É fundamental votar!

Está a aproximar-se mais um ato eleitoral. Estas Eleições Legislativas são da maior importância. Vivemos tempos muito complexos. Foram implementadas […]

Inês Morais PereiraEstá a aproximar-se mais um ato eleitoral. Estas Eleições Legislativas são da maior importância.

Vivemos tempos muito complexos. Foram implementadas medidas de austeridade duríssimas. Temos níveis de desemprego absolutamente preocupantes. As pessoas passam por grandes dificuldades.

O regime democrático também atravessa momentos muito difíceis. Estamos inseridos numa Europa cujos valores e quadro de referência de outrora há muito se desvaneceram. O afastamento e a desconfiança dos cidadãos face aos partidos e aos políticos em geral acentuam-se.

Os atos eleitorais contam com taxas de abstenção muito elevadas e os eleitos vêem a sua legitimidade posta em causa também devido a essa situação.

Grassa o descontentamento. O debate não é suficientemente profundo e os assuntos não são tratados com a transparência que seria desejável.

Como se comportarão os eleitores é a pergunta que se impõe!

O fantasma do aumento da abstenção é inquietante. Corrói o sistema democrático. Dirão alguns que é a forma que os eleitores encontram para demonstrar que não concordam nem pactuam com o estado em que vivemos e com o que se tem passado.

A mim, enquanto cidadã, preocupa-me muito que os eleitores se demitam de exercer um dos direitos mais basilares em que assenta um Estado de Direito. Não me revejo, de todo, na posição abstencionista. Há sempre alternativa. E a manifestação de vontade faz-se, no meu entender, nas urnas.

A Coligação Portugal à Frente, constituída pelos dois partidos de direita que governaram o país nos últimos quatro anos, advoga que as medidas implementadas permitirão,, a partir de agora, iniciar um processo de crescimento. Enquanto cidadã e eleitora, preocupa-me a vaguidade deste discurso. Sobretudo depois de ter assistido a tantas promessas feitas há quatro anos, as quais, além de não terem sido cumpridas, foram mesmo postas em causa, levando à implementação de medidas absolutamente contrárias ao que havia sido proposto. Careceram de legitimidade democrática, no meu entender, muitas destas medidas levadas a cabo.

O Partido Socialista apela à confiança. Será o maior partido da oposição capaz de capitalizar o descontentamento do eleitorado relativamente ao PSD e CDS? É que a desconfiança dos eleitores face a este partido do arco da governação também é notória. E a “nuvem negra” da abstenção penaliza mais a esquerda que a direita, cujo eleitorado é por norma mais fiel.

E os partidos mais à esquerda do PS conseguirão aumentar os seus scores eleitorais? O PCP terá a capacidade de congregar a insatisfação da classe trabalhadora? O Bloco de Esquerda conseguirá recuperar eleitorado, muito à conta da intervenção mediática da sua deputada Mariana Mortágua e das bandeiras que advoga?

Como reagirão os eleitores à candidatura Livre/Tempo de Avançar, que encetou em Portugal um nova forma de escolha dos candidatos e da composição do seu programa eleitoral?

Qual a expressividade de votação dos restantes partidos? Votos nulos, votos em branco, continuará a tendência para aumentarem?

Aguarda-se com expectativa o resultado eleitoral. Serão feitas análises e é muito importante retirar ilações desse resultado.

Última nota para dar conta de que me preocupa sobremaneira que não se consiga perceber, de forma concreta, as propostas que vão a votos sobre as questões que, para mim, enquanto cidadã e eleitora, são incontornáveis nos tempos que correm, nomeadamente, aquelas que dizem respeito à criação de emprego, à Escola Pública, à manutenção de um Serviço Nacional de Saúde de qualidade, à sustentabilidade da Segurança Social, ao acesso efetivo à Justiça e tantas outras que definem o tipo de sociedade em que vivemos e queremos viver.

Reitero a importância do voto nestas eleições! A escolha de cada um dos deputados que compõem a nossa Assembleia da República é um ato de cidadania.

Deixo ainda uma palavra de reconhecimento aos deputados que exerceram o seu mandato no espírito da ética republicana, cumprindo fielmente as funções que lhe foram cometidas. Os outros, aqueles que o não fizeram, não foram deputados da nação.

Representar o povo é das mais nobres missões exercidas em Democracia. Que não seja adulterada.

Aos deputados que forem eleitos, desejo que exerçam os seus mandatos em nome dos cidadãos, para os cidadãos e com os cidadãos, plasmando em cada momento da sua atuação os anseios de todos nós na construção de uma sociedade mais justa, mais igual e mais fraterna.

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