Praia do Telheiro deve ser ponto de partida para criação do GeoParque do Algarve

A Associação Almargem anunciou hoje que «defende e apoia todas as ações que pretendam preservar, divulgar e valorizar o geomonumento […]

Praia do Telheiro_01A Associação Almargem anunciou hoje que «defende e apoia todas as ações que pretendam preservar, divulgar e valorizar o geomonumento da Praia do Telheiro, bem como outros geomonumentos de que o Algarve é tão rico e que se encontram abandonados ou esquecidos».

A associação algarvia de defesa do ambiente sublinha que «os valores existentes justificam a criação de uma estrutura conservacionista regional, que possa angariar os meios necessários para promover a proteção efetiva e dinâmica de locais tão emblemáticos como a Praia do Telheiro, a Ponta da Piedade, o Maciço Subvulcânico de Monchique, os Megalapiás de Loulé, a Nave do Barão ou o Pego do Inferno, entre muitos outros».

Por isso, a Almargem apela «a todas as entidades públicas e privadas que possam estar interessadas neste projeto, para que, o mais rapidamente possível, possam criar um grupo de trabalho com vista à eventual criação de um GeoParque do Algarve, disseminado através de todo o território».

A associação defende que esse GeoParque do Algarve seria «com certeza, mais um poderoso meio de promoção turística da região, unicamente baseado nos seus valores naturais».

A propósito do caso da alegada destruição do geossítio da Praia do Telheiro, na costa ocidental de Vila do Bispo, devido a obras de alargamento de uma estrada feitas pela Câmara Municipal, sem autorização prévia, a Associação Almargem salienta que «este caso tem atingido proporções» que considera serem «manifestamente desajustadas».

«Títulos de jornal de primeira página falando da destruição do “grand-canyon” do Algarve, comentários e afirmações acerca da obra em causa como se ela estivesse a pôr diretamente em perigo o geomonumento existente na praia, são atitudes que não se justificam», sublinha.

«A estrada em questão, que foi aberta há já dezenas de anos, desce até à beira da falésia oriental da praia, enquanto  o geomonumento se encontra localizado a uns 400 metros de distância, na falésia a norte da praia».

Praia do Telheiro_02A Almargem recorda que a Câmara de Vila do Bispo alega que as obras mais não foram que «uma tentativa de delimitar o traçado rodoviário, eliminando os diversos trilhos selvagens que, ao longo dos anos, foram sendo abertos em paralelo, para aceder à beira da falésia sobranceira à praia, uma centena de metros abaixo do ponto onde normalmente a maioria dos utentes deixa os seus veículos».

«Para esse efeito, foram efetivamente revolvidas as bermas da estrada já existente, destruindo alguma vegetação e uma parte da formação geológica de dunas fósseis que aí se encontra».

«O ICNF, através do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, comunicou, entretanto, que a obra não põe em causa o Plano de Pormenor do referido parque natural, uma vez que se trata de um simples melhoramento de acessos já existentes. Na sequência dessa posição, o SEPNA-GNR limitou-se a sugerir que a obra fosse devidamente balizada e sinalizada», recorda ainda a associação.

Tendo tudo isso em causa, a Almargem considera, «após uma análise mais aprofundada dos acontecimentos», que a solução «deverá passar pela conclusão urgente da obra, delimitando adequadamente a estrada de acesso, impedindo a passagem pelos restantes trilhos marginais e pela reposição da vegetação nesses locais e nos que indevidamente foram agora afetados».

A Praia do Telheiro é um dos vários locais do Algarve que possui um valor patrimonial considerável devido à ocorrência de um geomonumento de características pouco comuns.

Além de outras formações geológicas interessantes que ali podem ser observadas, «na extremidade norte da praia surge uma lacuna ou discordância entre os estratos rochosos, que representa um salto no tempo de mais de 50 milhões de anos, entre os xistos do Carbónico e os arenitos vermelhos do Triássico», recorda a Almargem.

«Não sendo caso único no Algarve (existe uma outra formação semelhante, na região de Querença), esta formação geológica é conhecida em todo o mundo devido à sua dimensão e aos diversos estudos de que tem sido alvo».

Entretanto, como o Sul Informação ontem noticiou, a Câmara de Vila do Bispo já começou a implementar as medidas de minimização que lhe foram impostas pelo ICNF.

 

Fotos: Elisabete Rodrigues|Sul Informação

 

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