A “outra” nova música portuguesa tem lugar no Festival «Som Riscado» de Loulé

É, desde logo, um momento de divulgação da nova música portuguesa, ainda que não seja tocada por bandas do mainstream. […]

É, desde logo, um momento de divulgação da nova música portuguesa, ainda que não seja tocada por bandas do mainstream.

Mas o Festival de Música e Imagem «Som Riscado», que decorrerá no Cine-Teatro Louletano e noutros espaços de Loulé entre os dias 31 de Março e 3 de Abril, é muito mais do que isso: é um ponto de encontro entre a música e outras artes, numa abordagem experimental inédita no Algarve, que pretende contribuir para o pensamento cultural do concelho.

Esta é mais uma iniciativa promovida pela Câmara de Loulé, neste caso, com um forte envolvimento da equipa do Cine-Teatro. A sua ideia é «fomentar cruzamentos e diálogos criativos entre a nova música portuguesa (de vocação minimal, repetitiva, psicadélica e eletrónica) e o(s) universo(s) da imagem e das artes visuais (desenho, pintura, fotografia, cinema, graffiti, arte digital/imagem animada, design)», segundo a autarquia.

«O Som Riscado nasce de uma necessidade nossa de escutar Loulé, integrada na estratégia que a Câmara tem para a cultura, e assente num princípio muito básico, que é o de colocar a cultura como um fator de desenvolvimento da cidade e, sobretudo, como fator de pensamento sobre Loulé», explicou ao Sul Informação Dália Paulo, diretora do Departamento de Desenvolvimento Humano e Coesão da Câmara de Loulé.

Isto faz-se, desde logo, envolvendo os agentes culturais locais. «Não queríamos que o festival tivesse um formato de apresentação, mas sim de implicação, envolvendo a cidade na sua feitura. Daí as ligações entre o fora e o dentro, não só entre as várias artes performativas e visuais, mas entre artistas de cá e outros de lá», acrescentou.

Assim, o programa vai contar com muitos artistas locais, não só músicos e bandas, entre os quais o contrabaixista Carlos Barretto e o acordeonista algarvio João Frade, mas também de outras vertentes, como o artista plástico El Menau e o fotógrafo Vasco Célio. Também virá gente de fora, nomeadamente a banda portuguesa «Sensible Soccers», que estará no Algarve pela primeira vez.

 

Banda Sensible Soccers
Sensible Soccers

 

Quem se dirigir a Loulé entre 31 de Março e 3 de Abril, poderá usufruir de oferta cultural em diversos formatos. «Não são só concertos. Há exposições, debates e reflexões, workshops, instalações e performances…», descreveu Dália Paulo. Muitas das criações serão apresentadas, em primeira-mão, no «Som Riscado»

Outra premissa deste Festival de Som e Imagem de Loulé foi a de não fechar o festival e trazê-lo «cá para fora», para que «a arte possa transformar a cidade, através da sua atuação». Assim, além do Cine-Teatro Louletano, serão realizadas iniciativas um pouco por todo o centro histórico de Loulé, nomeadamente «a Cerca do Convento, a Casa da Cultura, o Studio 43, frente à Câmara Municipal, na Avenida José da Costa Mealha e no Inuaf».

Muitas das iniciativas terão entrada paga (haverá passe festival), mas também haverá outras de entrada livre.

O «Som Riscado» quer, acima de tudo, ser «uma oferta complementar à que já existe, fugindo àquilo que já havia». Isto no que toca a festivais, pois «a nova música portuguesa, mais minimalista», tem tido lugar na programação do Cine-Teatro, «de forma pontual», nos últimos anos.

«Se virmos a nossa programação desde 2014, ela tem vindo a aparecer, ainda que timidamente. E porquê? Porque sentimos que há uma faixa de público, o jovem e o jovem adulto, que precisa destas apostas e de não se desligar. Lá está: este é um festival de ligações, a todos os níveis», ilustrou Dália Paulo.

 

Cineteatro Louletano

 

«Este evento é feito com as pessoas de cá, com as associações e com as mais valias que nós temos. Não se trata de trazer apenas gente de fora, para que nos pudéssemos deleitar e ouvir. Trata-se de implicar as pessoas do Algarve, que são fabulosas e estão a trabalhar, aqueles que não estão no mainstream, mas a fazer coisas mais arrojadas, e às quais é preciso dar palco», reforçou.

«Isto faz todo o sentido, na estratégia que temos, que coloca a cultura como um dos pilares fundamentais de desenvolvimento do território. Não se pode querer desenvolver o concelho, tendo a cultura como fundamento, e depois fazer só apresentação e não fazer reflexão e pensamento», defendeu a diretora do Departamento de Desenvolvimento Humano e Coesão da Câmara de Loulé.

Loulé não caminha sozinho neste objetivo, já que, no caso do «Som Riscado, se procurou ultrapassar as fronteiras do concelho, envolvendo entidades de âmbito regional, como a Universidade do Algarve e a ETIC_Algarve, escola sediada em Faro.

Uma abertura que foi bem recebida pelos que dedicam a sua vida às artes, no Algarve. «Podemos dizer que sentimos o entusiasmo dos agentes culturais do Algarve. Desde Lagos a Vila Real de Santo António, tivemos contactos de pessoas que nos pediram para participar», revelou Dália Paulo. Neste «ano zero», a programação já está fechada, mas, no futuro, a inclusão de cada vez mais artistas da região é um objetivo.

Dália Paulo salienta o trabalho da equipa do Cine-Teatro, da qual Paulo Pires é elemento importante. «Nós só conseguimos chegar aqui devido ao esforço da equipa do Cine-Teatro. As coisas não se fazem sem pessoas e elas têm nomes. A entrada do Paulo veio permitir que a implementação da nossa estratégia fosse um sucesso», considerou.

 

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