Feira Medieval de Silves tem mais animação, mais tabernas e mais expositores

Mais grupos de animação, num total de 17, com 60 atuações diárias, mais associações locais, duas sessões diárias do torneio […]

feira medieval_3Mais grupos de animação, num total de 17, com 60 atuações diárias, mais associações locais, duas sessões diárias do torneio com cavalos, um espetáculo no castelo todos os dias, 50 tabernas, 148 expositores, 950 fatos de época para vestir, 30 voluntários.

Estes são apenas alguns dos números da 11ª edição da Feira Medieval de Silves, que começa amanhã, 8 de Agosto, e se prolonga até dia 17, levando os visitantes de volta aos séculos XII e XIII.

Rosa Palma, presidente da Câmara de Silves, como é já tradição entre os autarcas silvenses, integrará amanhã o cortejo inicial da feira, que recria um episódio da história da cidade remontando a 1191, quando, depois de um período de domínio cristão após a primeira reconquista, o governo da importante urbe é entregue a Ibne Uazir.

«Esta feira é uma das formas de valorizar o património de Silves, mas teremos de criar mais dinâmicas, para recriar outros episódios da nossa história», salientou Rosa Palma, em entrevista à Rádio Universitária do Algarve (RUA FM).

Participar nesta feira é como «entrar num portal do tempo», até porque, como sublinhou Helder Nogueira, da organização do certame, «a Feira Medieval de Silves só faz sentido existir porque temos esta história e este território».

E será assim que, rua acima, rua abaixo, entre as margens do Rio Arade, passando pela porta da Almedina e subindo até ao castelo, Silves vai viver, durante 10 dias, histórias que contam «A Última Conquista», por entre aromas, sons, sabores e cenários, que fazem recuar os visitantes numa viagem de séculos.

Nesta edição, será feita uma viagem pela história dos episódios mais marcantes que levaram à conquista definitiva da cidade pelos cristãos, em 1253, escrita com cercos, batalhas, saques, derrotas e glórias.

Entre as 18h00 e a 01h00, os visitantes terão oportunidade de viver aventuras únicas, experiências memoráveis que os farão regressar a outras épocas, aos tempos áureos em que Silves era a capital do Al-Gharb.

E tudo isto com a possibilidade de conhecer também os monumentos, como o Castelo de Silves, o Museu Municipal de Arqueologia e a Igreja da Misericórdia, já que estes espaços estarão abertos ao público no horário de funcionamento da feira.

 

feira medieval_2Mais um pouco de História: a Última Conquista (1191 – 1253)

Corria o ano de 1198 e a população de Silves recuperava calmamente das destruições provocadas pelo anterior cerco e conquista da cidade pelos Almóadas, em 1191.

Empreendiam-se trabalhos de reconstrução dos muros danificados, construíam-se depósitos de água e silos de aprovisionamento, quando um contingente de tropas de Cruzados assedia novamente a cidade.

Tinham sido instigados pelo Bispo de Lisboa a conquistar Silves e a entregá-la ao Rei português, D. Sancho I. A investida de catapultas e setas incendiárias, de dia e de noite, foi poderosa e devastadora, tendo os Cruzados tomado a cidade e levado consigo os despojos do saque, deixando a urbe entregue aos muçulmanos.

As notícias que chegavam a Silves não eram abonatórias para a paz com os cristãos. Em 1217, D. Afonso II, com apoio da Quinta Cruzada, inflige uma pesada derrota aos muçulmanos na praça de al-Qasr – Alcácer do Sal, conquistando-a definitivamente para o domínio cristão, que confirma a sua posse à Ordem de Santiago.

D. Paio Peres Correia toma em 1239 as praças de Cacela, Tavira, Alvor e, mais tarde, em 1248, apossa-se ardilosamente das fortificações de Estômbar e Paderne, provocando o desgoverno do Vali de Silves, Aben-Afan.

