Portugal, a Europa e a Economia Azul

Está agora na moda, em toda a Europa, falar de Economia Azul. Significa isso que se pensa que, do mar, […]

elisabeteEstá agora na moda, em toda a Europa, falar de Economia Azul. Significa isso que se pensa que, do mar, podem ainda vir muitas riquezas, algumas delas pouco ou mal exploradas.

Mas a verdade é que desde há muitos, muitos milhares de anos que a Europa sempre dependeu desta Economia Azul. Quando, na Antiguidade, os fenícios e os gregos se expandiram pelo Mediterrâneo, navegando pela costa fora até locais tão longínquos como o atual litoral português e mais além, o que era isso senão procurar o desenvolvimento económico através dos recursos e das possibilidades abertas pelo mar?

Quando os Vikings, esses povos nórdicos, vieram com os seus drakars desde o Báltico, navegando pelas costas da Europa Central e do Sul, até, imagine-se, atingirem o estuário do Arade, no Algarve (há documentos da época que atestam isso), vinham saquear e pilhar, mas essa era também, na altura, uma forma de tirar partido da Economia do Mar.

Portugal, por seu lado, foi pioneiro no aproveitamento das potencialidades à escala mundial dessa Economia Azul. A sua tarefa de «dar novos mundos ao mundo», na era dos chamados Descobrimentos, mais não foi que uma forma de aproveitar as oportunidades que lhe eram oferecidas pela sua localização geográfica nesta varanda da Europa debruçada sobre o mar oceano, neste fim de mundo.

Foi pelo mar, que Portugal criou a primeira aldeia global.

O mar, desde tempos imemoriais, tem sido sobretudo considerado como uma imensa autoestrada líquida, capaz de facilitar, apesar dos perigos, as ligações com terras prometidas, mais ou menos longínquas.

Por outro lado, do mar sempre se extraiu grande parte do sustento das populações, do peixe aos mariscos, sem esquecer o sal, esse bem essencial, pelo qual se moviam exércitos.

O Algarve tem tido a sua economia, ao longo dos tempos, desde sempre ligada à pesca, à produção de sal ou de garum, esse antepassado das conservas, exportado pelos romanos para todo o império, depois à indústria conserveira, mais recentemente ao turismo de sol e praia. É o mar, mais uma vez, a marcar a economia desta região.

A Economia Azul, hoje, é isso tudo, mas é também muito mais. Além da pesca, há agora os cultivadores do mar, a ganhar cada vez mais importância, à medida que os stocks pesqueiros se vão reduzindo. Do mar vêm recursos minerais, com o petróleo e o gás natural à cabeça, mas outros poderão começar a ser explorados, com todos os impactos, positivos e negativos, que daí advirão.

No mar, há já aproveitamentos energéticos em grande escala – as eólicas que povoam, por exemplo, as costas da Dinamarca -, mas em breve se chegará a tecnologias que permitam, de forma mais eficaz, aproveitar a energia das ondas e das marés.

Enquanto a pesca entra em declínio, os antigos pescadores estão agora a reconverter-se a outras atividades, ainda assim marítimas – ao turismo ou à aquacultura.

Uma das maiores indústrias do Europa – e a de maior crescimento à escala global – é o Turismo. E o turismo no mar (cruzeiros) ou perto dele é um dos que mais cresce.

E há mais e mais atividades que surgem, sempre tendo como pano de fundo esta economia azul: da tradicional praia às atividades marítimas de recreio ou aos desportos náuticos, dos passeios à beira mar aos passeios de barco, à descoberta de baleias, golfinhos e aves marinhas, dos spas em salinas à recriação de atividades tradicionais, como a salinicultura, a pesca, a salga de peixe, ao mergulho, há todo um mundo de possibilidades a explorar.

Mas a economia do mar passa também pela investigação científica e pelas imensas possibilidades que se abrem, por exemplo, na indústria farmacêutica, cosmética e alimentar, a partir de novos produtos e compostos que vão sendo identificados nos oceanos.

Portugal, mais uma vez, pela sua localização nesta franja da Europa, é dos países que mais potencial têm para explorar tudo isto. Em Portugal faz-se muito e boa investigação. Há empresas inovadoras e gente empreendedora. Vai havendo capital para investir, embora não tanto, nem tão disponível, como seria desejável. Há também, em contrapartida, muita burocracia e demasiada regulamentação desfasada da realidade. Já está tudo – ou quase tudo – debatido, discutido, vertido em documentos estratégicos.

Por isso, não fiquemos de braços cruzados! Passemos à ação! O futuro de Portugal e da Europa também passam pelo futuro da Economia Azul!

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