Enquanto cá em baixo perto de 400 pessoas protestavam, por vezes ruidosamente, contra a nova taxa de Proteção Civil criada pela Câmara de Portimão, lá em cima, no salão nobre, decorria uma agitada reunião de câmara pública, com intervenções da presidente Isilda Gomes, de munícipes que se inscreveram para falar, à mistura com gritos e apupos.
Na manifestação que decorreu no largo frente aos Paços de Concelho, o que mais se via era cabeças grisalhas. Com o protesto marcado para as 15h00, a mesma hora do início da reunião de câmara, muita gente estava a trabalhar e, por isso, a maioria dos participantes eram reformados, idosos e desempregados.
Aliás, esta foi uma das questões mais faladas pelos manifestantes: «Tenho uma reforma tão baixinha que já tive de cortar nos medicamentos. Agora tenho mais de 20 euros para pagar. Para mim é muito. Sei que a casa é minha, mas já pago o IMI. O que querem que eu faça? Que coma as portas e as janelas?», reclamava Maria Conceição Martins, viúva e reformada, de 83 anos.
«Eu e a minha mulher estamos desempregados. O que ainda vamos recebendo de subsídio de desemprego mal dá para pagar as contas, o empréstimo da casa e para comer, mal e porcamente. Tenho que ir pedir emprestado à família para pagar os 18 euros que me querem cobrar…», dizia, com a voz embargada, um desempregado.
No protesto, que juntou gente vinda de todo o concelho de Portimão, viram-se poucos cartazes, mas muitos gritos, alguns gestos obscenos de desagrado, apitos. Houve quem recuperasse o velho slogan «Não Pagamos! Não Pagamos!», assim como muitos gritaram «Gatunos!».
Porque grande parte dos manifestantes eram idosos, havia quem tivesse levado a cadeira de praia para se sentar, enquanto um senhor tocava castanholas com um gravador a debitar música ao peito e outros passeavam os cães e os netos.
Fotos: Elisabete Rodrigues / Sul Informação
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