O legado deixado pelo Infante D. Henrique no Algarve, mas não só, continua o seu “caminho”, em busca da inclusão na Lista Indicativa de Portugal a Património Mundial da UNESCO.
O presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA), entidade que lidera o processo, e a diretora regional de Cultura do Algarve, bem como outras entidades, estiveram esta segunda-feira em Lisboa para fazer uma primeira apresentação da abrangente candidatura «Lugares da 1ª Globalização» ao comité nacional daquela organização internacional.
Nesta reunião com o painel que decidirá a aprovação ou rejeição da candidatura, Desidério Silva fez uma apresentação do projeto e dos seus objetivos, enquanto Alexandra Gonçalves avançou os argumentos técnicos que a sustentam.
Segundo revelou ao Sul Informação o presidente do Turismo do Algarve, durante o próximo mês, e antes da apresentação final, a RTA, com o apoio da Direção Regional de Cultura e da Universidade do Algarve, vai «ajustar a proposta e corrigir eventuais problemas que haja», de modo a tentar convencer o júri da UNESCO, ainda antes do final do ano.
Um dos trunfos com o qual Desidério Silva conta, para convencer a comissão nacional da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, é a grande abrangência desta candidatura.
A «Lugares da 1ª Globalização» junta não apenas as três entidades mais ligadas à sua elaboração, mas também conta com a parceria de oito municípios algarvios, a que se juntaram, entretanto, outras regiões nacionais e de outros países, nomeadamente as Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, Cabo Verde e as localidades marroquinas de Ceuta, Tânger e Alcácer Ceguer.
«Esta candidatura pretende trilhar os caminhos e percursos da época do Infante D. Henrique, muitos dos quais partiram aqui do Algarve», disse Desidério Silva. Daí a inclusão de tantos locais no projeto, todos eles «com património edificado e história ligados a este período».
E se, nalguns casos, como em Vila do Bispo e Lagos, a ligação com o Infante é mais conhecida, o contributo de outras localidades do Algarve para o esforço dos Descobrimentos, que têm no Infante a sua figura maior, não é tão óbvio. Mas nem por isso é menos importante.
A Monchique, o Infante D. Henrique foi buscar «madeiras que serviam para a construção naval, assim como a grande produção de cera para a betumagem dos navios e impermeabilização das suas velas», segundo o presidente da Câmara de Monchique Rui André, que também esteve em Lisboa, esta segunda-feira, inserido na comitiva que acompanhou Desidério Silva e Alexandra Gonçalves.
Silves, ali mesmo ao lado, foi o local onde D. Henrique terá vivido, no Algarve, tendo sido alcaide do seu castelo. Já Tavira, além da sua importância como Praça de Armas (à semelhança de Castro Marim), «terá sido o local onde o Infante D. Henrique foi armado cavaleiro da Ordem de Cristo», segundo Alexandra Gonçalves.
O contributo de Aljezur esteve muito ligado aos bens alimentares que abasteciam as embarcações. Alvor terá sido propriedade de D. Henrique e «lugar proeminente da Baía de Lagos na segunda metade do século XV».
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