Hospital de São Gonçalo e Universidade avaliam prevalência da otite serosa nas crianças do Algarve

O Pedro, de três anos, sentou-se, de olhos muito abertos, junto a Ana Dias, aluna do Mestrado Integrado em Medicina […]

Rastreio_Amigos dos Pequeninos_01O Pedro, de três anos, sentou-se, de olhos muito abertos, junto a Ana Dias, aluna do Mestrado Integrado em Medicina da Universidade do Algarve, enquanto ela lhe encostava ao ouvido um aparelho para medir a audição. «Vês aquela luzinha? E estas cores todas?», perguntava a aluna, para tranquilizar o petiz, apontando para os gráficos que apareciam no ecrã do computador.

O Pedro foi uma das cerca de 290 crianças, entre 1 e 8 anos de idade, do Colégio O Bambino, de Lagos, e dos Amigos dos Pequeninos, de Silves, a participar este mês no rastreio integrado no Estudo da Prevalência da Otite Média Serosa na população pediátrica em Portugal.

A otite serosa é uma doença que afeta muitas crianças em todo o país, causando não só o natural mal estar, a perda de dias de trabalho dos pais, despesas médicas, mas, sobretudo, a hipótese de as crianças virem a ter problemas de audição ou mesmo surdez. Daí que estudar a sua prevalência, ou seja, qual a percentagem de crianças afetadas, seja importante para compreender esta questão.

Este é o primeiro grande estudo na área desenvolvido em Portugal. É coordenado a partir da região algarvia, numa parceria entre a Universidade do Algarve e o Hospital de São Gonçalo de Lagos (4H Group), mas abarca ainda outras regiões, como Coimbra e Porto.

O estudo está a ser conduzido sob orientação do professor doutor Armin B. Moniri (professor convidado da Universidade do Algarve e diretor clínico adjunto do Hospital de São Gonçalo, em Lagos) e de João Lino (médico especialista em Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial no Instituto CUF Porto e assistente hospitalar no Centro Hospitalar do Porto), sendo operacionalizado, no terreno, por Ana Dias e Helder Lousada, ambos alunos do Mestrado Integrado em Medicina da UAlg, conjuntamente com o staff do HSGL. Os exames foram feitos na carrinha da Unidade Móvel de Saúde daquele hospital privado, que se deslocou às duas escolas.

O Doutor Gonçalo, no meio das Crianças, no recreio dos Amigos dos Pequeninos, em Silves
O Doutor Gonçalo, no meio das Crianças, no recreio dos Amigos dos Pequeninos, em Silves

Edite Palma, diretora dos Amigos dos Pequeninos, em Silves, disse ao Sul Informação que «os pais viram com muito bons olhos a realização deste rastreio», tanto mais que, no final, «é entregue um relatório aos pais». A escola planeia também «fazer uma reunião com todos os pais, no final, para lhes explicar os resultados e os tranquilizar, até sobre os passos que poderão seguir, caso seja diagnosticado algum problema aos seus filhos».

Edite Palma acrescentou que a escola que dirige, e que recebe alunos de todos os extratos sociais de Silves, sempre teve «uma estratégia que passa por abrir as portas a outras instituições, desde que isso seja benéfico para os nossos meninos. Daí a importância da participação neste rastreio, que é gratuito».

«Agradecemos o convite do Hospital de São Gonçalo para participarmos neste estudo, uma vez que, de outro modo, não poderíamos proporcionar este serviço. Temos aqui a possibilidade de fazer um primeiro despiste, para depois os pais obterem a informação e ainda irem a tempo de corrigir e tratar algum problema que os seus filhos possam ter. Se calhar, temos aqui pais que, por si só, não teriam possibilidade de fazer este primeiro rastreio. Isto é, sem dúvida, uma mais valia para nós, para os pais e para a comunidade», disse a diretora dos Amigos dos Pequeninos.

Nuno Rebelo Alexandre, responsável pela Comunicação do Hospital de São Gonçalo, salientou o interesse que a instituição tem nestes serviços que presta à comunidade. O estudo, coordenado por Armin Moniri, permite colocar a trabalhar «em parceria duas entidades importantes no Algarve, que são o Hospital de São Gonçalo e a Universidade».

Por outro lado, acrescentou, mesmo para os «alunos do curso de Medicina que operacionalizam o rastreio, isto é também muito bom, do ponto de vista académico e pessoal».

Para alegria da pequenada, em ambas as escolas, além do rastreio, também esteve presente o Doutor Gonçalo, a mascote do hospital, a quem todas as crianças quiseram cumprimentar. Todas? Bem, nem sempre. É que alguns dos petizes, sobretudo os mais novitos, fugiam a sete pés do simpático Doutor Gonçalo e da sua enorme cabeça… Nada que tivesse atrapalhado o estudo, claro.

Nuno Alexandre, do Hospital de São Gonçalo de Lagos, revelou ainda que, depois da audiologia, aquela unidade de saúde privada pretende ainda realizar rastreios gratuitos, em escolas privadas e públicas, na área da oftalmologia.

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