Riqueza Desprezada – 7. Aquacultura

Fomos um país pobre, um povo esforçado, que aproveitava tudo o que pudesse. As famílias colhiam frutas, pescavam, faziam suas […]

Jack SoiferFomos um país pobre, um povo esforçado, que aproveitava tudo o que pudesse. As famílias colhiam frutas, pescavam, faziam suas casas próprias, modestas, falavam-se.

A aquacultura é a produção em cativeiro de animais (p.ex. peixe, molusco, crustáceo, batráquio) ou plantas, num habitat aquático. Ela implica em propagação, manutenção e colheita em ambiente controlado. O objetivo é aumentar a produção com práticas como a alimentação artificial, a proteção contra predadores, a integração com outras espécies ou o controlo populacional. Inclui peixes tropicais e corais para fins decorativos, ostras para carne e pérolas. E crustáceos, moluscos, algas e peixes para comer.

O aumento da população exige mais proteína animal e só a pesca já não lhe dá resposta.

Portugal é dos países que mais consomem peixe não-sustentável. Ronda 60kg/hab/ano, um dos 4 maiores da Europa. A exploração dos recursos pesqueiros e a falta de uma gestão adequada obriga à preservação dos recursos, que limita a captura.

A aquacultura não substitui a captura de pescado selvagem, mas complementa-a e alivia a pressão sobre os recursos naturais do mar. Até 1998, a maior proporção foi de bivalves, p.ex. a amêijoa . Desde 1995, cresceu a produção de pescado, p.ex. de dourada e robalo e agora de corvina, pregado e linguado.

Portugal tem ótimo potencial para aquacultura; p.ex. em Vila do Conde produz-se mexilhão em 9 meses, nas Rias Bajas, Galiza/Espanha, em 18 meses. A ostra também cresce bem no estuário do Sado (8 meses). No Norte de França, Arcachon, leva 24 a 33 meses.

Está a ser testada a produção integrada de peixe (jaulas de cultura e recifes artificiais), para torná-la sustentável. Já há uns poucos mini-ensaios no Algarve/Alentejo.

A aquacultura é habitual até em países com limitadas condições. A Noruega, com gelo e frio, exporta 57% do consumo mundial, o Chile 12%. O Vietname exporta 600 milhões de euros só para a UE, às vezes com dúbia qualidade.

Se tivermos regras claras e o Instituto de Gestão dos Recursos Hídricos concessionar ao empreendedor 50 metros de frente de mar onde não haja praia turística, podemos responder a toda a procura interna (hoje importa-se metade) e ainda exportar. A produção passaria de 3 para 20 mil Ton/ano e criava 9.800 empregos com um investimento irrisório.

 

Autor: Jack Soifer é consultor internacional, autor dos livros «Empreender Turismo de Natureza», «Como Sair da Crise», «Portugal Rural», «Algarve/Alentejo – My Love» e «Portugal Pós-Troika»

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