PS/Algarve diz que a Ortopedia do Hospital de Faro está em risco de «encerramento total»

O Serviço de Ortopedia do Centro Hospitalar do Algarve (CHA) está em risco «de encerramento total», devido à anunciada saída de […]

Hospital de FaroO Serviço de Ortopedia do Centro Hospitalar do Algarve (CHA) está em risco «de encerramento total», devido à anunciada saída de médicos a ele afetos, alegou o PS Algarve.

A «situação dramática» vivida nos hospitais algarvios leva a que os socialistas exijam que o Conselho de Administração do CHA desenvolva «as diligências necessárias para reverter tal processo», mas sem pedir, «para já», o afastamento de Pedro Nunes da presidência deste órgão.

O presidente da Federação do Algarve do PS e deputado à Assembleia da República pela região António Eusébio tomou uma posição pública, na manhã desta terça-feira, motivada «pelo anúncio da demissão de mais seis médicos, três deles internos, do serviço de Ortopedia do Hospital de Faro», situação que, considerou, é «a gota de água» no processo de «degradação da saúde pública no Algarve».

A posição foi tomada horas antes de ter sido anunciado que o socialista António Costa será o novo Primeiro-Ministro de Portugal. Desenvolvimento que não muda as exigências de António Eusébio, nem mesmo no que toca ao futuro dos atuais responsáveis pela administração do CHA.

O deputado socialista disse ao Sul Informação que, «para já», o pedido de demissão da equipa liderada por Pedro Nunes, por parte dos deputados socialistas eleitos pelo Algarve, é «uma situação que não se coloca». Mas mantêm a intenção de pedir «a audiência urgente dos responsáveis do CHA e os representantes dos médicos, enfermeiros e autarcas no parlamento».

Esta audiência parlamentar servirá para confrontar os administradores do CHA com o «estado de degradação que atingiu o Serviço Nacional de Saúde (SNS), no Algarve», que «prejudicou muitos utentes e profissionais de saúde», dando-lhes a oportunidade para justificar a sua atuação. «Esta é uma situação que já se arrasta há muito tempo. É preciso criar melhores condições de trabalho, para atrair profissionais de saúde e aumentar a capacidade de resposta», defendeu.

A «gota de água» que motivou a tomada de posição dos socialistas algarvios está, de resto, ligada a esta situação. «Nós temos conhecimento que em Novembro, por ordem do conselho de administração, todos os doentes com necessidade de cirurgia ortopédica urgente ou emergente foram transferidos para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, por incapacidade do serviço no Algarve. A confirmar-se em janeiro a demissão de mais seis médicos significaria o encerramento total do serviço de ortopedia no Algarve», garantiu António Eusébio.

O presidente do Conselho de Administração do CHA Pedro Nunes confirma que há médicos que vão sair, em breve, deste serviço, mas garante que são três, e não seis, como alegam os socialistas. E todos eles vão rumar «ao setor privado», uma situação que o administrador dos hospitais algarvios diz não ter meios para combater.

António Eusébio«Não é a administração do CHA que define o ordenado que se paga aos médicos, no SNS, nem controlamos a forma como dinheiro público é canalizado para o setor privado. Nós pagamos e damos as condições que nos são permitidas pelo Ministério da Saúde. Não conseguimos competir com o privado», defendeu.

Quanto ao envio de doentes do serviço de ortopedia para o Hospital de Santa Maria, também aconteceu, mas de forma «pontual». «Foram alguns doentes transferidos para Lisboa, já que os utentes do Algarve não são menos do que os do resto do país. Tivemos um pico de afluência e procurámos dar resposta a nível interno. Quando esgotámos todas as possibilidades, optámos por transferir alguns pacientes para o Santa Maria. Mas a situação já normalizou há uma semana», assegurou.

O responsável máximo pela gestão dos hospitais públicos algarvios aproveitou, ainda, para deixar um recado aos socialistas. «António Costa foi agora indicado para formar Governo. O PS tem aqui uma boa oportunidade para enviar médicos para o Algarve», afirmou.

Neste campo, António Eusébio acredita que o novo Governo socialista, com apoio parlamentar do BE e do PCP, irá promover mudanças, para melhor. «O futuro ministro da Saúde [Adalberto Campos Fernandes] está ciente das dificuldades vividas no Algarve e estou certo que focará a sua atenção na região», afirmou.

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