Hoteleiros do Algarve conseguiram gerar mais receitas por cada turista em 2015

O ano turístico de 2015 foi cheio de boas notícias, para os hoteleiros do Algarve, mas a melhor «é que […]

Hotel vasco da gama_monte gordo_01O ano turístico de 2015 foi cheio de boas notícias, para os hoteleiros do Algarve, mas a melhor «é que o crescimento do volume de negócios foi superior ao da taxa de ocupação», considerou o presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), em declarações ao Sul Informação.

Isto significa que as unidades hoteleiras do Algarve estão a conseguir fazer mais dinheiro com cada turista que acolhem, algo só possível graças «à recuperação dos preços, que tinham baixado durante a crise».

Para Elidérico Viegas, esta é uma realidade que ficou patente nos resultados apurados pela associação empresarial algarvia relativos a 2015, divulgados esta quarta-feira. Para o representante dos hoteleiros, está-se a trilhar o caminho que permitirá regressar aos valores da viragem do século, em que a hotelaria algarvia atingiu um pico, brevemente repetido em 2007.

Os números deixam a associação feliz, mas também agradam aos empresários que representa. «Em Portugal e na Europa, onde tudo cresce, se crescer, à volta de 1%, ter uma atividade, como o turismo no Algarve, que cresce 5% em ocupação e entre 8 e 9% em vendas, é muito bom», considerou Pedro Lopes, CEO (administrador) do Grupo Pestana no Algarve.

São, de resto, os 60 por cento de ocupação e, acima de tudo, a faturação bruta direta na ordem dos 750 milhões de euros conseguidos em 2015 que levam a AHETA a dizer que o ano passado acabou «com um saldo positivo», em relação a 2014.

Fazendo a contabilidade estatística, «houve um aumento de 5,5 por cento da taxa de ocupação anual, em relação a 2014, e um crescimento das receitas de 8,6 por cento». Quanto aos preços, houve um incremento de 3,1 por cento, em relação aos praticados no ano anterior.

As dormidas totais ascenderam a cerca de 17,5 milhões e o número de hóspedes atingiu, nos empreendimentos hoteleiros e turísticos registados oficialmente, os 3,5 milhões, dos quais mais de 1,06 milhões foram nacionais. O rendimento médio por quarto disponível (RevPar) cifrou-se nos 38,9 euros/dia. «Os resultados líquidos subiram 3,3 por cento, enquanto mais de 85 por cento das empresas viram a sua situação financeira melhorar relativamente ao ano anterior», acrescentou a AHETA.

Hotel Bela Vista_01 (Custom)

O bom desempenho das unidades hoteleiras está intimamente ligado «à redução das taxas do Aeroporto de Faro, promovida pela ANA». «A empresa, que agora tem gestão privada, percebeu que tinha de baixar as taxas, para ganhar mais dinheiro, e conseguiu aumentar exponencialmente o número de passageiros transportados. Isso refletiu-se de forma positiva na ocupação dos hotéis e empreendimentos, com reflexos fora da época alta», considerou Elidérico Viegas.

Os impactos desta decisão da ANA Aeroportos reflete-se, por exemplo, «nos aumentos de 16 por cento da ocupação em Janeiro e de 17 por cento em Dezembro», ilustrou o dirigente associativo.

«Daqui a três anos, contamos atingir aquele que é considerado o ponto crítico a partir do qual os hoteleiros podem tirar total partido das suas operações, os 65 por cento de ocupação média anual», acrescentou Elidérico Viegas.

Em 2016, as previsões da AHETA, «que não costumam ficar muito longe da realidade», apontam para uma taxa de ocupação na ordem dos 62,3 por cento. «As perspectivas para 2016 apontam para a subida dos preços em 2,6 por cento, as taxas de ocupação em 3,8 por cento e o volume de vendas em 5,9 por cento, fazendo com que as empresas melhorem os seus resultados líquidos e financeiros em 2,2%», resumiu a AHETA, no balanço que divulgou dos números de 2015.

«Para este crescimento, há duas grandes forças motoras: o desvio de grandes afluxos de países como o Egito, a Tunísia e a Turquia, fazendo com que nós beneficiemos um pouco disso, e ainda o facto de a libra estar muito bem, o que faz com que o mercado britânico também esteja muito bem», considerou Pedro Lopes, que dá a perspetiva de um grupo, o Pestana, que tem oito hotéis e três pousadas no Algarve.

Por outro lado, acrescenta, «também os mercados espanhol e português correram muito bem». Há ainda «o crescimento de mercados que há quatro ou cinco anos não tinham expressão no Algarve, como o francês. São mercados ainda muito pequenos, mas que têm vindo a crescer com sustentabilidade».

 

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Monte Gordo e Vila Real de Santo António lideram na taxa de ocupação

A subida da taxa de ocupação média anual recebeu um bom contributo da parte das unidades hoteleiras da zona turística de Monte Gordo/Vila Real de Santo António, aquela que conseguiu o melhor desempenho, a nível regional, ao conseguir ter 71,1 por cento dos seus quartos ocupados, durante o ano.

«Para nós, aqui nesta zona, a palavra sazonalidade já não faz grande sentido. Temos gente o ano inteiro, não há grandes diferenças», ilustrou Carlos Viegas, o diretor do Hotel Vasco da Gama, em Montegordo, uma das unidades mais antigas do Algarve e uma referência nesta zona turística.

