Será a Declaração Universal dos Direitos do Homem um texto «perigosamente revolucionário?

«À luz dos tempos em que vivemos, o texto da Declaração pode ser encarado como “perigosamente revolucionário”, dada a veemência […]

António Branco_nova«À luz dos tempos em que vivemos, o texto da Declaração pode ser encarado como “perigosamente revolucionário”, dada a veemência com que nela são proclamados direitos que não só, ao longo de seis décadas, nunca foram generalizados a todos os povos, incluindo os europeus, como atualmente estão em franca deterioração na maior parte dos países europeus, com efeitos mais devastadores nos países intervencionados, como Portugal».

Este podia ser o mote da conferência “A Declaração Universal dos Direitos do Homem: um Texto Revolucionário?” que António Branco, reitor da Universidade do Algarve, vai proferir esta quinta-feira, 25 de setembro, às 21h30, no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Loulé, no âmbito da iniciativa “Horizontes do Futuro”, Ciclo “Antes e Depois. Para Amanhã”.

«Há uns tempos, a propósito de um texto que estava a escrever, resolvi consultar a Declaração Universal dos Direitos do Homem, proclamada no dia 10 de dezembro de 1948 pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas. Essa Carta de Princípios foi, como se sabe, uma resposta internacional às atrocidades cometidas durante a Segunda Guerra Mundial, através da qual os representantes das várias nações quiseram estabelecer um conjunto de princípios inamovíveis de uma conceção de civilização que tem em vista a construção de um mundo cada vez mais justo, baseado no respeito por direitos básicos reconhecidos a todos os seres humanos. Esperar-se-ia que, pelo menos na Europa e mais de sessenta anos depois, muitos dos artigos dessa Declaração nos parecessem anacrónicos, por já termos civilizacionalmente superado as carências sociais, económicas e culturais mais básicas cuja existência estiveram na base da sua redação. Para minha surpresa, pelo contrário, uma leitura atenta desse documento revela que, à luz dos tempos em que vivemos, o texto da Declaração pode ser encarado como «perigosamente revolucionário», dada a veemência com que nela são proclamados direitos que não só, ao longo dessas seis décadas, nunca foram generalizados a todos os povos, incluindo os europeus, como atualmente estão em franca deterioração na maior parte dos países europeus, com efeitos mais devastadores nos países intervencionados, como Portugal. A partir da leitura e análise de alguns desses artigos fundamentais, apresentarei a minha visão sobre os tempos sombrios que vivemos, dando particular relevo às áreas em que tenho exercido a minha atividade profissional», diz António Branco, resumindo a conferência a apresentar.

António Branco nasceu em Malange (Angola), a 16 de janeiro de 1961. Entre 1979 e 1983, foi ator no Teatro do Mundo (em Lisboa). Em 1989, licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Depois de ter exercido a profissão de professor de Português e de Francês no 3º ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário, entre 1984 e 1990, e de ter sido assistente estagiário no Departamento de Estudos Portugueses da Universidade da Ásia Oriental (Macau, 1990-1991), começou, em setembro de 1991, a dar aulas na Universidade do Algarve como assistente convidado, na área de Estudos Literários.

Em janeiro de 1999, doutorou-se em Literatura (Literatura Portuguesa Medieval) pela Universidade do Algarve, tendo passado em consequência disso a professor auxiliar da Unidade de Ciências Exatas e Humanas.

Foi, desde 2003, professor associado em Didáticas das Línguas e das Literaturas da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, tendo aí realizado a sua agregação em Comunicação, Cultura e Artes, em junho de 2012, mais precisamente na área do Teatro. É Reitor da Universidade do Algarve desde dezembro de 2013.

Esta conferência e o ciclo “Antes e Depois. Para Amanhã” têm o cunho da Comissão Concelhia do 25 de Abril. A entrada é livre.

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