Em 1249, a notícia da capitulação daquelas importantes fortificações provoca a reação do governo da cidade de Silves, que acorre a reconquistar as praças então ocupadas pelos cristãos.

A reação revela-se determinante para os destinos de Silves. Com as defesas da cidade fragilizadas, a investida de D. Paio Peres Correia é bem-sucedida.

Aben-Afan apercebe-se do golpe, ao retornar à cidade e investe sobre as várias entradas, mas em vão.

Na sua fuga, segundo refere a lenda, tenta atravessar com o seu cavalo um profundo pego do Rio Arade e afoga-se. A população, em sua memória, batizou o local com o nome de “Pego do Pulo” ou de Aben-Afan.

D. Paio Peres Correia entrega as terras do Algarve a Afonso X de Castela e Leão, no ano de 1253, que nomeia D. Roberto como Bispo de Silves, sob os protestos de D. Afonso III, que reclama ser o legítimo soberano daqueles territórios. Está, assim, encetada a contenda da possessão das terras do Algarve.

 

feira medieval_1Dez dias para contar a história d“A Última Conquista”

Dia 1 (8 de Agosto) – 1191 – Final do cerco a Silves e entrega do seu governo a Ibne Uazir
A população da cidade de Silves agoniza pelo cerco imposto à cidade pelas tropas de Ibne Uazir e Iacube Almançor.
D. Rodrigo Sanches testemunha o tormento das suas tropas e das gentes da urbe, que não têm mais como resistir e entrega o governo da cidade aos muçulmanos.
A deposição das armas acontece nas portas da cidade com a saída das tropas cristãs em fila, ladeados pelos muçulmanos em júbilo.

Dia 2 (9 de Agosto) – 1198 – Cerco e assalto a Silves pelos cavaleiros Cruzados
Uma frota de cavaleiros Cruzados, de passagem para a Terra Santa, aporta a Lisboa para abastecimento. O Bispo de Lisboa oportunamente exorta os Cruzados a saquear a cidade de Silves.
Os cavaleiros, com maquinaria pesada, torres de assalto, catapultas e bestas incendiárias, realizam um assalto contínuo durante três dias à cidade.
A medina é reduzida a ruínas, as portas são abertas e permitem a entrada dos Cruzados, que saqueiam e molestam a população, acabando por abandonar a urbe e prosseguir o seu caminho.

Dia 3 (10 de Agosto) – 1199 – Morte de Iacube Almançor. Advento de Mohâmede Anácir
A campanha empreendida por Iacube Almançor ao Al-Andalus foi um êxito, as fronteiras muçulmanas estavam novamente no rio Tejo.
No regresso a casa, Almançor não resiste à exigência da campanha e morre. A notícia rapidamente chega aos locais mais distantes.
São realizadas cerimónias fúnebres e vigílias para conhecer o seu sucessor. É aclamado seu filho, Mohâmede Anácir.

feira medieval_4Dia 4 (11 de Agosto) – 1217 – Silves perde a sua defesa mais avançada, Alcácer do Sal cai em poder dos cristãos
O fraco governo de Mohâmede Anácir faz eclodir revoltas entre as tribos árabes. Os Almorávidas empreendem ataques por todo o Norte de África.
Os cristãos apercebem-se das divergências internas dos muçulmanos e do enfraquecimento dos Almóadas.
D. Afonso II conquista a praça de Alcácer do Sal. A notícia rapidamente chega a Silves, mas as divergências entre os guerreiros muçulmanos impedem o desencadear de uma resposta.

Dia 5 (12 de Agosto) – 1224 – Os Terceiros Reinos Taifas
As tribos muçulmanas, Almorávidas e Almóadas, consomem-se em conflitos internos. O Al-Andaluz divide-se novamente em pequenos reinos independentes, as Taifas. Silves passa a integrar o governo de Niebla.
D. Sancho II, informado das divisões muçulmanas, incita as suas tropas à conquista das praças de Beja e Aljustrel.
Este avanço alerta o governador da cidade de Silves que pressiona o seu suserano, na tentativa de empreender uma confrontação ao avanço dos cristãos.

