Universidades do Sul criam consórcio de Estudos Mediterrânicos que «é mesmo» para funcionar

As universidades do Algarve, de Évora e Nova de Lisboa criaram a plataforma «Estudos Mediterrânicos, consórcio universitário», que as colocará […]

Lançamento Consórcio Estudos Mediterrânicos_UAlg_UE_UNL_1As universidades do Algarve, de Évora e Nova de Lisboa criaram a plataforma «Estudos Mediterrânicos, consórcio universitário», que as colocará a trabalhar em conjunto nas áreas do Património, Recursos Hídricos e Energia.

Uma parceria na qual serão empenhados recursos das três instituições de Ensino Superior, nomeadamente o seu capital humano, pretendendo-se que esta colaboração traga resultados efetivos, segundo garantiram os reitores das três universidades, numa conferência de imprensa conjunta hoje realizada em Faro.

A ideia é ganhar dimensão, não só através da união entre as três Instituições de Ensino Superior portuguesas, mas com um alargamento da plataforma além fronteiras, nomeadamente para o Norte de África. Na calha, estão já colaborações com Universidades de Marrocos e Tunísia, bem como da Argélia, embora, neste último caso, os parceiros ainda estejam por identificar.

A lógica por detrás deste projeto de cooperação é clara. «Não se cria um consórcio pelo topo, temos de o começar pela base», defendeu o reitor da UAlg António Branco, à margem da sessão. Daí a aposta em três áreas específicas, onde há capacidade, mas, acima de tudo, vontade de trabalhar em conjunto.

E quando se fala em vontade, é da parte dos investigadores e outros académicos envolvidos, que serão os verdadeiros motores deste projeto. «Nós não vamos trabalhar nada, vocês é que vão», disse, a brincar, a reitora da Universidade de Évora Ana Costa Freitas, dirigindo-se aos investigadores e docentes das diferentes universidades presentes.

António Rendas: “No fundo, queremos fazer melhor em conjunto do que fazemos, individualmente. Eu sei que, em Portugal, se diz muito isto, mas nós queremos mesmo fazê-lo”

«A verdade é que, se não conseguirmos entusiasmar as pessoas [da comunidade académica], é muito difícil ter sucesso. E eu vejo as pessoas entusiasmadas por este projeto», acrescentou a reitora da universidade alentejana.

Já António Rendas, reitor da Universidade Nova de Lisboa, falou em três instituições «muito empenhadas em desenvolver o Sul», que, para este responsável, começa no Tejo, lembrando o polo que a sua universidade mantém na margem Sul deste rio. «No fundo, queremos fazer melhor, em conjunto, do que fazemos, individualmente. Eu sei que, em Portugal, se diz muito isto, mas nós queremos mesmo fazê-lo. Se não formos capazes, não conseguiremos aliciar parceiros do outro lado do Mediterrâneo, nem mobilizar recursos para captar projetos para Portugal», ilustrou.

António Rendas refere-se ao objetivo assumido de conseguir fixar linhas de investigação no nosso país, através desta plataforma, que “bebam” de fontes de financiamento internacionais, nomeadamente da União Europeia. Algo que, atualmente, é muito complicado, dada a dimensão dos projetos que é possível apresentar, individualmente, por cada uma das universidades envolvidas. «No fundo, queremos tornar-nos mais competitivos», resumiu António Branco.

No Memorando de Entendimento que foi formalizado há cerca de mês e meio, em Évora, pelas universidades que lançaram o consórcio, é estipulado que o projeto será orientado «para o progresso do conhecimento, para a qualidade do Ensino Superior e para a qualificação das atividades de prestação de serviços no âmbito dos países do Mediterrâneo».

Lançamento Consórcio Estudos Mediterrânicos_UAlg_UE_UNL_3A busca de parceiros já começou há algum tempo e está a dar frutos. Na reunião de parceiros que antecedeu a conferência de imprensa, o Campo Arqueológico de Mértola associou-se oficialmente à plataforma. Uma aquisição que pode dar uma ajuda, na altura de convencer universidades magrebinas a aderir ao projeto, já que, como ilustra o diretor deste campo Cláudio Torres, «há muitos estudantes do Norte de África que procuram o campo, para estudar o período islâmico» e «há condições excecionais para encetar parcerias com outros países do Sul».

E já há algumas IES interessadas em cooperar. Entre elas, destaque para a Universidade de Marraquexe, em Marrocos, que foi classificada como a melhor universidade de África, no ranking divulgado pelo The Times Higher Education/2015. Neste reino do Norte de África, há outras quatro universidades envolvidas.

«Também temos três ou quatro universidades da Tunísia que também disponíveis. O elo mais fraco é a Argélia, onde ainda não conseguimos definir parceiros», resumiu o ex-reitor da Universidade do Algarve João Guerreiro, que tem estado intimamente ligado a este esforço de relações bilaterais.

A nível interno, há abertura para a entrada de mais parceiros, embora não tenha sido anunciada, para já, a entrada de mais nenhuma.

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