Águia-imperial-ibérica encontrada morta nas planícies do Baixo Alentejo

O ano de 2016 começou mal para a conservação da Águia-imperial-ibérica em Portugal, com a morte de uma ave potencialmente […]

aguia-imperial-iberica-JosePesqueroO ano de 2016 começou mal para a conservação da Águia-imperial-ibérica em Portugal, com a morte de uma ave potencialmente reprodutora, no concelho de Mértola, nas planícies do Baixo Alentejo.

Esta espécie está entre as aves de rapina mais raras do mundo, é uma das espécies mais ameaçadas da Europa e em Portugal é classificada com o estatuto de “criticamente em perigo”.

No dia 4 de Janeiro, um técnico do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) encontrou o cadáver de uma Águia-imperial sob um pinheiro-manso onde a espécie já nidificou anteriormente. Este apresentava evidências compatíveis com um possível envenenamento.

O SEPNA (Serviço de Proteção da Natureza) da GNR foi chamado ao local, tendo recolhido o cadáver e procedido a buscas e recolha de provas. As buscas foram realizadas com o apoio de uma das equipas cinotécnicas para deteção de venenos da GNR, criadas no âmbito do Projeto LIFE Imperial, coordenado pela Liga para a Protecção da Natureza (LPN). O cadáver e as provas recolhidas foram agora enviados para necrópsia e análises periciais.

O exemplar foi encontrado durante as buscas para localizar outra Águia-imperial que está a ser monitorizada no âmbito do programa de seguimento remoto por GPS do Projeto LIFE Imperial e que esteve alguns dias sem emitir.

Foi nesta região que, no início do ano de 2015, morreu um Lince-ibérico envenenado e se verificou também a morte de um adulto e um imaturo de águia-imperial por envenenamento (2013 e 2015, respetivamente).

Na região, têm-se detetado muitos casos de mortalidade de várias espécies por possível envenenamento, tendo a equipa da LPN detetado quatro possíveis casos apenas em dezembro passado (Milhafre-real e Águia-de-asa-redonda), e aos quais foi dado o devido seguimento, estando a ser aguardados os resultados.

Este factos, segundo a Liga para a Proteção da Natureza, «reforçam a importância da atuação do Projeto LIFE Imperial no combate das ameaças à espécie, neste caso o uso de veneno».

O Projeto LIFE Imperial e os parceiros que o integram estão empenhados na luta contra o uso de veneno, através da implementação de um programa de formação, sensibilização, fiscalização e ação judicial.

O uso de veneno, comum na Península-Ibérica, é já considerado uma das principais causas de mortalidade não natural da Águia-imperial-ibérica em Espanha.

Em Portugal, o efeito real do uso ilegal de venenos é ainda desconhecido, mas os casos identificados indiciam um elevado e abrangente uso ilegal de tóxicos.

A facilidade de aquisição do veneno e da sua aplicação, assim como o número de indivíduos que pode eliminar e a sua baixa seletividade, tornam este problema numa das maiores ameaças atuais à conservação de várias espécies, nomeadamente da Águia-imperial-ibérica.

O uso de veneno na natureza é também uma grave ameaça à saúde pública e animais domésticos.

 

A Águia-imperial-ibérica (Aquila adalberti)
Atualmente nidifica exclusivamente na Península Ibérica. A espécie sofreu um grande declínio que culminou com o desaparecimento da população reprodutora em Portugal, entre finais da década de 1970 e inícios da década de 1980.

Apenas em 2003 se voltou a confirmar um casal nidificante e, desde então, têm vindo a colonizar lentamente o território nacional, apresentando o estatuto de conservação de “Criticamente em Perigo”.

Em 2015 a população nacional foi de 13 casais, divididos pelas regiões da Beira Baixa, Alto Alentejo e Baixo Alentejo.

 

O Projeto LIFE Imperial
O Projeto LIFE Imperial (LIFE13/NAT/PT/001300) é um projeto coordenado pela LPN e conta com oito beneficiários associados nacionais e espanhóis, sendo financiado a 75% por fundos comunitários do Programa LIFE da União Europeia.

O LIFE Imperial tem por objetivo assegurar o aumento da população de Águia-imperial em Portugal, e consequentemente da população global ibérica, através da redução das ameaças que afetam o eficaz estabelecimento de casais em Portugal, orientando a sua atuação de modo a garantir que o retorno natural da espécie a Portugal possa ser consolidado de forma sustentável e duradoura.

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