Exposição «Pioneiros do Conhecimento Cientifico no Algarve» visita Silves

O Museu Municipal de Arqueologia de Silves acolhe entre 6 de junho e 15 de julho a exposição itinerante «Pioneiros […]

O Museu Municipal de Arqueologia de Silves acolhe entre 6 de junho e 15 de julho a exposição itinerante «Pioneiros do Conhecimento Cientifico no Algarve». A mostra resulta de um projeto da Rede de Museus do Algarve (RMA) e incide sobre a geração de personalidades que procuraram esclarecer e fundamentar os contornos da identidade do país, através do estudo da história e da cultura popular, e mais concretamente na região algarvia.

Produzida conjuntamente por instituições pertencentes à RMA, aqui serão retratadas não só 11 figuras que, desde os finais do século XVIII até ao século XX, deixaram legados relevantes para o conhecimento científico sobre esta região e procuraram esclarecer e fundamentar os contornos da identidade do país, através do estudo da paisagem social, cultural e popular do Algarve, mas também as representações do Algarve nos discursos da etnografia, arqueologia e história local, nos séc. XIX e XX.

José Leite Vasconcelos, Estácio da Veiga, Santos Rocha, José Formosinho, Pe. Nunes da Glória, Ataíde de Oliveira e João Grade Cabrita Santos (Museus de Portimão, Albufeira, Silves, Loulé e Município de Lagoa), Sande Vasconcelos e Estácio da Veiga (Museu de Tavira) e Pe. Manuel Madeira Clemente (Município de Vila do Bispo), são as personalidades retratadas nesta exposição.

Tendo em conta que Francisco Xavier Ataíde Oliveira, um figura pioneira da cultura algarvia, era natural do concelho de Silves, esta é a personalidade, de entre as focadas na exposição, destacada pela Câmara silvense.

A RMA é uma estrutura informal constituída por museus integrados na Rede Portuguesa de Museus, museus municipais (entre os quais o Museu Municipal de Arqueologia de Silves) e entidades museológicas do Estado Português e privadas, tendo em vista a cooperação e parceria entre instituições museológicas. Esta exposição surge após a itinerância do projeto “Algarve – Do Reino à Região”, também resultado da união de esforços entre os museus algarvios.

 

Sobre Francisco Xavier Ataíde Oliveira:

Francisco Xavier Ataíde Oliveira (n. Algoz 1842, f. Loulé 1915) originário de uma família de pequenos proprietários agrícolas, formou-se na Universidade de Coimbra em Direito (1874) e Teologia (1875). Regressado ao Algarve tem um papel fundamental no desenvolvimento da comunicação social e da investigação histórica e etnográfica da região. Fundou o primeiro jornal de Loulé “O Algarvio”, em 1889, com o objetivo de ser “imparcial e intransigente”.

Primeiro monografista algarvio
Percorrendo o Algarve, Ataíde Oliveira redigiu um conjunto de monografias importantes para a construção da história regional. Entre 1905 e 1914 são publicadas as monografias de Algoz, Loulé, Olhão, Alvor, Vila Real de Santo António, S. Bartolomeu de Messines, Paderne, Estômbar, Porches, Luz de Tavira e Estoi.

A sabedoria algarvia – uma ponte entre dois credos e duas culturas
Da convivência em Coimbra com Teófilo Braga, nos anos 70 do século XIX, fica-lhe o interesse pelo património oral. Regressado ao Algarve (1875) dedica-se, entre outras atividades, à recolha das lendas, romances e canções algarvias. Destaca-se a publicação de As Mouras Encantadas e os Encantos do Algarve (1898) e Romanceiro e Cancioneiro do Algarve – Lição de Loulé (1905). Tendo sido pioneiro na recolha e na edição deste património imaterial que testemunha o entrelaçar das culturas árabe e portuguesa, hoje dá nome ao Centro de Estudos de Património Oral da Universidade do Algarve.

O passado das gentes algarvias
Os testemunhos de um passado longínquo foram também uma das suas paixões. Ataíde Oliveira foi membro do Instituto Arqueológico do Algarve, fundado por Estácio da Veiga. Colaborou com José Leite de Vasconcelos, que estava a consolidar o novo Museu Nacional de Etnologia e Etnografia (actual Museu Nacional de Arqueologia), na recolha e entrega de artefactos ligados a várias civilizações que povoaram o território algarvio, entre elas a islâmica.

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