Chumbo da Câmara de Faro não trava projeto do IKEA em Loulé

A decisão dos vereadores da oposição na Câmara de Faro de chumbar uma licença de obras ao IKEA não vai […]

ikea 2A decisão dos vereadores da oposição na Câmara de Faro de chumbar uma licença de obras ao IKEA não vai parar o projeto, apurou o Sul Informação.

A votação na Câmara de Faro inviabilizou apenas a construção de um acesso à futura zona comercial, no sentido Faro-Loulé, e não deverá ter qualquer influência na implantação de uma loja da marca sueca e de uma área comercial de grandes dimensões (três vezes superior ao Fórum Algarve, em Faro), no concelho vizinho.

Contactado pelo Sul Informação, Rogério Bacalhau, presidente da Câmara de Faro, explicou que «a proposta de construção de acesso ao IKEA foi chumbada, o que significa que o acesso não pode ser construído. Seria um acesso no sentido Faro-Loulé, e, não podendo avançar, acaba por criar constrangimentos».

Entretanto, «haverá outras» alternativas para a construção do troço,  «mas não tão boas como esta». «Nesta altura, temos de aguardar e ver a melhor forma de resolver esta questão», disse.

O autarca lembra que, devido à construção do IKEA, em particular deste acesso, «houve investimentos em terrenos situados no município de Faro e agora, na fase final do processo, a oposição votou contra».

A proposta acabou por não passar já que a coligação PSD/CDS-PP no poder não tem maioria neste órgão, nem na Assembleia Municipal. Os votos contra do PS e do PCP – que têm cinco vereadores, quando a coligação de direita tem apenas quatro – determinaram que o pedido de licenciamento da obra não passasse.

Paulo Neves: “Não vamos votar contra só por birra, apesar de, politicamente, não concordarmos com o empreendimento”

O presidente da Câmara de Faro considerou que a decisão dos vereadores do PS e do PCP «é uma decisão política» devido aos processos que estão a correr em tribunal. «Esta votação não coloca em causa a construção do empreendimento, apenas a deste acesso», assegurou.

O vereador do PS Paulo Neves admite que há uma dimensão política no voto contra, já que os socialistas farenses nunca esconderam ser contra o avanço do projeto, dada a «brutalidade» de lojas que tem previstas. «Não se trata de construir um IKEA. Uma loja dessa ocupa, no máximo, 30 mil metros quadrados. O empreendimento previsto tem 126 mil metros quadrados e prevê, além do IKEA, mais de 300 lojas e três stands alone», defendeu.

Também assume que o voto contra foi, em parte, motivado pelo facto de ainda estarem a correr, em tribunal, diversos processos, que pretendem parar a construção do empreendimento, entre os quais uma Providência Cautelar. «Não me parece que, nestas condições, a Câmara de Faro deva licenciar qualquer obra. Devia esperar, pelo menos, pela decisão da Providência Cautelar, que deverá sair num curto espaço de tempo, pela sua natureza», considerou Paulo Neves.

Tribunais à parte, há outras «reticências» de teor técnico da parte da oposição, em relação ao pedido de licenciamento. Paulo Neves coloca em causa, por um lado, a própria Declaração de Impacto Ambiental do projeto, que já recebeu luz verde do Ministério do Ambiente.

Lotes do complexo comercial do IKEAPara o vereador socialista da Câmara de Faro, o estudo em que a declaração se baseou não contempla «os impactos socio-económicos para o concelho de Faro e eventuais medidas para os mitigar».

Por outro lado, há questões de ordenamento do território, já que, para o PS, a obra em causa «não cumpre o que está determinado no Plano Diretor Municipal».

Duas questões que foram levantadas pela oposição e às quais, considera Paulo Neves, «não foram dados esclarecimentos satisfatórios».

Da parte do PS, chega a garantia que, a partir do momento em que forem dissipadas todas as dúvidas, de âmbito legal e técnico, o pedido de licenciamento não será inviabilizado pelos socialistas.

«Não vamos votar contra só por birra, apesar de, politicamente, não concordarmos com o empreendimento», assegurou Paulo Neves.

 

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