No caso desta unidade hoteleira, em particular, essa realidade é ainda mais notória. «No ano passado tivemos uma ocupação média anual de 82 por cento. Em Janeiro andámos nos 80 e tal, em Fevereiro perto dos 90 e as perspetivas de março é que sejam superiores a 80 por cento…», revelou. «Temos clientes que voltam cá, regularmente, há 10, 20 e 30 anos», contou.

E como se consegue esbater a sazonalidade, o grande problema da larga maioria dos agentes turísticos do Algarve, desta forma? «Penso que tem a ver com o facto de esta ser uma zona muito plana, o que leva a que venham para cá muitos holandeses.  São turistas que gostam de passear e de andar de bicicleta e aqui temos as condições ideais para isso», revelou Carlos Viegas.

Os turistas vindos daquele país «devem representar 80 por cento dos clientes», durante a época baixa. No Verão, «é tudo mais ou menos a mesma coisa, em todo o Algarve». «Entre Novembro e Abril é que damos dez a zero aos outros», disse, em tom de brincadeira.

Ou seja, na época alta, as unidades hoteleiras daquela zona, nomeadamente as que operam «entre Monte Gordo e a Manta Rota», vendem, essencialmente, o Sol e Praia, como as demais. Na época baixa, vendem as atividades ao ar livre e a saúde e bem estar, como as caminhadas ou o birdwatching, mas também o desporto. «O Complexo Desportivo de VRSA também gera muita clientela para as unidades hoteleiras desta zona, com os muitos eventos que acolhe», acrescentou.

Além desta zona turística, que teve uma ocupação média anual de 71,1 por cento, destacaram-se as zonas de Faro/Olhão com 64,7 por cento, de Portimão/Praia da Rocha/Alvor com 61,9%, Vilamoura /Quarteira/Quinta do Lago com 61,6% e Albufeira com 61,2%.

 

turismo e praias

Região de Turismo otimista em relação ao futuro da hotelaria algarvia

As unidades hoteleiras do Algarve «a caminhar no sentido da tão desejada sustentabilidade» e há razões para encarar o futuro com otimismo e confiança, considerou o presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA) Desidério Silva.

O responsável máximo pela entidade responsável pela promoção da região no mercado interno e de proximidade (Portugal e Espanha) mostra-se feliz com os resultados anunciados pelos hoteleiros, uma confirmação daquilo que a RTA já esperava. «Desde o início do ano de 2015 que, nas abordagens e contactos feitos com os hoteleiros, ficámos com a percepção de que o ano turístico ia ser bem melhor que o anterior», considerou.

À semelhança do presidente da AHETA, também Desidério Silva considera especialmente positivo o facto de se notar um aumento do retorno financeiro, «que permite às unidades hoteleiras investir», não só nas infraestruturaas que gerem, mas também nos seus recursos humanos.

«Para 2016, todos os indicadores apontam para níveis de retorno bastante bons, até superiores aos de 2015», acrescentou. Um crescimento que, defendeu, se deve aos empresários do setor, mas também «às entidades públicas», que têm trabalhado no sentido de ajudar o setor económico.

 

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Hotéis de 3 estrelas foram os mais procurados, ingleses continuam a dominar

No balanço de final de ano da AHETA, também são dados a conhecer indicadores relativos à ocupação, por tipologia de unidade hoteleira, e também sobre a nacionalidade dos turistas que escolheram o Algarve para passar férias. No topo, ficaram os  hotéis de 3estrelas, aqueles que conseguiram uma taxa de ocupação mais elevada, e o mercado britânico, que continua a ser o mais influente, seguido pelo nacional.

Por tipologia de unidade hoteleira, os hotéis de 3 estrelas registaram a taxa de ocupação média mais alta (66,2%), seguidos dos aldeamentos e apartamentos turísticos de 5 e 4 estrelas (63,9%).

Os turistas britânicos geraram mais de 5,7 milhões de dormidas (32,7%), secundados pelos nacionais com perto de 4,1 milhões (22,9%), pelos alemães (1,9 milhões, 11,2%), pelos holandeses (1,5 milhões, 9,6%) e irlandeses (927 mil, 5,1%).

Em 2015, o golfe turístico gerou 1 milhão e 166 mil voltas, ou seja, uma média de 30.807 voltas por campo (+7,4%). «Os turistas estrangeiros são responsáveis por 95 por cento das voltas comercializadas (250 mil turistas/ano), tendo as receitas diretas atingido cerca de 75 milhões de euros e as indiretas (alojamento, restauração, comércio, rent-a-car, etc.) à volta dos 350 milhões de euros em bens transacionáveis», revelou a AHETA.

Também as marinas e portos de recreio do Algarve viram aumentar, em média, o número de visitas de embarcações nacionais e estrangeiras e o Turismo Residencial deu sinais de recuperação, «consubstanciado num crescimento das transacções de imóveis efetuadas durante o ano».

Além dos fatores já mencionados por Elidérico Viegas e por Pedro Lopes, também «a descida dos preços do Jet Fuel para aviões (-50% em euros e -70% em dólares desde 2013), contribuíram, decisivamente, para o aumento da procura verificado em 2015», concluiu a associação empresarial.

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