Polícia Marítima apreende 30 armadilhas ilegais para peixes na Lagoa dos Salgados

A Polícia Marítima apreendeu este sábado, no interior da Lagoa dos Salgados, mais de 30 armadilhas ilegais para capturar enguias, […]

Parte das armadilhas ilegais apreendidas na Lagoa dos Salgados
Parte das armadilhas ilegais apreendidas na Lagoa dos Salgados

A Polícia Marítima apreendeu este sábado, no interior da Lagoa dos Salgados, mais de 30 armadilhas ilegais para capturar enguias, camarão e peixe. No interior das armadilhas – conhecidas como nassas – os agentes da PM descobriram perto de 40 quilos de enguias mortas, quase vinte cágados, sapos e uma ave (mergulhão-pequeno), também mortos, e dezenas de quilos de camarão e lagostins, na sua maioria também já mortos.

Todos os animais que foram encontrados vivos – peixes, enguias, camarões, cágados, lagostins – foram de imediato libertados das redes e devolvidos à natureza. Os responsáveis pela colocação das nassas não foram apanhados, mas a PM irá manter a zona sob vigilância mais apertada.

A existência destas armadilhas ilegais na Lagoa dos Salgados, uma zona húmida situada junto à Praia Grande, na fronteira entre os concelhos de Silves e Albufeira, foi detetada por um técnico da Agência Portuguesa do Ambiente/ARH, quando este organismo procedeu, na semana passada, à abertura controlada da lagoa para o mar.

Um mergulhão-pequeno morto pelas armadilhas ilegais
Um mergulhão-pequeno morto pelas armadilhas ilegais

«O nível das águas desceu na metade da lagoa que fica abaixo do dique e das comportas construídas recentemente, e as armadilhas, algumas delas com metros e metros de rede, acabaram por ficar à mostra, coisa que quem lá as colocou não devia estar à espera», disse ao Sul Informação o ornitólogo Rui Eufrásia, que também ajudou a detetar a situação.

A Polícia Marítima de Portimão também verificou que o cadeado do portão de acesso ao dique que atravessa a lagoa, dividindo-a ao meio, foi cortado, tendo ainda encontrado uma pequena embarcação, uma chata, escondida entre os juncos, e que deveria ser utilizada pelos pescadores furtivos. A embarcação vai também ser apreendida.

Um dos agentes da PM que participou na operação, que ocupou toda a manhã de sábado, disse ao Sul Informação que, apesar de há cerca de três meses terem já sido apreendidas algumas armadilhas naquela zona lagunar, «uma coisa com esta dimensão é inédita. Nem sabíamos que isto estava a acontecer, sobretudo porque as redes ficam submersas».

As eirozes, camarão e lagostins capturados nas armadilhas destinam-se a ser vendidos a particulares e aos restaurantes. «Um quilo de enguias é vendido a 20 euros. Só nós hoje deitámos fora uns 40 quilos delas, já mortas. Só isso é um prejuízo de 800 euros», salientou o agente da PM. «Esta gente não só captura ilegalmente, como ainda destrói tudo, até os cágados e as aves».

Rui Eufrázia, que, enquanto observador de aves, é um frequentador assíduo da Lagoa dos Salgados, diz que já tinha estranhado que, «nuns dias vinha aqui e havia um bando de 40 ou 50 flamingos, no outro dia a seguir já não havia nada». Segundo ele, a presença dos pescadores furtivos, mesmo durante a noite, perturba as aves e leva-as a procurar refúgio noutras áreas.

Cadeado cortado pelos pescadores furtivos
Cadeado cortado pelos pescadores furtivos

«Ainda recentemente, foram investidos aqui 300 mil euros, para criar melhores condições para as aves na Lagoa dos Salgados, já que esta é uma das zonas do Algarve que mais atrai observadores de aves, vindos de todo o mundo. Mas agora, com esta predação e a perturbação que é criada, corre-se o risco de o investimento não servir de grande coisa», lamentou o birdwatcher.

Segundo Rui Eufrázia, a colocação de armadilhas ilegais para apanhar sobretudo as enguias ocorre na Lagoa dos Salgados e ainda na vizinha foz da Ribeira de Alcantarilha. «Eles vêm cá fora de horas, à noite ou às primeiras horas da manhã, por isso são muito difíceis de apanhar», acrescentou.

«Destroem tudo, até as aves, que entram nestas armadilhas atrás dos peixes, acabam por ficar presas e afogar-se», salientou outro dos agentes da PM.

A apreensão das nassas ilegais será, sem dúvida, um dos motivos de conversa do grupo de cerca de 20 pessoas que este domingo vai participar numa ação de arranque de chorões, nas zonas à volta da Lagoa dos Salgados.

 

 

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