Câmara de Monchique assina protocolo com Universidade do Algarve para estudar e valorizar o Castelo de Alferce

A Câmara Municipal de Monchique está a preparar uma nova intervenção arqueológica para estudo e valorização do Cerro do Castelo […]

Castelo de Alferce_1A Câmara Municipal de Monchique está a preparar uma nova intervenção arqueológica para estudo e valorização do Cerro do Castelo de Alferce, que inclui a criação, no futuro, de um Centro Interpretativo na aldeia e percursos de visita àquele sítio arqueológico.

Para dar corpo a esta intervenção, a autarquia monchiquense e a Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade do Algarve assinaram esta sexta-feira, dia 26 de Fevereiro, um protocolo no âmbito daquele projeto do estudo e valorização. A iniciativa conta ainda com o apoio da Junta de Freguesia de Alferce.

Na mesma ocasião, foi ainda assinado outro protocolo de colaboração geral com a Universidade do Algarve, que tem como intuito conhecer, proteger e valorizar o diversificado património cultural existente em Monchique.

O objetivo é o desenvolvimento de atividades de cooperação que reforcem os interesses mútuos das duas Instituições, nomeadamente na área da cultura e da investigação, promoção e valorização do Património arqueológico e monumental do concelho de Monchique.

Protocolo Câmara Monchique_UAlg_1Rui André, presidente da Câmara de Monchique, afirmou que «além de proporcionar uma melhor gestão do património cultural concelhio, estas parcerias permitirão a valorização de um emblemático e sui generis sítio arqueológico – que contribuirá para uma maior atração turística a este território e, justamente, constituirá mais um elemento diferenciador deste concelho».

«O estudo do património cultural concelhio possibilita a preservação e a consequente valorização, no presente, da memória de épocas e ocupações deste território no passado, olhando também para a atratividade futura de uma freguesia rural de um concelho que tem no seu património cultural uma riqueza, por muitos ainda desconhecida e que pode constituir também mais uma valorização quer do ponto de vista turístico, quer económico e social», acrescentou o autarca.

A cerimónia de assinatura decorreu no Salão Nobre da Câmara Municipal de Monchique e contou com a presença do presidente Rui André, do reitor da Universidade do Algarve, António Branco, da diretora da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da UAlg, Mirian Tavares, bem como do professor e arqueólogo João Pedro Bernardes.

 

Castelo de Alferce_2

O Castelo de Alferce foi classificado, em 2013, como Sítio de Interesse Público, tendo sido definida ainda uma área envolvente de proteção do monumento.

O Castelo de Alferce é um povoado com origem na Idade do Bronze, que terá tido ocupação contínua até à posterior ocupação islâmica, entre os séculos X-XI (período emiral), funcionando como hisn (pequeno povoado fortificado), provavelmente de apoio ao Castelo de Silves.

Tinha uma importante função estratégica, dominando a região da Picota, a bacia hidrográfica da Ribeira de Odelouca e as vias entre Silves e Monchique.

Atualmente, os vestígios da fortificação encontram-se envolvidos de vegetação, em grande parte limpa durante uma intervenção da Câmara de Monchique, com o consentimento dos proprietários do terreno, em 2014, mas ainda são visíveis alguns alinhamentos de muralhas.

A fortificação era constituída por três ordens de muralhas: um fortim superior de planta sub-quadrangular de tipo qasr (alcácer), uma cintura de muralhas a cerca de 36 metros do fortim e uma terceira cerca a rodear todo o cerro, com cerca de 2,9 hectares de área intra-muros.

Esta terceira cintura de muralhas, identificada numa campanha arqueológica em 2004, foi edificada com blocos de sienito ligados com barro de grão fino.

 

A cisterna do Castelo de Alferce
A cisterna do Castelo de Alferce

 

O sienito é igualmente o material de construção das outras duas ordens de muralhas, sendo que, no caso do fortim, é rebocado com cal e apresenta um aparelho muito regular.

O espaço entre o fortim e a segunda cintura de muralhas seria a área residencial, tal como indicia alguma cerâmica ali encontrada.

Um pouco afastada do tramo leste da muralha, encontra-se a entrada de uma cisterna, com aparelho argamassado de cal, com 4 metros de comprimento, 2,2 metros de largura e 1,5 metros de altura.

Outra área residencial desenvolvia-se entre a segunda e a terceira cintura amuralhada, na plataforma Oeste do cume do cerro.

Assim, o Castelo de Alferce inscreve-se na mesma categoria de fortificações do Castelo Velho de Alcoutim ou do Castelo das Relíquias, todos edificados em época emiral.

 

Fotos: Elisabete Rodrigues|Sul Informação (castelo) e Câmara Municipal de Monchique (protocolo):

 

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