58 eventos culturais num DiVaM para mostrar raízes mediterrânicas nos monumentos do Algarve

Um total de 21 associações, que promovem 58 eventos, ao longo de dez meses. Estes são os números principais da […]

DiVaM Grupo_1Um total de 21 associações, que promovem 58 eventos, ao longo de dez meses. Estes são os números principais da segunda edição do DiVaM – Dinamização e Valorização dos Monumentos do Algarve, programa de animação cultural promovido pela Direção Regional de Cultura, nos monumentos algarvios sob a sua tutela.

O programa foi apresentado na Fortaleza de Sagres, no sábado, 21 de Março, Dia Mundial da Poesia, e por isso, depois da assinatura dos protocolos com as associações envolvidas, o palco do Auditório da Fortaleza recebeu o primeiro evento programado: «Gentes e o Algarve na escrita poética», que aliou a guitarra de João Cuña, à poesia dita por Ana Oliveira e António Gambóias, numa iniciativa da Associação Cultural Música XXI.

O objetivo principal do DiVaM, como salientou a diretora regional Alexandra Rodrigues Gonçalves, é precisamente «valorizar a cultura e os monumentos do Algarve», promovendo um programa de animação com iniciativas para todos os gostos, idades e nacionalidades, que passa pela música, poesia, artes performativas, dança, cinema, teatro, gastronomia, exposições, contos, provérbios, ateliês, recriações históricas, visitas comentadas, viagens no tempo, e até por um encontro de bicicletas antigas e outro de urban sketchers.

Com uma programação estruturada em ciclos temáticos, a grande novidade deste ano é o ciclo «DiVaM para + e – pequenos», que Alexandra Gonçalves espera que venha a «ganhar mais corpo no futuro».

DiVaM_Alexandra_1Trata-se de «atividades com os mais e menos pequenos», que pretendem «chamar os idosos para atividades nos nossos monumentos, mas sobretudo trazer as famílias a revisitar o património, para desenvolver uma atividade que implicitamente acaba por levá-las a uma nova descoberta do lugar».

É que, explicou a diretora regional de Cultura, «visitamos o património de proximidade poucas vezes na vida, porque se considera que, com duas ou três visitas, a não ser que haja um novo motivo de atração, está visto. Já se viu, já se percebeu a importância histórica, o que é que tem de excecional».

Por isso, sublinhou, «se não criarmos outras formas de atração, o património cai no esquecimento. O que queremos com este ciclo é revitalizar a visita ao património através de atividades com as famílias». Até porque um dos grandes objetivos do DiVaM, esclareceu, é «envolver a comunidade com os seus monumentos».

Alexandra Gonçalves: «Se não criarmos outras formas de atração, o património cai no esquecimento. O que queremos com este ciclo é revitalizar a visita ao património através de atividades com as famílias»

A questão é que, dos mais de 300 mil visitantes que os monumentos algarvios sob tutela da Direção Regional de Cultura receberam em 2014, 80% são estrangeiros. «Precisamos de envolver mais as comunidades locais, de voltar a trazer as comunidades aos monumentos».

Este que se pretende que seja um DiVaM confortável, a convidar para desfrutar da cultura e do património, estará montado, ao longo de dez meses, entre Março e Dezembro, em sete dos oito monumentos tutelados pela Direção Regional de Cultura. Só ficam de fora as ruínas romanas da Abicada (Portimão) que, neste momento, admitiu Alexandra Gonçalves, «não têm condições para receber atividades»…nem sequer visitas.

Tendo em conta que o programa teve de se adaptar às «condições físicas e funcionais de cada monumento», para o Castelo de Paderne (Albufeira), onde não há água, nem eletricidade, só está previsto um evento. Serão as visitas orientadas previstas no âmbito do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, ao longo de cinco dias de Abril (18 a 22).

DiVaM_apresentacao_1De resto, em termos de número de eventos, os recordistas são a Fortaleza de Sagres e a Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe, ambos no concelho de Vila do Bispo e com 20 atividades programadas. As Ruínas Romanas de Milreu (Estoi, Faro) terão cinco, os Monumentos Megalíticos de Alcalar (Portimão) terão quatro, tantos quantos receberão os castelos de Aljezur e de Loulé.

E porque é que a Fortaleza de Sagres, depois de ter sido escolhida para a apresentação do DiVaM, é também o monumento que mais eventos irá receber, a par da vizinha Ermida de Guadalupe?

«Queremos chamar a atenção para Sagres, este lugar que é mítico, que representa muito para a história da Humanidade, Portuguesa, dos Descobrimentos e da Europa. Por isso, elegemos este local, que tem condições maravilhosas, apesar do dia chuvoso, para reunir aqui as associações e apresentar o programa», explicou a diretora regional.

