, ao hospital de Portimão, pode acabar requisitada para depois transportar doentes para consultas ou exames em Faro. «Nunca levam menos de três horas e, durante esse tempo, ficamos sem meios para acudir a outra emergência. Para mais, estão a usar num serviço que podia ser feito por uma viatura normal, ou até por um táxi, a nossa ambulância mais bem equipada e operada pela nossa equipa mais referenciada», lamentou Rio Alves.

INEM_5O presidente da Câmara de Monchique considera que «esta vulnerabilidade ao nível da resposta de serviços de urgência, principalmente onde os recursos são mais escassos, é ainda mais prejudicada pelo facto de ter sido transferida a Central de Emergência Médica – CODU (Centro de Orientação de Doentes Urgentes) de Faro para Lisboa, o que se tem revelado um entrave à otimização da resposta porquanto representa também um pior serviço à população».

A transferência do CODU para Lisboa deu-se há cerca de um ano, ainda sob a vigência do Governo anterior, mas Rui André, nas suas declarações ao Sul Informação, considera que «todos concordamos que agora é uma boa altura, antes do Verão, para solicitar que seja repensada esta medida», de modo a que aquele organismo «volte a funcionar a partir de Faro».

«Se para o CODU aqui em Faro às vezes era difícil enviar meios para uma rua ou um lugar no meio da serra, agora a chamada do 112 pode ser atendida pelo CODU em Lisboa, em Coimbra ou no Porto. Os bombeiros de Messines já foram enviados para uma localidade chamada Messines que há no concelho de Alcoutim e a nós, em Lagoa, já nos quiseram mandar sair para uma ocorrência em Lagoa, nos Açores…», contou o comandante Rio Alves.

Por outro lado, a recente entrega a duas corporações de Bombeiros algarvias de viaturas do INEM não tranquiliza o autarca monchiquense. É que se trata de viaturas «com quase dez anos e com mais de 300.000 quilómetros», que em nada vão alterar a situação da falta de meios.

«Sendo importante o reforço de viaturas, ainda que não se trate de uma “renovação” da frota como foi anunciada pelo Governo, é importante que a mesma seja complementada com outras medidas que visem uma otimização deste serviço na região e a consequente tranquilidade de toda a população».

Também em relação a esta questão é grande a preocupação do comandante dos Bombeiros Voluntários de Lagoa. «Devemos receber uma ambulância do INEM em Maio, mas duvido que seja nova. Para os bombeiros, eles mandam os carros já estafados, com muitos quilómetros, feitos em voltinhas pequenas, sempre a acelerar, com condutores diferentes. São carros já muito gastos», disse Rio Alves.

Se a situação seria preocupante em qualquer região, o presidente da Câmara de Monchique defende que é ainda mais grave no Algarve. «Numa região turística por excelência, mas também um território com características muito próprias e onde as acessibilidades estão ainda longe de ser um problema menor, a segurança, e particularmente a eventual resposta ao nível da emergência médica, devem ser motivo de reflexão, de forma a que, com tempo, seja preparado o período crítico do Verão no Algarve».

inemRui André considera que é, por isso, «imperioso» que os responsáveis pelo INEM na região e no país «alterem o atual estado das coisas, para que não se venham a verificar situações que, já acontecendo atualmente, se podem agravar nos meses em que a região aumenta a sua população de forma muito exponencial», para mais num ano em que se espera um recorde de turistas no Algarve.

Na reunião da Comunidade Intermunicipal, que ontem decorreu na sede desta entidade em Faro, o presidente da Câmara de Monchique pediu que a AMAL «assuma este como um tema de fundo e que essa preocupação motive e exija uma posição e alteração da situação por parte dos responsáveis que tutelam esta matéria, para bem do Algarve, dos algarvios, mas também de todos aqueles que, de férias ou em trabalho, se deslocam a esta região».

O presidente da AMAL, o socialista Jorge Botelho, comprometeu-se a fazer chegar as preocupações aos órgãos de tutela governamental.

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