Dia 6 (13 de Agosto) – 1238 – O acordo entre Aben-Afan e D. Paio Peres Correia
D. Fernando III de Leão e Castela exorta D. Paio Peres Correia a conquistar as praças do extremo sul do Al-Andaluz.
D. Paio Peres Correia, conhecedor das práticas muçulmanas, organiza um assalto às praças de Alvôr e Estômbar que se rendem sem grande resistência. Aben-Afan propõe tréguas a D. Paio Peres Correia e estabelecem um acordo.
Aben-Afan cede a praça de Cacela a D. Paio Peres Correia e este entrega Alvôr e Estômbar ao Vali de Silves.

Dia 7 (14 de Agosto) – 1239 – D. Paio Peres Correia conquista as praças de Tavira e Alvor
Cavaleiros cristãos são atacados por muçulmanos de Tavira. D. Paio Peres Correia sai em auxílio dos seus cavaleiros e submete essa praça.
Após aquela conquista, D. Paio Peres Correia desloca-se com um pequeno contingente de cavaleiros e apodera-se novamente do castelo de Alvôr.

Dia 8 (15 de Agosto) – 1242 – D. Fernando III de Castela e Leão, concede o título de Grão-Mestre de Cavalaria da Ordem de Santiago a D. Paio Peres Correia
D. Fernando III de Leão e Castela concede o título de Grão-Mestre de Cavalaria da Ordem de Santiago a D. Paio Peres Correia pela sua bravura e conquistas das praças do Algarve.
Já intitulado Grão-Mestre de Cavalaria da Ordem de Santiago, regressa às terras do Algarve e prepara as praças recém-conquistadas e as suas tropas para uma ofensiva derradeira às fortalezas que se encontram na posse dos infiéis.

Dia 9 (16 de Agosto) – 1248 – As praças de Estômbar e Paderne capitulam ao Grão-Mestre D. Paio Peres Correia
Na senda de ocupação cristã em torno da medina de Silves, o Grão-Mestre D. Paio Peres Correia, ocupa ardilosamente e sem grande resistência dos seus defensores as fortificações de Estômbar e Paderne.
O governo muçulmano da cidade de Silves reage violentamente e prepara-se para ripostar à ofensa cometida pelos cristãos.

Dia 10 (17 de Agosto) – 1249 – A tomada de Silves pelo Grão-Mestre D. Paio Peres Correia
Aben-Afan reúne as suas tropas em Silves e ordena a reconquista das praças de Estômbar e Paderne.
O Grão-Mestre D. Paio Peres Correia ordena o ataque às portas da cidade de Silves. A medina, mal defendida, com as portas guarnecidas de poucos soldados, é tomada pelo Grão-Mestre, sem grande resistência.
Aben-Afan tenta desesperadamente entrar na cidade e encontra todas as portas muito bem providas de soldados cristãos, pratica então um ataque à porta da Azóia onde é repelido violentamente. Na sua fuga, segundo refere a lenda, tenta atravessar com o seu cavalo um profundo pego do Rio Arade e afoga-se. A população em sua memória batizou o local com o nome de “Pego do Pulo ou de Aben-Afan”.

Dia 10 (17 de Agosto) – 1253 – Afonso X de Castela e Leão nomeia Frei Roberto para Bispo de Silves e do Algarve
A deposição das armas muçulmanas da cidade de Santa Maria de Faro, em 1249, a D. Afonso III, põe fim à conquista cristã do Algarve.
O Grão-Mestre D. Paio Peres Correia entrega a posse das praças-fortes ao Rei Afonso X de Leão e Castela, o Sábio.
O monarca castelhano ordena Frei Roberto como Bispo de Silves e do Algarve. D. Afonso III, Rei de Portugal, reclama da nomeação do Bispo e a posse dos territórios do Algarve.
Está aberta, assim, a contenda sobre a suserania daqueles territórios.

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