Mas Alexandra Gonçalves confessou que a «esperança» de que o Promontório de Sagres venha a ser considerado como “Marca do Património Europeu 2015” também esteve na base da escolha deste local para a apresentação.

Com sete ciclos temáticos em sete monumentos, o mote comum é «Património Imaterial e Raízes Mediterrânicas», tendo como base a marca «Bons Momentos» nos Monumentos do Algarve.

Alexandra Gonçalves: «As nossas raízes mediterrânicas não são evidentes, temos de mostrar às pessoas onde é que elas permanecem na cultura e no dia a dia»

«Todos os eventos que estão na base da estruturação do programa tiveram que ter a preocupação de espelhar, de alguma forma, essas raízes mediterrânicas, uns de forma mais explícita, outros mais implícita», adiantou Alexandra Gonçalves, acrescentando que «as nossas raízes mediterrânicas não são evidentes, temos de mostrar às pessoas onde é que elas permanecem na cultura e no dia a dia».

Os ciclos temáticos denominam-se «Patri Per Form», uma «área forte dedicada às artes performativas», com oito eventos, as «Jornadas de Porta Aberta da Cultura, para assinalar o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios (13 eventos), o «DiVaM ao ar livre», congregando «património cultural e património natural e paisagem, levando as pessoas que amam o contacto com a natureza a também ter um contacto com a cultura» (quatro), «Ciclo 2 ou 3×7 Artes Visuais», «com várias exposições arte contemporânea a envolver-se com o património monumental», já que «são fundamentais estes cruzamentos disciplinares», a «Música no DiVaM», que é «a atividade que reúne mais público e mais participantes» e integra quatro ciclos de música, «que já se organizam há alguns anos, mas desta vez com um ciclo dedicado às raízes mediterrânicas» (15 concertos) e as Jornadas Europeias do Património (oito iniciativas). E há ainda, como já se falou, o ciclo «DiVaM para + e – pequenos» (10 eventos).

Toda esta intensa programação cultural nos monumentos do Algarve será assegurada com financiamento garantido pela Direção Regional de Cultura, por 21 associações culturais da região: Grupo de Amigos do Museu de Portimão, Academia de Música de Lagos, Amarelarte – Associação Cultural e Recreativa, Associação Amigos de Música – In Life, Associação Recreativa e Cultural de Músicos, LAC –  Laboratório de Artes Criativas, Música XXI – Associação Cultural, Rizoma Lab, Sociedade Musical e Recreio Popular de Paderne, TEL – Teatro Experimental de Lagos, Corpo de Hoje –  Associação Cultural, Partilha Alternativa Associação, Tertúlia – Associação Sócio-Cultural de Aljezur, Academia de Música de Tavira, Ao Luar Teatro, Associação Internacional de Paremiologia, Grupo Coral da Universidade do Algarve, Projeto Novas Descobertas, Orquestra Clássica do Sul e a APOM.

«Gentes e o Algarve na escrita poética», com João Cuña (guitarra), Ana Oliveira e António Gambóias (Associação Cultural Música XXI)
«Gentes e o Algarve na escrita poética», com João Cuña (guitarra), Ana Oliveira e António Gambóias (Associação Cultural Música XXI)

O DiVaM conta ainda com o apoio das Câmaras Municipais de Albufeira, Aljezur, Faro, Loulé, Portimão e Vila do Bispo, bem como do Museu Municipal de Arqueologia de Albufeira e do Museu de Portimão. O Sul Informação e a RUA FM são os media partners da iniciativa.

Para concluir, a diretora regional de Cultura sublinhou que a «simbiose» entre cultura, monumentos e animação é «fundamental». «Temos de passar a mensagem a um número crescente de pessoas. Enquanto as pessoas não valorizarem o nosso património e cultura, dificilmente lhe vão dar importância. Se não perceberem o que está envolvido, se não viverem outras experiências diferentes das tradicionais associadas ao ganho de conhecimento, não valorizam aquilo a que estão a assistir». E este DiVaM, se é para os turistas se reclinarem a apreciar as raízes mediterrânicas do Algarve nas suas diversas formas, é também para acolher os próprios algarvios.

Alexandra Gonçalves: «Enquanto as pessoas não valorizarem o nosso património e cultura, dificilmente lhe vão dar importância»

Já agora: a próxima atividade está prevista para domingo, 29 de Março, às 16h30, também na Fortaleza de Sagres. Será a apresentação teatral «Frente a Frente», com Ana Oliveira e António Gambóias (Associação Cultural Música XXI).

Depois deste arranque oficial, será a partir de 18 de Abril, no âmbito das Jornadas de Porta Aberta da Cultura, que surgirá novo ciclo de eventos um pouco por toda a região.

Todos os espetáculos têm entrada livre, mediante o pagamento da entrada nos monumentos que tiverem acesso pago.

 

Clique aqui para conhecer toda a programação (folheto em PDF)

 

 

 

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