Polis Sudoeste nega relação entre obras na Praia de Odeceixe e destruição do temporal

A Sociedade Polis Litoral Sudoeste negou, em declarações ao Sul Informação, uma eventual relação entre as obras que este Verão […]

Praia de Odeceixe na quarta-feira, após o temporal, com situação quase normalizada
Praia de Odeceixe na quarta-feira, após o temporal, com situação quase normalizada

A Sociedade Polis Litoral Sudoeste negou, em declarações ao Sul Informação, uma eventual relação entre as obras que este Verão decorreram na Praia de Odeceixe e o resultado dos temporais dos últimos dias no areal daquela zona balnear situada na fronteira entre os concelhos de Aljezur e de Odemira.

A Polis Sudoeste afirma «não relacionar o ocorrido com as intervenções», antes atribuindo a recente afetação de parte do areal da praia «à normal dinâmica do litoral, verificada em todo o litoral do Algarve nos últimos dia».
«Não têm qualquer fundamento as acusações de terem sido as referidas intervenções nesta praia que originaram a situação atual», reforça aquela entidade.

Na passada terça-feira, dia 27, a forte ondulação que atingiu a costa portuguesa “invadiu” a praia de Odeceixe e gerou uma onda de preocupação nas redes sociais devido a eventuais danos «irreparáveis» no areal. Mas a gravidade da situação foi desde logo negada por José Amarelinho, presidente da Câmara de Aljezur, que disse ao nosso jornal ser «uma perfeita mentira» que a praia esteja destruída. O autarca defendeu que o que se passou em Odeceixe «não é novo para ninguém», uma vez que «esta sempre foi uma praia muito exposta».

A Polis Sudoeste, em resposta às questões enviadas pelo Sul Informação, explica que «os trabalhos realizados junto à foz da Ribeira de Seixe e no areal da Praia de Odeceixe, não estando previstos no Plano Estratégico que enquadra a atividade da Sociedade Polis Litoral Sudoeste, decorreram da necessidade identificada pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), em concertação com outras entidades com jurisdição neste território, de serem realizadas intervenções, em diversos pontos do litoral do território nacional, na sequência da tempestade Hércules, em janeiro de 2014, com vista à reposição das condições previamente existentes».

Praia de Odeceixe - ontem
Praia de Odeceixe, durante o temporal de terça-feira

A intervenção na Praia de Odeceixe terá sido «motivada pelos efeitos fortemente mobilizadores/destruidores e redistribuidores de areias, relacionados com os fenómenos anormais de agitação marítima então verificados, que praticamente aplanaram o pequeno cordão dunar pré-existente e empurraram a areia removida pela ondulação para montante».

Esses efeitos da tempestade Hércules, recorda a Polis, quase reabriram «a comunicação da ribeira com o mar, no limite sul da praia», e obstruíram «a comunicação no limite norte». Por isso, «a intervenção foi, na sua essência, uma obra de emergência (embora com execução temporalmente desfasada) de reposição de condições pré-existentes aos temporais».

A Polis sublinha que as obras, feitas no início do Verão passado, e que então chegaram a ser contestadas, «consistiu na remobilização de areia acumulada na zona entre-marés da praia, para as zonas mais altas da praia», de modo a permitir que a praia poderia ser usada para os fins balneares normais, durante o Verão.

Foram também retiradas «areias acumuladas na foz da ribeira e depositadas na praia norte de Odeceixe», no lado do concelho de Odemira.

No entanto, reforça a Polis Sudoeste, «em momento algum se procedeu à retirada de areia na zona dunar», como alegam os contestatários da obra.

O “Projeto de Reforço do Sistema de Escoamento Natural da Foz da Ribeira de Odeceixe e do Sistema Dunar” foi contratado pela Sociedade Polis Litoral Sudoeste «seguindo as orientações, o programa e a coordenação da APA / ARH do Algarve». O projeto foi feito com o conhecimento e o parecer prévio de «todas as entidades com competência e jurisdição sobre o local, nomeadamente, CCDR Algarve, APA- ARH Algarve, ICNF – Departamento de Conservação da Natureza e Florestas do Algarve, Câmara Municipal de Aljezur e Capitania do Porto de Lagos». Todas essas entidade, «unanimemente, formalizaram o seu parecer favorável, sem quaisquer condicionantes» ao avanço da obra.

Porque o grosso das obras só pôde ser feito no início do Verão, e para «permitir a normal fruição balnear», duas das ações então previstas foram adiadas para o início do Inverno, «com início previsto em dezembro próximo», anunciou ainda a Polis Sudoeste na resposta enviada ao Sul Informação.

As duas obras que vão agora começar são «a implantação de paliçadas com a função de retenção de areias, que visam promover a formação de dunas, e a implantação de passadiços sobrelevados de acesso à praia, que permitirá reduzir o pisoteio da duna».

O temporal que tem estado a assolar, nos últimos dias, a costa ocidental do Alentejo e costa sul do Algarve, em marés de águas vivas, «verifica-se a inundação e varrimento completo dos areais das praias durante a preia-mar, situação comum sob estas condições de agitação marítima e mar», sublinha aquela entidade.

No caso da praia de Odeceixe, «ocorreu galgamento parcial da restinga, situação que infelizmente ocorre com frequência sob estas condições» e que aconteceu também em muitas outras praias do litoral algarvio e alentejano.

Comentários

pub